Magno Borges/Agência Mural
Por: Paulo Talarico
Notícia
Publicado em 25.10.2024 | 10:10 | Alterado em 25.10.2024 | 16:39
A Grande São Paulo terá segundo turno em sete cidades no próximo domingo (27), em uma campanha na qual, em geral, as periferias ficaram fora do debate, com exceção da capital paulista, onde Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) tentam reivindicar proximidade com os territórios.
Terão votação neste fim de semana três cidades do ABC: São Bernardo do Campo, Diadema e Mauá; além de Guarulhos, Barueri e Taboão da Serra.Os resultados você pode conferir ao vivo, domingo, na página especial criada pela Mural.
A disputa vai definir os partidos que mais terão prefeituras, após um primeiro turno em que PL, Podemos e PSD saíram com mais prefeituras.
O debate, porém, tem deixado de fora boa parte dos eleitores de bairros periféricos. Em Barueri, o tema foi discutido no segundo turno, após o vice-prefeito Beto Piteri (Republicanos) declarar em entrevista a TV Globo que a cidade não tem desigualdade.
“O que nós temos em Alphaville temos nas nossas escolas dos [outros] bairros”, afirmou, citando uma das áreas mais ricas da cidade. O tema foi explorado pela campanha de oposição, representada pelo ex-prefeito Gil Arantes (União), que criticou a falta de avaliação das desigualdades da cidade.
Apesar disso, Gil fazia parte do grupo de Rubens Furlan (PSB), prefeito que comanda a cidade há mais de 40 anos, entre mandatos dele e de aliados. Este ano, Furlan apoiou Piteri.
No primeiro turno, apenas o plano de governo de Sabrina Nabuco (PSOL) na cidade citava periferias na proposta registradas na Justiça Eleitoral.Sabrina foi a quarta colocada da disputa, que teve Beto na frente com 48,3% contra 39,8% de Gil.
No município de Taboão da Serra, a disputa entrou nas páginas policiais após o atual prefeito Aprígio (Podemos) sofrer um atentado. Ele segue hospitalizado. O gestor disputa contra Engenheiro Daniel (União). O candidato esteve perto de vencer no primeiro turno a disputa, ao chegar a 48,9% dos votos e tem o apoio do prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), de quem foi secretário municipal.
Em ambas cidades, dois partidos de direita ou de centro disputam as gestões, embora a esquerda, por meio da federação PT-PCdoB-PV, apoie Aprigio e Beto Piteri.
Em São Bernardo do Campo, duas siglas de direita também disputam o páreo, após Luiz Fernando (PT) ficar em terceiro. O PT declarou neutralidade no município.
Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania) tentam chegar pela primeira vez ao comando do executivo. O atual prefeito Orlando Morando (PSDB) não conseguiu emplacar a sobrinha Flavia Morando (União) e decidiu apoiar Marcelo, que foi vice-prefeito dele até 2022. Deputado federal, Alex era considerado um dos favoritos, e tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio.
Na cidade, um dos temas mais presentes na reclamação dos moradores das periferias é a situação do transporte público, em uma cidade onde a tarifa do ônibus municipal está R$ 5,95.
As demais cidades vivem o enfrentamento de esquerda e direita. Em Diadema, o atual prefeito Filippi (PT) busca a reeleição, mas saiu atrás no primeiro turno contra Taka Yamauchi (MDB). Na primeira rodada de votação, Taka teve 47% dos votos contra 45% de Filippi, que tenta um quarto mandato.
Nos planos de governos dos dois candidatos, apenas Filippi cita as periferias. Em geral, as falas são em torno da introdução do plano de governo, e com uma proposta: “Executar as obras de revitalização e melhorias nos núcleos habitacionais Marilene e Gazuza, viabilizadas pelos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2024 – Programa Periferia Viva”
Ao lado, em Mauá, o atual prefeito Marcelo Oliveira (PT) enfrenta o ex-prefeito Átila Jacomussi (União), em uma eleição marcada pela disputa judicial. No primeiro turno, Oliveira teve 45% contra 35% de Atila.
O impasse na cidade é porque Átila teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral por ter tido as contas rejeitadas pela Câmara Municipal, sobre o período em que era prefeito. A Lei da Ficha Limpa aponta que é inelegível aquele que tiver contas rejeitadas. No entanto, Átila pode concorrer enquanto recorre ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
As periferias aparecem brevemente nos planos de governo dos candidatos. “O foco de nossa gestão foi o de garantir investimentos na periferia e planejar novos investimentos em infraestrutura (mobilidade urbana, habitação social, saneamento, entre outras)”, afirma Marcelo.
Já Átila citou propostas na área de moradia. “A regularização fundiária de interesse social é o principal mecanismo de manejo do poder público e deve ser intensificado com os recursos oriundos de outras esferas governamentais, como o PAC-Periferias Vivas.”
Na segunda maior cidade da Grande São Paulo, o ex-prefeito Elói Pietá (Solidariedade) e Lucas Sanches (PL) disputam o segundo turno. A votação em Guarulhos terminou com Sanches tendo 33% contra 29% de Pietá.
Na disputa, os planos de governo trouxeram poucas menções ao Pimentas, região que concentra os maiores bairros periféricos da cidade.
Pietá era do PT e deixou o partido, após a sigla decidir lançar o deputado Alencar no pleito. Caso vença, será o único gestor do Solidariedade na região metropolitana.
O candidato cita no plano de governo uma vez as periferias da cidade, com a proposta de “qualificar os bairros periféricos, valorizar e estimular novas centralidades regionais”.
Já Lucas é o único candidato do PL no segundo turno da Grande São Paulo e superou o candidato Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos) que tinha o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No plano de governo apresentado, ele cita as periferias com a proposta de levar áreas verdes para os bairros dessas regiões.
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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