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Agência de Jornalismo das periferias

Isabela Alves/Agência Mural

Por: Isabela Alves | Aline Almeida

Notícia

Publicado em 23.05.2024 | 16:28 | Alterado em 23.05.2024 | 16:28

Tempo de leitura: 3 min(s)

Filas gigantes, ônibus lotados, atrasos, tretas e estresse fazem parte da rotina de quem depende do transporte público no distrito do Grajaú, na zona sul de São Paulo. Quase todos os dias, essas situações são relatadas e gravadas por passageiros em páginas de redes sociais, como o Grajaú Tem.

Nos vídeos, é possível ver casos de revolta dentro do Terminal Grajaú por falta de ônibus, catracas com mal funcionamento, a Via Mobilidade com lotação máxima e pessoas esperando na rua de madrugada a vinda da única linha de ônibus para ir para casa.

Rosangela Siqueira, 48, trabalhadora doméstica e moradora do bairro do Cantinho do Céu, relata gastar duas horas para chegar ao trabalho, no centro da cidade, e outras duas para voltar, diariamente.

A passageira utiliza a linha 5362-10 (Parque Residencial Cocaia – Praça da Sé), e conta que o estresse já começa na chegada ao ponto de ônibus, por volta das 5h da manhã.“Gasto em média de 20 a 30 minutos apenas esperando. Principalmente nas segundas, não tem perua e quando chega está superlotada”, afirma.

Ela diz ter notado uma redução nas opções de linhas de ônibus e relata que os ônibus com destino ao Terminal Grajaú, muitas vezes, não param nos pontos devido à lotação, aumentando o tempo de espera. A volta do trabalho, após um dia puxado, também é desgastante.

‘Às vezes tem briga dentro dos ônibus. Não pode encostar no outro que já começa uma discussão. Um caos’

Rosangela Siqueira, passageira

Taylane Santos, 20, técnica em depilação a laser e moradora do Jardim Prainha, compartilha sua frustração com os ônibus da linha 6116-10 (Jardim Prainha – Terminal Grajaú), que frequentemente não param nos pontos em direção ao terminal. Passageiros chegam a bater nas portas e ameaçar os motoristas para conseguir entrar, provocando atrasos ainda maiores.

“Mesmo saindo mais cedo de casa, você não tem noção do que precisa fazer para conseguir chegar. Não sei mais o que fazer. Ou vou sem dormir para o trabalho, ou senão continuo chegando atrasada utilizando a minha carga horária”, conta.

Usuários do terminal formam filas para conseguir entrar no ônibus. O tempo de espera chega a ser de 20 a 30 minutos @Isabela Alves/Agência Mural

Moradores aguardam ônibus na saída da Avenida Dona Belmira Marin como alternativa para não esperar dentro do terminal @Isabela Alves/Agência Mural

Passageiros aguardam ônibus na fila do Jardim Gaivotas @Isabela Alves/Agência Mural

Ônibus com superlotação chegam a passar direto, sem parar nos pontos @Isabela Alves/Agência Mural

O tempo de espera nos finais de semana é ainda maior @Isabela Alves/Agência Mural

Quando o transporte funciona bem, Taylane conta sair de casa com duas horas de antecedência e dormir apenas cinco horas por noite. Com a atual demora, ela tem levado de três a quatro horas para chegar ao trabalho. “Antes a gente sabia os horários de pico, mas agora o tempo todo está assim”.

Isabella Milena, 24, jornalista e moradora da Vila Natal, relata esperas de mais de meia hora no terminal de ônibus e casos de pessoas penduradas nas portas dos veículos. Ela avalia que os moradores da periferia sempre sofreram com a questão do transporte público, principalmente nessa região do extremo-sul da cidade.

Segundo dados do Censo 2022, divulgados em março deste ano, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Grajaú é o distrito mais populoso de São Paulo, com 384.873 habitantes, em 154.205 domicílios.

“É um serviço muito essencial para a gente que mora longe e infelizmente não temos nenhum conforto”, diz a jornalista.

Atualmente, ela gasta duas horas para chegar ao trabalho na Cidade Ademar, localizada na divisa com Diadema e Jabaquara. A jovem pega a linha 5129-10 (Jardim Miriam-Terminal Guarapiranga), a única a realizar esse trajeto.

Devido aos atrasos na volta para casa, ela agora usa um serviço de carro por aplicativo, evitando a espera de mais de 20 minutos por um ônibus no Terminal Grajaú. “A gente que mora no extremo-sul quer chegar em casa o mais rápido possível para descansar e pegar o ônibus é um sacrifício. Todo mundo em um estado de nervos”.

O que diz a SPTrans

Em resposta à Agência Mural sobre as denúncias relatadas pelos passageiros, a SPTrans (São Paulo Transporte) afirmou que notificou a Transwolff em março pelo descumprimento de partidas e pela operação com frota de veículos menor do que a determinada.

O cumprimento das partidas é fiscalizado 24h por dia, eletronicamente, por meio dos equipamentos de GPS instalados em toda a frota de ônibus que opera no sistema de transporte coletivo público da cidade.

Planilha com a quantidade de partidas no horário de pico da manhã de cada linha @Divulgação/SPTrans

As informações sobre as linhas estão disponíveis no site da SPTrans, por meio do link “Planeje sua viagem”, onde é possível consultar o itinerário, o tempo estimado de viagem e dias de funcionamento e horário das partidas.

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Isabela Alves

Graduada em jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e pós graduanda em Mídia, Informação e Cultura pelo Celacc/USP. Homenageada no 1° Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Correspondente do Grajaú desde 2021.

Aline Almeida

Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Ama livros, música e séries. Libriana apaixonada por pets. Correspondente do Grajaú desde 2022.

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