Prestes a renunciar cargo de prefeito, João Doria abriu apenas pronto-socorro de nova unidade médica no extremo sul da capital paulista
Por: Redação
Publicado em 02.04.2018 | 20:42 | Alterado em 02.04.2018 | 20:42
Sob protestos de moradores, na última quinta-feira (29), João Doria (PSDB), prestes a renunciar o cargo de prefeito de São Paulo para se lançar ao governo estadual, inaugurou apenas o pronto-socorro do Hospital Municipal de Parelheiros, na zona sul da capital paulista. A população local aguardava uma unidade médica há dez anos.
De acordo com a prefeitura, até o fim de maio, as obras do Hospital Josanias Castanha Braga serão finalizadas. Enquanto isso, o atendimento será realizado somente em casos emergenciais ou com encaminhamentos de AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais) e UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
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“Já que é para inaugurar, que fosse tudo né? Mas é ano de eleição. Para ganhar votos, eles fariam até defunto levantar, se pudessem”, diz a operadora de caixa Karen do Santos, 22.
Durante o primeiro dia aberto, não houve atendimento. Funcionários limparam e esterelizaram materiais e equipamentos.
A reportagem do 32xSP acompanhou os primeiros pacientes atendidos na nova unidade. Com o pé esquerdo inchado, Paloma Morais, 27, que mora na mesma rua do hospital, afirma estar feliz. A partir de agora, ela não precisará percorrer 8 km para ter acesso médico.
“Nós precisávamos. Vai ajudar todo mundo que mora na região, além de desafogar os outros lugares, como Balneário São José [posto de saúde] e o Hospital do Grajaú”, completa Paloma. Ambas as unidades estão afastadas a 8 e 16 km, respectivamente.
Até o momento, o hospital municipal oferece atendimento ortopédico, ginecologia, cirurgia geral, clínica médica e pediatria.
Ao contrário daqueles que busca tratamento médico, houve também quem estivesse no local para pedir emprego.
É o caso de Kevim Silva, 18, que saiu de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, para garimpar uma vaga na área de enfermagem. “Ouvi falar que a preferência é para quem mora em Parelheiros”, lamenta.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o Hospital Josanias Castanha Braga está localizado em um terreno de 110 mil m², com 40 mil m² de área construída, e tem capacidade de atender os 160 mil moradores de Parelheiros.
A pasta informa ainda que a obra, iniciada na gestão de Fernando Haddad (PT), custou R$ 182 milhões.
MANIFESTAÇÃO
Durante a cerimônia de inauguração, alunos, pais e professores protestaram do lado de fora do hospital por melhorias nas escolas municipais.
O grupo era liderado por William Prado, 36, coordenador do conselho de saúde de Parelheiros. De acordo com ele, o tumulto aconteceu porque um segurança do hospital “agiu de má-fé”.
“Eu estava intermediando um acordo com a segurança para permitir subir uma comissão de dez alunos com pais e professores. Eles deram a palavra que iam liberar, nós esperamos e ele [prefeito] foi.”
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Nervosos, os estudantes começaram a barrar a passagem dos carros que saíam do hospital. A Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Ambiental foram chamadas para intervir. Um agente da GCM usou spray de pimenta para apaziguar o confronto.
“Eu pedia para os alunos saírem da calçada do hospital para não sofrerem retaliação. Quando estavam quase saindo, a GCM e a Polícia Ambiental já estava em cima da gente”, conta Prado.
A prefeitura informa que ação dos agentes da Guarda Civil Metropolitana foi para “conter o tumulto dos manifestantes”, e que a conduta será avaliada.
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