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Agência de Jornalismo das periferias

Magno Borges/Agência Mural

Por: Jacqueline Maria da Silva

Notícia

Publicado em 07.10.2024 | 16:13 | Alterado em 07.10.2024 | 16:37

Tempo de leitura: 2 min(s)

Ainda não há motivos para celebrar a diversidade nas eleições municipais de São Paulo. Apesar do aumento da presença feminina no legislativo após a votação, o cenário de raça, gênero e periferias pouco mudou entre 2020 e 2024 ao olhar para os vereadores eleitos após a votação realizada no domingo 6 de outubro.

Dos 55 vereadores eleitos em São Paulo, 20 são mulheres, uma alta de 53% se comparado com 2020, quando apenas 13 venceram a eleição. No entanto, as 20 cadeiras da Câmara ocupam 36% das 55, abaixo de mais de 50% da população brasileira, conforme o IBGE.

Dentre as mulheres, apenas 5 se declaram negras: Luana Alves (PSOL) que está no ranking dos 10, Amanda Paschoal (Psol), Pastora Sandra Alves (União), Keit Lima (Psol) e Sonaira Fernandes (PL).

Luana Alves foi reeleita na votação deste ano @Divulgação

Quando às candidaturas LGBTQIA+, Thammy Miranda (PSD), homem trans, se reelegeu enquanto Amanda Paschoal (PSOL) mulher travesti se elegeu pela primeira vez.

No total foram 35 vereadores reeleitos, entre elas apenas duas mulheres periféricas: Luana Alves e Silvia da Bancada Feminista. Integra a lista de vereadores das quebradas, Amanda Paschoal e Keit Lima. Contudo o mandato coletivo Quilombo Periférico não se reelegeu.

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Apesar do eleitorado mais jovem, até 24 anos, estar concentrado nas periferias, nenhum representante deste público foi eleito na cidade.

Partidos vencedores

Partidos mais progressistas repetiram o feito de 2020, com o PT com 8 e PSOL com 6. Partido com mais legisladores há quatro anos, o PSDB não elegeu nenhum candidato nesta eleição. Contudo, partidos conservadores e de centro conseguiram eleger maior quantidade de parlamentares no geral, com acréscimo para PL (+5), MDB (+4), Podemos (+3), PP (+3).

Mais do que perder ou ganhar cadeiras é importante olhar para a representação dos vereadores eleitos, explica Beatriz Lourenço, diretora de incidência política e litigância estratégica do Instituto de Referência Negra Peregum.

Ela exemplifica com a perda do PT de candidatos que fazem parte da família Tatto, caso de Arselino Tatto que não se reelegeu. Em contrapartida, a família Leite conseguiu emplacar aliados, caso de Silvão.

Essa dificuldade em eleger pessoas negras com agenda política importantes para a luta de demandas da população periférica impacta na construção de uma agenda popular de baixo para cima, afirma ela.

“A população periférica e a juventude perde quando a gente não amplia esse público que vai brigar por estas pautas mais progressistas, a capacidade de fazer suas pautas serem discutidas na Câmara em primeira pessoa”, reforça.

No entanto, Beatriz chama atenção que o PSOL conseguiu manter a lógica de distribuição racial, periférica e LGBTQIAPN+, apesar da “substituição” de vereadores, sobretudo com a reeleição de Luana Alves ficando entre os primeiros da lista em uma bancada majoritariamente branca.“A primeira mulher negra da história de São Paulo a ser reeleita.”

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Jacqueline Maria da Silva

Repórter da Agência Mural desde 2023 e da rede Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project. Vencedora de prêmios de jornalismo como MOL, SEBRAE, SIP. Gosta de falar sobre temas diversos e acredita do jornalismo como ferramenta para tornar o planeta melhor.

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