Ícone do site Agência Mural

MC com vitiligo usa funk para enfrentar preconceito e conscientizar crianças

Por: Rafaela Monteiro

Yuri Rodrigues da Silva, 25, atua como MC, compositor e modelo, e convive com o vitiligo há cerca de 15 anos. O artista usou a música para driblar o preconceito e, com o passar dos anos, passou a se apresentar como Yuri Vit. O “Vit” em referência ao vitiligo.

Nascido e criado no bairro Jardim da Conquista, no distrito de São Mateus, ele atua como modelo em comerciais de TV e videoclipes, e como MC já lançou diversas músicas autorais.

“As crianças com vitiligo, principalmente, são carentes de informação, assim como eu era. Levar as informações certas faz com que elas cresçam sabendo o que é, e não precisem sofrer como eu sofri”, reflete o MC.

Quem vem à sua mente quando pensa em vitiligo? Michael Jackson? O cantor, enquanto era vivo, evidenciou os sintomas da doença para o mundo: uma figura pública que viu a cor da pele mudar drasticamente ao longo dos anos.

O vitiligo é uma doença autoimune caracterizada pela perda de pigmentação da pele, o que resulta no surgimento de manchas brancas. No Brasil, o dia 1° de agosto é marcado como o Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo, com o objetivo de conscientizar a população sobre essa condição dermatológica.

Recentemente, lançou a faixa também intitulada “Vitiligo”, em que critica a falta de informação na sociedade sobre a condição. Na canção, reforça que “contagiosa é só sua força de vontade”, que “as manchas trazem resistência” e que “o charme está, sim, na sua aparência”.

Yuri resgata memórias da busca por tratamento. “Nunca consegui nada pelo SUS, e a falta de informação era muito grande”, relembra. Ele chegou a frequentar o Hospital São Paulo, onde fazia o banho de luz: uma fototerapia com luz ultravioleta. “As sessões eram coletivas e por ordem de chegada. A intenção era apenas estacionar o avanço do vitiligo, não repigmentar a pele.”

Para se esquivar do bullying, encontrou inspiração no rapper Rappin’ Hood, também portador de vitiligo, mas no caso, embalado pelas batidas do funk.

“Na minha escola, não era todo mundo que tinha habilidade artística pra rimar. As pessoas deixavam de me ‘zuar’ porque eu mandava uma rima daora. Por mais que eu tivesse vergonha do vitiligo, fui incentivado”, lembra.

No caso do MC, as primeiras manchas brancas surgiram na região das sobrancelhas, entre os 9 e 10 anos de idade. Segundo Yuri, quando passou a lidar de forma mais leve com a condição, o quadro começou a se estabilizar.

‘Fatores emocionais influenciam bastante. Eu não soube lidar bem com a separação dos meus pais, e aí as manchas começaram a aparecer. Ter uma saúde mental boa influencia muito’

Sair da versão mobile