Alessandra Cabral/CPB
Por: Cleberson Santos
Notícia
Publicado em 27.08.2024 | 16:53 | Alterado em 28.08.2024 | 12:31
Para quem estava com saudade de acompanhar um dia todo de competições e vibrar com os atletas brasileiros, os Jogos Paralímpicos Paris 2024 começam nesta quarta-feira (28) para mais duas semanas de muita torcida e muita medalha.
Isso porque o Brasil pode ser considerado uma potência no esporte paralímpico (voltado para atletas com algum tipo de deficiência). Em Tóquio 2020, a delegação brasileira ficou em sétimo lugar no quadro de medalhas, com 22 ouros e um total de 72 pódios.
Para Paris, o Brasil será representado por 280 atletas em 20 modalidades, sendo 255 esportistas com deficiência, e 25 que não possuem deficiência, mas que auxiliam os competidores. É o caso dos atletas-guia do atletismo ou dos goleiros do futebol de cegos.
De acordo com o Guia de Imprensa publicado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, São Paulo é o estado com o maior número de atletas nesta delegação, sendo 71 no total. Quase metade deles,35, são nascidos em cidades da Grande São Paulo.
Contudo, vários outros atletas paralímpicos vêm para São Paulo por conta do Centro de Treinamento Paralímpico, instalado na Rodovia dos Imigrantes desde 2016, sendo uma das obras para a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro.
Destes 35, seis já conhecem a sensação de ser medalhista paralímpico. É o caso de Alessandro Rodrigo da Silva, de Santo André, no ABC Paulista. Ele é bicampeão no lançamento de disco, conquistando a medalha de ouro na Rio 2016 e Tóquio 2020. Também é o atual campeão pan-americano e mundial desta prova.
O atletismo é a modalidade com mais atletas vindos da Grande SP. São oito competidores, além de cinco atletas guia.
Outra medalhista paralímpica do ABC Paulista é Evelyn Vieira de Oliveira, atleta da bocha. Nascida em Mauá, mas moradora de Suzano há 24 anos, ela foi medalha de ouro no Rio de Janeiro.
Evelyn possui uma doença congênita chamada atrofia muscular espinhal, não tendo os movimentos dos membros inferiores, e com comprometimento de força nos movimentos dos membros superiores. Ela foi apresentada ao esporte por meio de uma professora que a viu num shopping e a convidou a participar das atividades do SESI de Suzano.
A cidade de Suzano é referência em outra modalidade paralímpica, o vôlei sentado. O time feminino da cidade venceu em junho o campeonato brasileiro pela 18ª vez e possui seis atletas na seleção que competirá em Paris, além de outros cinco no na seleção masculina.
Gizele Dias, de Mogi das Cruzes, disputará a Paralimpíada pela quarta vez. Em 2021, após o bronze em Tóquio, ela compartilhou com a Agência Mural sobre o desejo de competir novamente, agora aos 46 anos. “Enquanto eu conseguir identificar que tenho saúde física, saúde mental e que consigo ajudar as minhas companheiras em quadra, eu pretendo sim”.
Representando a região oeste da Grande São Paulo, Cláudia Cícero dos Santos, de Carapicuíba, competirá pelo remo. Assim como Gizele, Cláudia é uma veterana no esporte paralímpico, e competirá em Paris aos 47 anos.
Cláudia precisou amputar a perna direita aos 23 anos após ser atropelada na Rodovia Raposo Tavares, voltando do trabalho. Aos 28, conheceu a natação e depois migrou para o remo, sendo campeã mundial com apenas oito meses de treino na modalidade, em 2007.
Neste ciclo para Paris, Cláudia novamente vem construindo uma trajetória fenomenal. “Em outubro de 2021 fiz uma grande cirurgia, troquei a tela do abdômen. Em novembro de 2022 tive que retirar a tela do abdômen por conta da infecção crônica. Fiquei afastada, retornei aos treinos no final de fevereiro de 2023”, conta a atleta em texto publicado pelo clube que defende, o Pinheiros.
