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Agência de Jornalismo das periferias

Por: Sarah Fernandes

Notícia

Publicado em 18.11.2025 | 13:29 | Alterado em 02.12.2025 | 18:18

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Os estudantes André Luz e Dyellem Gomes perceberam dois problemas principais na escola em que estuda, em Belém, no Pará: o calor nas salas de aula, que dificulta os estudos, e o descarte irregular de lixo no entorno, sobretudo de resíduos do açaí, muito consumido na região. E se há um problema, porque não assumir o protagonismo da solução? 

Os jovens e seus colegas criaram placas ecológicas de controle térmico feitas com caroço de açaí, para amenizar a temperatura dentro das escolas. No protótipo, as salas de aula com o sistema chegaram a ser até 3°C mais frescas. A iniciativa foi apresentada na Zona Azul da COP30, a área mais restrita do evento, onde delegações internacionais discutem acordos climáticos.

“Criamos um projeto para reduzir resíduos orgânicos ao redor da escola e para melhorar a sensação térmica nas salas de aula”, conta André, 17.“Primeiro a gente foi para as ruas recolher caroços de açaí, que é muito consumido em Belém. Aí nós trituramos esse material, colocamos para secar no sol e misturamos com um aglomerante de base sustentável”.

André Dyellem com protótipo de salas de aulas com placas de isolamento témico feitas com açaí @Sarah Fernandes/ Agência Mural

Neste processo, os jovens criam placas de matéria orgânica para serem implantadas no forro e nas paredes da sala de aula, que funcionam como isolantes térmicos que controlam o calor. A tecnologia foi testada em uma maquete, nos horários de pico de calor, entre às 12h e às 15h. O resultado chamou a atenção: os modelos com as placas foram entre 1,5°C e 3°C mais frescos que os sem.

A próxima etapa é conseguir financiamento para implantar a tecnologia sustentável nas salas de aula e observar os resultados. “Queremos amenizar o calor dentro para melhorar o ambiente e a qualidade de ensino da escola”, reforça Dyellem, 17.

Jovens agentes de mudança

O protagonismo de jovens periféricos para amenizar as mudanças climáticas ganhou espaço na COP30. As iniciativas vão desde a proteção de tartarugas nativas até a valorização da cultura indígena.

“Sou uma jovem insular, que vive na Ilha de Cotijuba, no Pará, e as marés altas dos rios têm prejudicado nossa comunidade. A água sobe muito rápido, entra nos igarapés e acaba causando erosão costeira. Algumas casas já estão sendo afetadas”, conta a jovem ativista ambiental Akira, 15.

Akira, jovem ativista ambiental das Ilhas de Cotejuba @Sarah Fernandes/ Agência Mural

A solução foi arregaçar as mangas: ela e outros jovens da comunidade estão plantando árvores e doando mudas para recuperar a mata ciliar da região, que foi desmatada, e impedir que as marés prejudiquem os moradores. “Queremos trazer mais verde para a nossa ilha”, conta.

Como a ilha é também um local turístico, ela e outras jovens do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém, do qual ela faz parte, iniciaram ações para proteger as aves e as tartarugas do turismo predatório.

“Nós fazemos uma blitz no verão para conscientizar turistas nas praias, orientando sobre o que fazer e o que não fazer na nossa ilha: eles devem levar uma sacolinha para colocar seu lixo e levá-lo para fazer o descarte correto”, explica Akira, que é conselheira jovem do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Marcelly, ind~igena da etnia Mura, acredita que denfender sua cultura é ajuar a conter as mudanças climáticas @Sarah Fernandes/ Agência Mural

Há mais de 700 quilômetros de lá, em Manaus, estudantes indígenas estão implantando ações para valorizar sua cultura. Em uma escola pública da periferia da cidade, alunos de diferentes etnias realizam apresentações de dança, música e rituais religiosos de suas etnias, para quebrar preconceitos.

“Tomamos cuidado para não fazer apropriação cultural, então são sempre estudantes indígenas que ensinam e coordenam as ações. Eu ensino grafismos da minha etnia, porque sou grafiteira”, conta a jovem Marcelly Carvalho da Silva, 18, indígena Mura. “Nós indígenas ajudamos a conter as mudanças climáticas porque somos guardiões da terra. Valorizando nossa cultura, ajudamos a preservar o meio ambiente.”

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Sarah Fernandes

Jornalista e geógrafa, com foco em direitos humanos e ambientais. Reúno mais de 10 prêmios de reportagem, entre eles dois Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.

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