Por: Redação
Notícia
Publicado em 02.08.2018 | 17:00 | Alterado em 13.03.2023 | 16:07
A cidade de São Paulo tem convivido com dias frios, com termômetros que chegaram a 14º.Operadora de câmeras em terminais de ônibus na zona sul da cidade de São Paulo, Adriana Matos, 43, sabe bem o que fazer quando se depara com uma pessoa em situação de rua: ela pega o telefone, liga para a central 156 e solicita ajuda da Coordenadoria de Pronto Atendimento Social (CPAS), que funciona 24 horas por dia.
“Eu converso [com o morador em situação de rua] e pergunto se quer ir. Quando aceita, eu chamo; caso contrário não é acionado o serviço. Muitos pedem para chamar”, explica Adriana, que trabalha no período noturno. Segundo ela, a maioria dos moradores de rua não é resistente a ir para os abrigos.
Esta atitude simples pode ser tomada por qualquer pessoa. No inverno a participação da população de toda a cidade é fundamental para evitar que a população em situação de rua fique exposta ao frio intenso, especialmente nas madrugadas, e corram risco de morte.
A baixa temperatura, somada à baixa imunidade, pode ser uma combinação fatal para a pessoa em situação de rua. Um mês antes da chegada do inverno, na madrugada de 21 de maio, por exemplo, a capital paulista registrou 8º de média. Naquele dia, dois homens morreram em ruas da região central e da zona oeste.
Dez dias antes do ocorrido, a Prefeitura havia divulgado o “Plano de Contingência para Situações de Baixas Temperaturas” no Diário Oficial. “A ação segue até 30 de setembro e será reforçada sempre que a temperatura atingir o patamar igual ou inferior a 13º, ou sensação térmica equivalente”, informa a Prefeitura em seu site oficial.
De acordo com dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), 15.905 pessoas viviam nas ruas de São Paulo em 2015. A crise econômica dos últimos anos pode ter elevado esse número para aproximadamente 20 mil.
“Com os efeitos do desemprego em massa e a falta de oportunidade, a recessão econômica gerou um cenário em que houve um crescimento na população em situação de rua”, afirma, em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS).
A pasta informou à reportagem do 32xSP que disponibiliza 18 mil vagas em seus 104 centros de acolhida espalhados pela cidade. “A equipe socioassistencial realiza a busca ativa diariamente, mas não pode obrigar as pessoas a irem para os equipamentos”, disse a secretaria.
Embora o número tenha crescido desde 2017, 37% da população da cidade quer a ampliação dos Centros de Acolhida, dos Centros de Acolhida Especiais e dos Centros Temporários de Acolhimento e 27% quer a ampliação da rede de atendimento socioassistencial, de acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo – Assistência Social na cidade”.
Como Adriana trabalha em terminais de ônibus, ela costuma acompanhar todo o atendimento. Mas qualquer pessoa que identificar um morador de rua em dias muitos frios – ou em qualquer outro dia – pode ligar para a Central 156 e solicitar o atendimento.
O 32xSP ligou para a central. A opção no menu é 0; depois 1. Após anotar o número do protocolo, é necessário aguardar (tempo de espera pode variar) o atendente e passar as informações necessárias.
A solicitação pode ser feita de forma anônima, mas alguns dados são importantes: endereço da via em que a pessoa em situação de rua está (o número pode ser aproximado); citar pontos de referência; e características físicas e detalhes das vestimentas da pessoa a ser abordada. Não é necessário aguardar a chegada da equipe da Prefeitura.
Das 8h às 22h, a assistência é feita pelos orientadores socioeducativos dos Serviços Especializados de Abordagem Social (SEAS). Entre 22h e 8h, quem realiza a abordagem é a Coordenadoria de Pronto Atendimento Social (CPAS).
“Preferencialmente, o assistido é encaminhado para o local mais próximo de onde mantém vínculo. Caso os locais mais próximos estiverem com lotação máxima, é feito o encaminhamento para os locais mais próximos possíveis”, explica a SMADS.
Adriana afirma que viu um morador de rua negar a ajuda porque sairia do Grajaú e seria encaminhado para a Lapa, onde a prefeitura mantém um abrigo emergencial com 80 vagas – o outro, com 400 vagas, funciona na região central.
De acordo com a SMADS, o morador de rua acolhido pode ser encaminhado novamente para o seu território de origem, caso solicite no dia anterior. A pasta não informou quanto tempo demora para que o atendimento seja realizado.
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