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Rolê

Com hino da Champions e R$ 100 mil em prêmios, conheça a Copa Pioneer

Torneio reúne 80 equipes da cidade e da Grande São Paulo

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Por: André Santos

Publicado em 17.01.2019 | 14:04 | Alterado em 23.11.2021 | 13:16

Tempo de leitura: 5 min(s)

Sexta-feira à noite, Vila Doroteia, bairro da região de Pedreira, na zona sul de São Paulo perto da cidade de Diadema. Em um gramado sintético, uma queima de fogos dura mais de 15 minutos para marcar o início de um torneio do futebol de várzea. Ao fundo, porém, o que toca é o hino da Champions Legue (Liga dos Campeões da Europa).

“A Champions é o melhor campeonato do mundo, tudo que eu faço é inspirado nela”, afirma Sérgio Pioneer, 43, diretor responsável pelo marketing e pela busca de parceiros para a competição.

Tinha início assim a terceiraSuper Copa Pioneer com o confronto entreMocidade Esporte Clube (MEC) da Vila da Paz, e o Vila Remo, do Jardim Ângela, ambos da zona sul da cidade, e que deram o pontapé inicial na corrida pelo título.

A cerimônia de abertura foi no CDC Parque Doroteia no último dia 11. Aproximadamente 4 mil pessoas compareceram ao campopersonalizado com símbolos da ‘orelhuda’, nome do troféu inspirado na liga europeia.

Mocidade e Vila Remo fizeram o primeiro confronto do torneio (Rafael Santana /Pioneer/Divulgação)

Um dos principais torneios varzeanos, a Super Copa estima movimentar R$ 3 milhões entre premiação (o total ultrapassa os R$ 100 mil), gasto com estrutura, equipe de arbitragem, pagamentos de jogadores e comércio informal no entorno das sedes dos jogos.

“O comércio local até muda o horário de funcionamento de acordo com o calendário dos nossos jogos”, explica Sérgio.”Já investimos em torno de R$ 180 mil na reforma das nossas duas sedes (CDC Doroteia e Arena Santa Amélia, ambos na zona sul da cidade), e ainda tem coisas para melhorar”, afirma Pioneer.

Ao todo são 80 times com representantes das zonas sul, norte, leste e oeste de São Paulo, além de outras cidades da região metropolitana. Uma empresa de telefonia é o principal patrocinador, mas há outros 12 apoiadores.

Fogos clareiam o céu na abertura do torneio (André Santos/Agência Mural)

A copa começou em 2016, ano em que o time Pioneer completou 35 anos (foi fundado em 1981). O escudo lembra a imagem de um ralo – uma brincadeira do dono do time.”Queria criar um novo escudo pro Pioneer. Ainda não tinha conseguido alguma coisa que me agradasse. Daí um dia eu tava tomando banho e olhei pro ralo do banheiro e pensei ‘isso aqui da um escudo legal’. Fiz umas mudanças e cheguei no escudo do Pioneer. A inspiração foi o ralo”.

A equipe conquistou títulos como a Copa Kaiser e era uma das principais de São Paulo, quando o Pioneer decidiu criar a competição com as principais equipes da cidade.

A primeira edição do torneio gerou prejuízo a Pioneer, mas deu as bases que necessitavam para se tornar um dos principais torneios da várzea.Para participar da Super Copa Pioneer o time precisa desembolsar R$ 3.700 e ainda passar por uma avaliação dos organizadores.

Uri, técnico do MEC, passando instruções para o seu time na beira de campo (André Santos/Agência Mural)

“Jogamos a Pioneer porque esse é o principal campeonato da várzea, com certeza o diferencial aqui é a organização”, afirma Uri, 44, técnico do MEC atual campeão da ‘Orelhuda’.

A organização conta com aproximadamente 90 pessoas, todas voluntárias: recebem um lanche para trabalhar. Banheiros e vestiários são limpos, há uma equipe médica com ambulâncias, aparelhos médicos e medicamentos. Uma loja do Pioneer com vários produtos do time à venda.

