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Agência de Jornalismo das periferias

Solange Domingues/ Divulgação

Por: João Vitor Carneiro

Notícia

Publicado em 26.11.2025 | 16:52 | Alterado em 26.11.2025 | 16:52

Tempo de leitura: 3 min(s)

O escritor e cineasta Diaulas Ulysses, 54, lançou na Feira Literária de Diadema,no início de outubro, o volume 2 da série: “Cinemando por aí!!!”. O livro, publicado pela Difilme Digital, é uma reunião de diversos estudos, pesquisas, entrevistas e acervos, dos últimos sete anos.

Desta vez, o enfoque foi o cinema de Diadema, após a estreia da produção sobre São Bernardo do Campo.

O autor faz uma literatura de memória sobre o audiovisual das sete cidades do Grande ABC. A nova obra conta com 352 páginas e conseguiu financiamento pela Lei Paulo Gustavo.

Cineasta Diaulas com o livro “Cinemando por Aí!!!”, lançado no Teatro Clara Nunes @João Vitor Carneiro/Agência Mural

‘Me incomodava não haver uma literatura no Grande ABC com foco na memória do cinema. É tudo muito espaçado, sem um loteamento, sem ninguém que conte essa memória

Diaulas Ulysses, cineasta e escritor

Por conta disso, o escritor fez entrevistas e acessou acervos de jornais antigos da cidade, como o “Diadema Jornal”.

Ele relembra que pontos importantes para o cinema foram esquecidos. Um exemplo é o atual Centro Cultural Diadema que foi inaugurado em 1983 e abriga o Teatro Clara Nunes. Durante os anos 1990, o local também foi adaptado como Cine-Teatro Clara Nunes, abrigando sessões cinematográficas e mostras de cinema.

Diaulas também menciona o Iate Cine Eldorado, criado em 1950, a primeira sala de cinema da cidade. O terreno que o abrigava acabou sendo demolido em 2011 após ser vendido, e não pode ser tombado devido à especulação imobiliária.

O livro também conta que Evandro Caiaffa Esquivel, o primeiro prefeito da cidade, durante seu segundo mandato entre 1969 a 1972 realizou diversos registros e filmagens do centro e outros locais de Diadema em curtas. O cineasta vê como um material significativo tanto para o cinema quanto para a história da cidade.

Para cada município, os exemplares terão uma capa especial, com um personagem relevante referente a história cinematográfica da região.

O público esteve presente no lançamento do livro e conversou com o escritor @João Vitor Carneiro/Agência Mural

A capa de Diadema foi desenhada por Milton Santos Jr. Nela, consta um retrato da atriz e poeta Carmen de Jesus da Silva, moradora da região que perdeu um filho e encontrou nas artes plásticas e cinema um refúgio.

Carmen e Diaulas trabalharam juntos em filmes como “A noiva e o repentista fujão”, de 2023.

O livro ainda retrata o polêmico filme “Pixote, a Lei do Mais Fraco”. Presente na lista da Abraccine dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, dirigido por Hector Babenco, também é um ponto-chave para o cineasta.

Ele conta que Fernando Ramos da Silva (1967-1987), o protagonista do filme, acabou se envolvendo com o crime por conta das dificuldades encontradas como ator após o filme, Diaulas conta que o analfabetismo prejudicou nos trabalhos.

A capa da obra traz o retrato da atriz Carmem, moradora de Diadema @Solange Domingues/ Divulgação

“O que ficou foi que ele era inicialmente um bandido, fez um filme e depois se deu mal na TV. O legado dele era esse. Coloco no livro que isso não é verdade. As pessoas precisam ter um outro olhar pelo Fernando e quis deixar esse legado, contando a história dele.”

“O ABC não tem memória do Cinema”

Nascido em 1971 em Mantena (MG), Diaulas chegou em Diadema em 1974. Apesar de contar com mais de 400 mil habitantes, ele considera que o melhor adjetivo para o município é bucólico, por conta da maior parte do território ser área rural.

As primeiras experiências com cinema se deram na infância, assistindo Godzilla, com apenas quatro anos.

Ele começou a trajetória como ator em 1994. A primeira peça foi “Calígula”, dirigida por Djalma Limongi Batist. O trabalho fez com que ele decidisse se aventurar pelo cinema, participando do longa de Djalma: “Bocage, o Triunfo do Amor”, de 1997.

Para Diaulas, o livro é uma oportunidade de deixar um legado para a história do Grande ABC. Ele já iniciou pesquisas sobre as demais cidades: Santo André, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

O cineasta tem feito pesquisas no acervo em instituições como o Centro de Memória de São Bernardo, Museu Barão de Mauá, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Cinemateca Brasileira.

Para viabilizar o trabalho, afirma que será necessário concorrer a novos editais públicos para conseguir publicá-los. Todavia, os custos para publicação de um livro e os percalços na pesquisa, como o desencontro de informações em relatos e dificuldade em respostas, são algumas das principais dificuldades para seguir o trabalho.

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João Vitor Carneiro

Jornalista formado pela PUC-SP. Nascido e criado em Diadema. Criador da web serie "Marcados pelo Trabalho". Entusiasta de cinema e são-paulino.

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