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Confira o calendário de saque do auxílio emergencial; filas na Caixa viram rotina

Moradores não têm conseguido acessar aplicativo; situação na frente das agências são contrárias às medidas de proteção contra a Covid-19

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Léu Britto/Agência Mural

Por: Lucas Veloso

Notícia

Publicado em 24.04.2020 | 11:23 | Alterado em 12.08.2020 | 18:05

Tempo de leitura: 3 min(s)

“À tua esquerda, mil receberão R$ 600, à tua direita, dez mil receberão R$1.200, mas tu continuará em análise”. A frase, com referências bíblicas, faz parte de um meme em grupos de bairros da zona leste de São Paulo e trata da dificuldade encontrada por milhares de pessoas de acessar o auxílio emergencial de R$ 600 nas periferias. 

A reportagem da Agência Mural identificou aglomeração de pessoas em agências bancárias e nos postos dos Correios localizados nas periferias da capital. 

Na Vila Zilda, zona norte de São Paulo, dezenas de pessoas enfileiradas perto de uma agência bancária. Algumas delas usavam guarda-chuva contra o sol, mas em relação a pandemia, poucos usam itens de segurança, como máscaras no rosto. No Campo Limpo, zona sul, a mesma situação se repetiu.

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No Campo Limpo, zona sul, dezenas de pessoas foram vistas em filas em frente a uma agência bancária @Léu Britto/Agência Mural

De acordo com relatos de moradores, um dos motivos da busca das agências bancárias são os problemas com o aplicativo Caixa Tem. Depois de ter o pedido em análise aprovado, a orientação é que baixe esse aplicativo, criado para facilitar o acesso a serviço sociais e a diversas transações bancárias.

Disponível para download nas lojas Android e iOS, por lá é possível acessar informações sobre o Auxílio Emergencial, benefícios e programas sociais, além do FGTS, Abono Salarial do PIS e Seguro-Desemprego.

No entanto, leitores e beneficiários relatam que o aplicativo apresenta problemas e não carrega há dias. 

O objetivo de resolver pelo celular é justamente evitar as aglomerações e garantir o isolamento social, medida importante contra o avanço da Covid-19. Sem respostas, entretanto, o que tem se visto é o contrário. Pessoas se amontoam na frente da Caixa e na entrada da agência, o uso de álcool gel também não foi visto. 

Desde a semana passada, a Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) recomendou que as pessoas beneficiadas não procurem as agências do banco por conta da pandemia do coronavírus. 

O comunicado diz ainda que, para evitar aglomerações nas agências, a Caixa estabeleceu um calendário para os beneficiários que quiserem sacar em dinheiro o valor depositado nas poupanças digitais abertas para os trabalhadores.

  • 27 de abril – nascidos em janeiro e fevereiro
  • 28 de abril – nascidos em março e abril
  • 29 de abril – nascidos em maio e junho
  • 30 de abril – nascidos julho e agosto
  • 04 de maio – nascidos em setembro e outubro
  • 05 de maio – nascidos em novembro e dezembro

A Fenae admite que as dúvidas sobre como receber o auxílio emergencial têm levado dezenas de pessoas a formarem filas nas portas das agências da Caixa. Para tentar contornar o problema, associações representativas dos empregados da Caixa cobram do banco público uma ação urgente para orientar melhor a população.

Em seu site, a Caixa diz que não é necessária corrida às agências ou às lotéricas para realizar os saques em espécie. “Na data prevista para início do saque em espécie, o cliente terá esta opção habilitada no aplicativo CAIXA Tem”, prometeu em comunicado. 

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O recebimento do auxílio emergencial têm provocado filas em agências @Léu Britto/Agência Mural

Ainda no site, o banco afirma que bastaria informar o valor a ser retirado e será gerado um código autorizador para saque nos caixas eletrônicos e casas lotéricas. 

“Com o objetivo de evitar aglomerações nas agências e unidades lotéricas, expondo empregados, parceiros e clientes ao risco de contágio, a CAIXA escalonou o calendário de saque”, escreveu o banco.

RISCOS

O distanciamento social tem sido importante ainda mais nas periferias, onde a taxa de óbitos por número de casos de Covid-19 tem superado a média nacional. 

Segundo levantamento da Agência Mural, a partir de dados públicos da Secretaria Municipal de Saúde, a letalidade da Covid-19 nas periferias de São Paulo é cinco vezes maior que a média do Brasil. 

A Subprefeitura de Jaçanã/Tremembé, onde fica a agência encontrada, computou 98 casos confirmados até 17 de março, data do último boletim oficial da prefeitura. Com 29 mortes, a taxa de letalidade ficou em 29,6%. 

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Lucas Veloso

Jornalista, cofundador e correspondente de Guaianases desde 2014.

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