O campeonato conta com 16 grupos de cinco times, divididos em duas sedes: o CDC Doroteiae oSanta Amélia. Eles jogam entre si e os dois primeiros passam para a fase de mata-mata, que é definida em jogo único.

As equipes podem fazer cinco substituições por jogo e cada partida tem duração de 70 minutos, dividida em dois tempos de 35 minutos, mais acréscimos.

Torneio é considerado um dos principais em São Paulo (André Santos/Agência Mural)

Segundo a organização, há o investimento em R$ 90 mil em arbitragem. A equipe de arbitragem se comunica com rádios o tempo todo, as placas que sinalizam substituições e acréscimos são eletrônicas e os árbitros passam por treinamento e acompanhamento psicológico, nutricional e físico, rotineiramente, é o que afirma Willians Rocha, presidente da WD Arbitragem, responsável pelas partidas.

Para acompanhar o alto nível da copa, Willians diz que investiu mais de R$ 10 mil em tecnologia. “Lançamos a comunicação via rádio na várzea, facilita o trabalho de todos”.

A empresa ainda fez um aplicativo onde todos podem acessar as informações dos jogos, como cartões e suspensões. “Senão perdemos credibilidade”, conclui Willians. A ideia é evitar confusões que, por vezes, ocorrem no futebol profissional, em que times foram punidos por terem entrado em campo com um atleta suspenso.

O regulamento é rígido, afirmam os organizadores, e prevê punições por confusões, agressões, mau comportamento da torcida, proibição de fogos de artifícios e rojões, entre outras infrações.

Para garantir o cumprimento das regras, os idealizadores dos campeonatos criaram o grupo “O Organizador das Copas da Várzea de São Paulo”. Punições dadas em umas das copas integrantes do grupo, valem para todas as outras. Desse grupo fazem parte os principais torneios da várzea como a Copa do Busão, Copa Nove de Julho, Copa Negritude, Copa da Paz, Copa Martins Neto, entre outras.

O torneio conta com área de imprensa e credenciais e a Pioneer também conta com sua própria equipe de comunicação composta por um narrador, equipe de filmagens e um programa chamado TV Super Copa Pioneer.

Diretor do Pioneer e responsável pelo setor de credenciais, Vander Costa, 40, disse que mais de 100 credenciais foram entregues no jogo inicial. “Abertura é assim, ano passado eu nem consegui ver o jogo. Mas, esse ano eu vejo, de qualquer jeito”.

O jogo na sexta-feira à noite foi uma aposta, mesmo com o risco de perder público por conta da concorrência com bares e baladas. “Quando eu disse que ia colocar rodada na sexta à noite, teve gente que falou que eu estava doido, que não ia dar certo. Mesmo assim criamos a ‘Super Sexta’ e tem vindo muita gente. Lançamos até uma bola especial pra jogar de noite”.

O JOGO

De um lado o atual campeão Mocidade Esporte Clube, mais conhecido como MEC. Do outro, o tradicional Vila Remo, que existe desde 1972 e conta no currículo com títulos da Copa Anhanguera (2014) e da Copa Capela do Socorro.

As torcidas fizeram muito barulho, batucada e acenderam sinalizadores, o que causou uma rápida paralisação no segundo tempo da partida por conta da fumaça que vinha da torcida do MEC.

No final, o MEC venceu por 1×0 com gol de Dodô (Douglas Tadeu da Silva), 26. “Fico feliz. Eu fiz o gol do título ano passado, que foi o último do campeonato e hoje fiz o primeiro. Coloquei na cabeça que ia fazer e fiz”, comentou o atleta durante o intervalo.

Com o final da partida teve início a apresentação de um grupo de pagode e da resenha futebolística (bate papo pós-jogo).

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André Santos

Jornalista, entusiasta do carnaval, do futebol de várzea, de bares e cultivador assíduo da sua baianidade nagô! Correspondente do Jardim Fontalis desde 2017.

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