“Ao retornar, tive um AVC. Mas, no começo de abril já estava treinando firme para o [Campeonato] Brasileiro, que aconteceu em junho de 2023. Por conta deste AVC, o médico do clube me afastou por 22 dias até sair todos os resultados de exames. Graças a Deus deu tudo certo, fui para o Brasileiro e ganhei”, completa.
Em setembro de 2023, Cláudia tornou-se a primeira brasileira com vaga confirmada para os Jogos de Paris. Será a quinta paralimpíada consecutiva da carreira da remadora, que competiu em todas as edições desde que o remo entrou no programa paralímpico.
Outro atleta que mudou de modalidade foi Henrique Caetano, atleta de Mauá que trocou a natação pela corrida.
A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 está marcada para esta quarta-feira (28) às 15h, e as disputas rolarão até o dia 8 de setembro. Diferentemente dos Jogos Olímpicos, a Paralimpíada terá transmissão ao vivo apenas do canal SporTV2 e do canal oficial do Comitê Paralímpico Internacional no YouTube.
Conheça os atletas da região metropolitana de São Paulo nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024:
Atleta | Modalidade | Cidade |
Alessandro Rodrigo da Silva | Atletismo (arremesso de peso) | Santo André |
Cláudia Cícero dos Santos | Remo | Carapicuíba |
Daniel Yoshizawa | Vôlei sentado | Suzano |
Débora Bezerra de Menezes | Taekwondo | São Paulo |
Esthefany de Oliveira Rodrigues | Natação | São Paulo |
Evelyn Vieira de Oliveira | Bocha | Mauá |
Felipe Veloso da Silva | Atletismo (atleta guia) | São Paulo |
Giovanna Boscolo Castilho Gonçalves | Atletismo (lançamento de club) | São Paulo |
Gizele Maria da Costa Dias | Vôlei sentado | Mogi das Cruzes |
Henrique Caetano Nascimento | Atletismo (100m) | Mauá |
Jairo Natanael Frohlick Klug | Remo | São Paulo |
Júlio Cesar Agripino do Santos | Atletismo (1.500m) | Diadema |
Lenilson Tavares de Oliveira | Esgrima em Cadeira de Rodas | São Paulo |
Lucas Carvalhal Arabian | Tênis de Mesa | São Paulo |
Lucas de Sousa Lima | Atletismo (400m) | São Paulo |
Lucas Lamente Mazella | Natação | São Paulo |
Lúcia da Silva Teixeira Araújo | Judô | São Paulo |
Luis Fabiano de Oliveira | Vôlei sentado | São Paulo |
Marcos José Silva dos Santos | Atletismo (atleta guia) | São Bernardo do Campo |
Micael Batista dos Santos | Atletismo (atleta guia) | São Paulo |
Rebeca de Souza Silva | Judô | São Bernardo do Campo |
Renata Santos da Silva | Bocha (calheira) | São Paulo |
Renato Ben Hur Costa Oliveira | Atletismo (atleta guia) | São Paulo |
Renato de Oliveira Leite | Vôlei sentado | São Paulo |
Roberto Rodrigues Ferreira | Bocha (calheira) | Taboão da Serra |
Rodolpho Riskalla de Grande | Hipismo | São Paulo |
Rodrigo Chieregatto Arcanjo | Atletismo (atleta guia) | São Paulo |
Sabrina Custódia da Silva | Ciclismo | São Paulo |
Samuel da Silva Oliveira | Natação | São Paulo |
Samuel Oliveira Conceição | Atletismo | Santo André |
Suellen Cristine Dellangelica Lima | Vôlei sentado | São Paulo |
Vanessa Cristina de Souza | Atletismo (1.500m) | São Paulo |
Veronica Silva Hipolito | Atletismo (100m) | São Paulo |
Victor dos Santos Almeida | Natação | São Paulo |
Wellington Platini Silva da Anunciação | Vôlei Sentado | Osasco |
Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.
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