Região é marcada por ruas com nomes poéticos, vias comerciais famosas, um mercado público, duas linhas de trem e um terminal de ônibus
Por: Redação
Publicado em 19.07.2017 | 15:25 | Alterado em 19.07.2017 | 15:25
Ruas com nomes poéticos, vias comerciais famosas, como a rua Doze de Outubro, um mercado público, duas linhas de trem, terminal de ônibus, shopping center, espaço de ciência, um marco da paz, escolas e igrejas tradicionais, entre outros muitos lugares fazem do distrito da Lapa, na zona oeste, um lugar conhecido e muito frequentado diariamente na capital paulista.
Mas são os lapeanos que o tornam ainda mais interessante. A advogada Rosana Altafin, 55, presidente da AALB (Associação Amigos da Lapa de Baixo), uma das mais de 67 mil moradoras locais, relata de maneira emotiva a sua relação com o bairro que ela viu se transformar ao longo do tempo.
“Minha bisavó tinha um armazém aqui na Lapa de Baixo. Nasci, cresci, estudei aqui. Amo o meu bairro. Costumamos dizer que ele é um grande interior, pois todo mundo se conhece. As famílias antigas permaneceram e os descendentes ficaram com esse espírito de manutenção da história da Lapa”.
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Rosana explica que a divisão popularmente conhecida como Lapa de Baixo veio com a tradição de distinguir a região partir da linha ferroviária. “Tudo é Lapa e a Lapa de Baixo é simplesmente a área mais baixa. Quando se atravessa a linha para o outro lado, você começa a subir. Então as pessoas começaram a dizer que iam para a Lapa de cima, que se desenvolveu mais comercialmente”.
Na Vila Ipojuca, outro bairro do distrito, a professora de yoga Renata dos Santos Adamo, 34, fala com o mesmo entusiasmo de onde vive. Terceira geração de uma família lapeana, ela conta saudosa dos encontros entre crianças e idosos que se reuniam para ler e brincar na praça Dr. Otávio Perez Velasco, ao lado do Centro de Memória e Convívio da Lapa Cecília Meireles (antiga Biblioteca Cecília Meireles), onde começou a dar aulas para resgatar esse convívio.
“Em uma pesquisa, eu vi que aqui é um bairro de muitos idosos e uma forma de ajudá-los a ter mais qualidade de vida seria dando aulas de yoga. Queria dar aulas para esses avós que ainda moram na região e conseguir parceiros para melhorias da praça, que tempos atrás estava abandonada e cheia de lixo”, diz.
Segundo dados do IBGE, dos 67.709 moradores registrados em 2016, mais de 14.500 tinham mais de 60 anos. Para implantar as aulas, Renata contou com o apoio da sua vizinha, a artesã nas horas vagas, Lais Cassia Segala, 59, integrante do Comid (Comissão do Idoso) Lapa.
Lais é outra moradora cheia de histórias para contar. “Meus pais se conheceram aqui. Nasci, sempre morei e trabalhei na Lapa. É um lugar muito tranquilo e, apesar dos prédios e da verticalização que houve recentemente, os vizinhos se conhecem. A convivência é muito boa”, diz.
Apesar de orgulhosa do seu bairro, Lais aponta alguns problemas da região. A situação do Hospital Sorocabana é um deles. O local possui atualmente uma AMA (Assistência Médica Ambulatória), com atendimento 24 horas, e uma unidade da Rede Hora Certa. Outros cinco andares estão interditados.
“É triste ver essa estrutura do hospital se deteriorando. Infelizmente, o idoso não tem uma assistência médica de emergência que o socorra em tudo”, lamenta.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que está trabalhando para reabrir o Hospital Sorocabana o mais rápido possível para a população.
“O hospital será referência para cirurgias eletivas ambulatoriais, ou seja, aquelas que são agendadas previamente. Os procedimentos realizados serão de baixa complexidade para dar maior vazão à demanda reprimida. As internações serão de curta permanência, com alta rotatividade dos leitos. O hospital deverá ser gerenciado em parceria com uma Organização Social de Saúde”, informou a nota.
A Autarquia Hospitalar Municipal (AHM) informa que enquanto não conclui o projeto de reabertura do Hospital Sorocabana, todos os pacientes que necessitam de internação ou outros procedimentos são incluídos na rede de regulação, que abrange e distribui os leitos da rede municipal de saúde.
SAÚDE
De acordo o Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo, o distrito da Lapa apresenta um dos piores números de leitos hospitalares da cidade. Em 2015, a região contabilizava 286 leitos para uma população de 67.397 habitantes. Proporcionalmente eram 4,24 leitos hospitalares públicos e privados por mil habitantes. Valor considerado abaixo da média da cidade, que era de 2,95.
A Secretaria Municipal de Saúde informa que a região da Lapa tem como referência o Pronto Socorro da Lapa para casos de menor complexidade, o Hospital das Clínicas – para casos de alta complexidade –, em Pinheiros, e o Hospital Dr. José Soares Hungria, em Pirituba.
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