Zona norte possui 7,1 km de malha viária, seis vezes menos que a Sé, na região central
Por: Redação
Publicado em 10.10.2017 | 13:45 | Alterado em 10.10.2017 | 13:45
Patrício da Silva Elias é ciclista e mora na Brasilândia, na zona norte da capital paulista. Acostumado a pedalar pela região, o técnico de informática reclama da má conservação e diz que a manutenção da malha viária piorou nos últimos anos.
Uma delas fica na avenida Ministro Petrônio Portela, na Freguesia do Ó, que possui 2,6 km de extensão, uma das principais vias locais, servindo de passagem obrigatória para milhares de pessoas todos os dias. A outra está na avenida Padre Orlando G. Silveira, na Brasilândia, que embora possua apenas 0,8 km é uma das mais prejudicadas.
“No trecho do rodoanel, por causa da obra, a gente não consegue passar por lá sem o risco de cair por conta da lama; as sinalizações também estão cobertas por barro”, afirma Elias. “Os motoristas não respeitam, e os carros tendem a invadir mais as ciclovias agora, já que têm pessoas estacionando”, completa o técnico de informática.
De acordo com a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), a região norte da capital paulista está na lista daquelas com menos ciclovias disponíveis, apenas 7,1 km, e ainda com poucos quilômetros de extensão.
O 32xSP percorreu algumas ciclovias da Freguesia do Ó e da Brasilândia e flagrou vias desbotadas, buracos e sujeira atrapalhando o trajeto dos ciclistas.
Segundo a Prefeitura Regional de Freguesia do Ó/Brasilândia, “a manutenção das ciclovias é feita sempre que identificada a necessidade, sendo que a CET fica encarregada de sinalização vertical, horizontal e semafórica”. A administração regional, no entanto, não comunicou quando efetuará o serviço novamente.
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A insatisfação do ciclista Elias parece refletir o que mais de um terço dos paulistanos acham sobre o uso de bicicletas na cidade. De acordo com a Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017, feita pela Rede Nossa São Paulo, Cidade dos Sonhos e Ibope, 38% dos entrevistados dizem que usariam bikes como meio de transporte caso houvesse mais segurança.
No ano passado, o índice representava mais da metade da população (51%), enquanto em 2015, 44% relacionaram a segurança ao interesse em pedalar.
Já a pesquisa realizada pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) em 2016, mostra que 48% dos entrevistados usariam bicicletas por serem “mais rápidas” para o deslocamento; já 28% por serem “mais saudáveis”; e 18% pelo fato de serem “mais baratas”.
Cristiane Campanini, 42, pedala há 15 anos por São Paulo, ainda quando as ciclovias estavam longe de ocupar a malha viária que, em junho deste ano, somava 418,6 km.
Entretanto, o retrato da distribuição e conservação de ciclovias e ciclofaixas representam desigualdades tanto de conservação quanto de distribuições geográficas.
“Já circulei em áreas nobres e na periferia, e posso dizer com propriedade que elas não são iguais”, argumenta a tosadora de animais.
Segundo dados da CET, Cidade Ademar (zona sul) e Jaçanã/Tremembé (zona norte) são as regiões com menos quilômetros de ciclovias, com 1,1 km, cada; Cidade Tiradentes e Itaim Paulista (no extremo leste) têm 2,0 km e 2,4 km, respectivamente; e M’Boi Mirim (zona sul), também possui 2,4 km. Já a Freguesia ocupa a sétima posição, com seus 7,1 km.
“Na periferia as ciclovias não têm o mesmo cuidado que nas regiões centrais, como num curto trecho que existe na avenida República do Líbano [na Vila Mariana, zona sul], pequeno, porém impecável. Não vi grande circulação de ciclistas ali, mas o piso é perfeito”, ressalta Cristiane.
A Vila Mariana possui 23,6 km de malha viária, uma das maiores da cidade, também como a Lapa (zona oeste) com 31,7 km; Butantã (zona oeste) tem 39 km; e a líder, a Sé (região central), contabiliza 45,4 km de ciclovias — seis vezes mais do que a Freguesia do Ó/Brasilândia.
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