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Com Ludmilla Cover e Rilary Love, Parada LGBT+ em Cotia retorna após 13 anos

Moradores relatam os desafios de ser LGBTQIAPN+ nas periferias da cidade e a importância do retorno da marcha

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Arquivo Pessoal

Por: Halitane Rocha

Notícia

Publicado em 24.08.2023 | 18:22 | Alterado em 24.08.2023 | 18:22

Tempo de leitura: 3 min(s)

“Sendo uma pessoa bissexual preciso me reafirmar o tempo inteiro para as pessoas e nas periferias”, relata Amanda Cena, 23, confeiteira e fotógrafa que participará da 4ª Parada do Orgulho LGBT+ em Cotia, na Grande São Paulo, no sábado (26).

O evento volta a ser realizado na cidade após 13 anos, em um momento em que as paradas têm se espalhado pelas cidades da região metropolitana e tentam ampliar a visibilidade sobre o tema.

“Quase não se é falado e quando o assunto chega em espaços públicos e debates com a prefeitura, é só em datas específicas. Porém, mais do que isso, para mim é um rolê de encontro, de enxergar a população LGBT da cidade e me enxergar dentro dela”, ressalta a moradora do bairro Água Espraiada.

O evento começa no Calçadão Central de Cotia, a partir das 12h, com saída do trio elétrico às 14h para Marcha do Orgulho até a prefeitura, onde haverá uma concentração com apresentações do coletivo Raízes Ubuntu Arte e Cultura, os DJs Thi Negre e DJ RR, os cantores Leeh Bernard e Isac Leite, a performer Laryssa Cóllins, além da artista Ludmilla Cover e da drag Rilary Love.

Amanda cita a falta de lugares que sejam acolhedores à população no município, desde comércio a bares. Além disso, o evento pode ser um espaço de encontro para quem não teve acesso às outras paradas.

Devido à falta de transporte acessível e sempre trabalhando em Cotia ou Vargem Grande Paulista, Amanda nunca teve a oportunidade de ir à tradicional Parada do Orgulho LGBT+ da avenida Paulista, em São Paulo.

Amanda relata que faltam espaços para receber população LGBT em Cotia @Léu Britto/Agência Mural

“Não temos lugares para esses encontros, têm poucos bares e comércios na região onde me sinto acolhida e representada”, lamenta. ”Os espaços que promovem isso não pensam em ser convidativos e acolhedores para gente, pelo menos não me alcançam e atraem”, completa.

Para ir até a Paulista, ela precisaria pegar dois ônibus e um metrô. “A Parada [de Cotia] parece uma oportunidade de conhecer essas pessoas e até de nos articularmos melhor juntos. Para além de nos fazer visíveis para a cidade, nos fazer entre nós mesmos.”

Retorno

O evento é organizado pelo DiverCidadania, presidido por Dudu Ferrari, 38, morador do bairro Turiguara, mais conhecido como Morro do Macaco. Ele conta que frequentava os ambientes “Friendly/LGBT” da cidade. Um deles era o antigo bar Butterfly, onde um grupo de amigos iniciou conversas para a realização da primeira parada, de forma independente, em 2008.

Na época, Dudu ainda frequentava a igreja. “O episódio que me acionou gatilhos foi enquanto a última Marcha do Orgulho [em 2010] passava pelo centro de Cotia, meus pares religiosos criticavam a população LGBTQIA+ da pior maneira possível”, relata Dudu, que decidiu se afastar da igreja para seguir apenas no ativismo pelos direitos humanos.

Dudu é um dos organizadores da Parada LGBT em Cotia e já sofreu violências por conta do gênero @Arquivo Pessoal

Nessa época, Dudu também relata que foi assaltado e agredido com um paralelepípedo no olho, com a ameaça de que “gay tem que morrer” e quase ficou cego. “Carrego as cicatrizes do preconceito e da violência de identidade de gênero e diversidade sexual que a população LGBTQIA+ sofre no Brasil”, desabafa.

Apesar dos gatilhos na vida pessoal, Dudu continuou lutando pelo orgulho e visibilidade da comunidade, trazendo inclusive, o retorno da Marcha do Orgulho em Cotia. O antigo responsável da organização se ausentou por motivos pessoais, o que ocasionou a interrupção por mais uma década.

“No período pós-pandêmico, os movimentos voltaram a se reunir dentre os quais, o de Organização de Paradas. Em março de 2023, iniciei os diálogos para a volta da Parada do Orgulho LGBT+ de Cotia”, disse o presidente do evento. “A comunidade aguardou o restabelecimento da organização antiga, o que não aconteceu, e também as ausências contaram muito para a não realização”, explica.

“A ausência de eventos, de inclusão ou de afirmação, pode resultar na perda do empoderamento das pessoas LGBTQIA+, como já ocorre no presente”

“Nossos corpos nas ruas desafiam os estereótipos e combatem o preconceito e as violências, pavimentando o caminho de uma sociedade mais justa em todos os âmbitos”, conta o presidente da DiverCidadania, sobre a importância do retorno do Parada do Orgulho em Cotia.

4ª Parada do Orgulho LGBT+ de Cotia

Endereço: Calçadão Central de Cotia

Horário de funcionamento: Sábado (26), a partir das 12h. Saída do trio elétrico: 14h

Show: A partir das 15h no palco central

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Halitane Rocha

Produtora do podcast Próxima Parada e correspondente de Cotia desde 2018. Mãe de gêmeas e 2 gatas. Família preta e do axé… muita treta!

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