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Ao menos 10 ex-subprefeitos de São Paulo concorrem às eleições municipais

Num contexto de pandemia, a campanha eleitoral deverá se valer muito do uso de mídias sociais para se aproximar dos eleitores, diz cientista político

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Por: Redação

Publicado em 16.09.2020 | 19:22 | Alterado em 16.09.2020 | 19:22

Tempo de leitura: 4 min(s)

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Nos últimos quatro anos, muitas trocas de subprefeitos e subprefeitas ocorreram em São Paulo. Ao todo, 82 homens e mulheres passaram pelo comando das 32 subprefeituras desde 2017, entre subprefeitos nomeados e chefes de gabinete que ocuparam o cargo temporariamente.

Essa “dança das cadeiras” é bastante comum. Como são escolhidos pelo prefeito da cidade, muitos deles saíram na mudança de gestão entre João Doria (que concorreu às eleições para o governo do estado em 2018) e o vice Bruno Covas, a partir de 2019. Já outros foram exonerados ou deixaram o cargo por questões pessoais.

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Neste ano de 2020, alguns ex-subprefeitos deixaram o cargo para disputar as eleições municipais para vereador e prefeito. Segundo levantamento do 32xSP, ao menos 10 deles são pré-candidatos ao pleito.

DIVULGAÇÃO NAS REDES SOCIAIS

10 dos 11 ex-subprefeitos que são pré-candidatos às eleições concorrem ao cargo de vereador pela cidade de São Paulo. Como exceção, está Mario Corrochel Neto, que foi chefe de gabinete na Subprefeitura Sapopemba, na zona leste, e em 2019 ocupou a vaga de subprefeito por seis meses. Agora ele disputa o cargo de prefeito em Araras, no interior de São Paulo, pelo PTB.

Segundo a lei eleitoral nº 9504/1997, os pré-candidatos de todo o país ficam proibidos de fazer propaganda eleitoral antes do dia 26 de setembro.

Em cumprimento à legislação, os ex-subprefeitos não iniciaram a campanha, mas alguns já têm atualizado as redes sociais com postagens sobre os trabalhos realizados enquanto estavam à frente das subprefeituras como munição para a corrida eleitoral.

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O primeiro turno das eleições municipais está marcado para 15 de novembro (Magno Borges/32xSP)

Na zona norte da cidade, o ex-subprefeito de Jaçanã/Tremembé, Alexandre Baptista Pires, anunciou a pré-candidatura no mês de junho e prometeu dar continuidade à resolução dos problemas da região. Ele ficou no cargo de janeiro de 2017 até março de 2020.

“Em mais de três anos como subprefeito, me deparei com diversos problemas e muitas necessidades em toda a região. Muitos desses problemas conseguimos resolver prontamente, outros estão em andamento. Estou lançando minha pré-candidatura a vereador, pois sei que ainda tenho muito a fazer”, escreveu Pires em uma rede social.

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Quem também é pré-candidata é Sandra Cristina Leite Santana, que foi subprefeita de Freguesia/Brasilândia, também na zona norte, de janeiro de 2019 a março de 2020. Anos antes, ela esteve à frente da subprefeitura de Perus/Anhanguera, na zona noroeste, durante a gestão de José Serra (PSDB).

Em sua página no Facebook, que é atualizada diariamente, Sandra tem publicado informações sobre a pandemia do coronavírus (covid-19) e encontros com líderes comunitários, políticos e munícipes, além de registros das suas gestões anteriores.

CORRIDA ELEITORAL NA PANDEMIA

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Eduardo Grin é cientista político e professor da FGV EAESP (Arquivo pessoal)

Para Eduardo Grin, 57, cientista político e professor do departamento de gestão pública da FGV EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), a campanha eleitoral de 2020 deverá se valer muito do uso das mídias sociais, especialmente num contexto de pandemia e de restrição de mobilidade física.

“Ainda que a legislação proíba o início antecipado das campanhas pelos pré-candidatos, a capacidade de controle que a Justiça Eleitoral tem para rastrear e monitorar o uso de mecanismos virtuais é praticamente nula”, comenta Grin.

“Consequentemente, trata-se não só de uma estratégia viável no momento de pandemia, mas de uma estratégia inteligente, porque ela escapa desse controle – ou é muito difícil de ser controlada”, complementa.

Por outro lado, o professor avalia que o uso da internet e das redes sociais para a campanha eleitoral é uma estratégia cuja eficácia é variável de acordo com o perfil socioeconômico de uma região ou de cada eleitor.

“É muito provável que, em regiões de classe média alta, isso possa ser uma estratégia mais eficaz, porque é um público que tem mais acesso a internet e que consome mais informações neste formato. Mas em regiões mais pobres, do ponto de vista de qualidade no acesso à internet, ou que tenham outro perfil socioeconômico, essa estratégia não teria o mesmo resultado”.

PROXIMIDADE COM A POPULAÇÃO

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Ozziel Souza foi subprefeito de Cidade Tiradentes e de Sapopemba (Eduardo Silva/32xSP)

Na periferia da zona leste de São Paulo, Oziel Evangelista de Souza, ex-subprefeito de Cidade Tiradentes e Sapopemba, sempre utilizou as redes sociais para manter contato com a população local e divulgar seu trabalho, o que lhe gerou visibilidade política na região.

Durante a gestão em Cidade Tiradentes, ele até criou o “Whats Denúncia”, pelo WhatsApp, no qual os moradores enviavam demandas e reclamações diretamente em um número de celular cedido pela subprefeitura.

Desde o último dia 12 de setembro, Souza é oficialmente candidato a vereador pelo PSDB. Mas, desde o anúncio da pré-candidatura, o ex-subprefeito já tinha adotado uma comunicação visual voltada às eleições em sua página no Facebook (hoje com quase 16 mil seguidores), que também é atualizada diariamente.

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Subprefeitura Sapopemba, na zona leste, que foi chamada de ‘Prefeitura Regional’ durante a gestão Doria (Ira Romão/32xSP)

Segundo Eduardo Grin, a lógica das subprefeituras, ao serem criadas em 2002, foi pensada no que é chamado de governar por proximidade. “Essa ideia faz com que o subprefeito seja uma pessoa de convívio quase cotidiano com parcelas enormes de eleitores de uma determinada região”, diz.

“Portanto, a imagem do subprefeito que está arrumando o buraco da rua ou garantindo que o posto de saúde esteja aberto, é uma ideia que cola, ou pode colar, como um ativo importante do ponto de vista eleitoral”
Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV EAESP

Ele também avalia que o controle do território na cidade de São Paulo é um enorme recurso político. Neste sentido, a candidatura de um subprefeito pode entrar em conflito de interesses com um vereador local.

“Não por acaso, vereadores tentam controlar esse processo indicando pessoas [para as subprefeituras] que não tenham uma projeção política própria”, comenta o cientista político.

“Os subprefeitos que conseguirem criar suas próprias redes de cooperação no território poderão, inclusive, entrar em disputa com o vereador de um bairro e, eventualmente, até se colocar com perspectivas eleitorais”, finaliza.

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