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Conheça o criador de um pipa malvadão na zona norte de São Paulo

Por: Danielle Lobato

Quando um pipeiro corta a linha do outro no céu é comum ouvir que ele meteu um ‘malvadão’. Foi dessa gíria que Marcel Confortini Darvin, 35, decidiu criar a própria loja de pipas, na Vila Maria, zona norte de São Paulo

O artesão, mais conhecido como Cição, é o criador da “Malvadão Pipas” e possui uma coleção que ultrapassa a marca de 45 designs diferentes.

Os modelos são variados, com pipas de tamanhos entre 60 cm e um metro e meio, que podem ser pedidos diretamente pelo Instagram — o preço pode variar entre R$ 2,50 e R$ 200, dependendo do tamanho e do material escolhido. Cerca de 200 pipas são vendidas por semana, além de linhas e rabiolas. 

Pipas vendidas por Cição tem preços que variam de R$ 2,50 a R$ 200 @Arquivo Pessoal

Malvadão também é um personagem que estampa alguns modelos e surgiu por conta de um palhaço que Cição criou para uma antiga marca de acessórios, voltadas para o mundo do skate, a Malacos.

“Descarregava muita linha e a pipa ficava longe. Queria um desenho que desse para ver de longe. E aí, desenhei esse nariz de palhaço no meio, cortei os dois olhos e a boca. Quando terminei, olhei e falei ‘Nossa, esse pipa ficou com cara de Malvadão”, lembra Cição.

Com a primeira produção artesanal em casa, em 2020, Malvadão alcançou destaque nas redes sociais por meio de uma publicação do youtuber Cássio do Relo, que possui 530 mil inscritos. O vídeo mostra uma pipa criada por Cição voando por quase 18 quilômetros.

“Foram 1 milhão de visualizações. A partir daí que explodiu, porque todo mundo queria saber quem fez. A popularidade fez com que eu abrisse uma loja de pipas.”

Cição com as suas obras Malvadão Pipas @Arquivo Pessoal

A conta dele no Instagram reúne mais de 50 mil seguidores. Além dos clientes do território, o artista conta que tem admiradores em todo o mundo, principalmente de brasileiros que moram no exterior.

“A pipa hoje em dia está se tornando um quadro também. Tem gente que compra e põe numa moldura, guarda como uma lembrança porque é um trabalho manual muito bem feito”, explica o vendedor.

“Aqui dentro do território é bem legal também ver pessoas de todas as idades comprando pipas. Me lembra a infância de quando eu era garoto e brincava com pipas”, diz o artista sobre a valorização do negócio. 

Quanto ao processo de fabricação, Cição explica que a pipa passa por alguns processos até ser enviado ao cliente, tais como: a elaboração da arte, a escolha dos materiais, a montagem das varetas, a passada de linha na armação e a colagem. Para a confecção e venda, Cição conta com a ajuda de um sócio, Ricardo Alexandre, 48, morador de Vila Maria. 

“Empinar pipa é show. É acessível, inclusive para aqueles que têm deficiência. Aos 27 anos fui vítima de uma bala perdida que atingiu a medula espinhal. Infelizmente perdi os movimentos da perna, mas a memória afetiva da infância permaneceu e ainda consigo empinar pipa normalmente”, diz Ricardo.

Atualmente, Cição é também vendedor de roupas no centro de São Paulo e tem planos de crescimento para o Malvadão com o lançamento de uma adega e barbearia.

“Estamos ampliando o nosso espaço, porque percebemos que quem chega para comprar pipas também quer beber água, refrigerante e até aquela breja para curtir a tranquilidade do pipa”, diz o vendedor, que quer ampliar o negócio.

“Outro sonho é se transformar numa marca de roupa. Nós já fazemos camiseta com a estampa de pipa. Estamos confeccionando os bonés. Queremos também uma linha mais voltada para o streetwear.”

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