Jovens candidatos a vereador em Itapevi usam as redes para driblar falta de espaço na política

Entrevistas com moradores, vídeos curtos com a cara do tik tok, trends e memes do momento têm sido a estratégia de jovens em Itapevi, na Grande São Paulo, que buscam uma vaga na Câmara Municipal.

A cidade conta com 20 candidatos com até 30 anos entre os mais de 279 que estão na disputa eleitoral. Para driblar essa falta de espaço eles têm usado da linguagem das redes para mostrar o ativismo.

É o caso de Ruan Douglas (PT), 22, morador do Cardoso, bairro periférico da cidade. Ele traz nas redes sociais vídeos de entrevista com os eleitores do bairros, buscando saber a opinião deles em relação aos candidatos a prefeitos e vereadores de Itapevi.

A forma foi o jeito que encontrou de buscar ter mais alcance para as propostas que ele têm para as comunidades periféricas. “Busco trazer mais saúde, infraestrutura e ajudar as pessoas como um todo”, afirma.

Se eleito, diz que atuará para a prefeitura ter exames mais rápidos, diminuir as filas nos postos de saúde, além de “ajudar no saneamento básico e legalização da luz na favelinha do Cardoso”.

A página no Instagram é a principal estratégia. “As redes sociais ajudam muito na campanha, pois muitas pessoas usam nesse momento, por meio dela conseguimos mais captação de votos”, afirma Ruan.

A busca por destaque nas plataformas digitais vem crescendo nos últimos anos na política.

De acordo com o especialista Marcelo Simões Damasceno, doutorando e mestre em mídias digitais e eleições, o uso das redes sociais pode ser essencial nesse momento, pois cada vez mais os brasileiros utilizam essas plataformas para se informar, se posicionar e interagir. Isso entrou na mira das campanhas eleitorais.

‘[Os candidatos] usam conteúdos exclusivos como memes, trends, enquetes, gifs, reels que ajudam a transmitir uma mensagem da campanha, gerar visualizações e converter tudo isso em votos’

Marcelo Simões, especialista

Segundo o Damasceno, desde a liberação das plataformas para as campanhas em 2010 e a instituição da pré-campanha em 2016, a comunicação digital ganhou protagonismo na estratégia de marketing político dos candidatos, especialmente em localidades onde as campanhas não contam como horário gratuito de propaganda eleitoral.

Esse meio tem de alguma forma favorecido os candidatos jovens conseguirem mais engajamento.

“Hoje não é possível pensar em uma estratégia de campanha sem incluir as redes sociais na interação com apoiadores e possíveis eleitores, a tendência é que as campanhas se tornem cada vez mais interativas”, comenta.

Outro candidato de Itapevi é o professor de artes Lucas Emanuel (PDT), 28, morador do Monte Serrat. Ele é ativista nas redes, na área da cultura, educação e diversidade LGBTQIAP+, e tem projetos culturais em prol das periferias de Itapevi.

‘Cresci em Itapevi, vi o centro evoluir, e vejo a necessidade dos nossos bairros também crescerem’

Lucas, candidato

O jovem de Itapevi relata que a principal proposta de campanha é atuar para que a prefeitura crie o Polo Cultural, e que seja distribuído pelos bairros nos espaços de escolas e Ongs. Ele afirma que quer levar às crianças aulas de ballet, teatro, música e desenhos.

“Espero que as crianças tenham as mesmas oportunidades que tenho de fazer as aulas culturais, de não estar nas ruas, ter cursos”, aponta Lucas.

O candidato mostra vídeos interativos com um humor e que ajudam a entender mais sobre a cultura e as propostas como candidato a vereador em Itapevi. Num deles, aparece entregando panfletos no trem, em outro correndo em busca de votos.

“A rede social está me ajudando a alcançar mais pessoas e isso é um serviço gratuito. A internet está para todos, todos a utilizam, e é um meio bem mais fácil de alcançar o público”, diz Lucas.

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Candidata pela primeira vez, a ativista social Marina Dornellas (União), 32, representa o Alto da Colina. Marina é bacharel em direito, e tem como pautas o terceiro setor, autismo e a causa animal, além de ter criado a ONG Ser Amor no Alto da Colina.

“O único objetivo de ser candidata é ter ferramentas para trabalhar com o terceiro setor. Hoje a gente só existe porque a gente resiste”, afirma a candidata.

Há um ano Marina está no Instagram fazendo ativismo. A candidata usa asredes para gravar vídeos interativos e explicativos sobre a candidatura, trends e memes do momento para ampliar o seu engajamento e marketing político.

Ela considera a ferramenta uma “janela do mundo”. “Por lá consigo mostrar o que eu faço, é um modo de mostrar o que posso fazer no meu mandato”, complementa Marina.

“Sou uma ativista social que quer deixar um legado depois de mim, sou mãe de muitas crianças na ONG, e quero só um mandato para trabalhar mais pelas pessoas”.

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Já a candidata a vereadora Jully Thainá, (PP), 29, moradora do Amador Bueno trabalha como árbitrade futebol em Itapevi. Jully comenta que as propostas estão relacionadas ao centro de atendimento especializado ao idoso, causa animal e esporte.

“A juventude vem tomando conta de tudo, estamos com outros olhos hoje, o jovem tem essas perspectivas de querer buscar sempre mais melhorias’’, afirma Jully.

Nas redes sociais Jully compartilha sobre os treinos como árbitra de futebol, e a candidatura como vereadora com imagens ilustrativas.