Sidnei Junior mora na Jardim Elvira, na periferia de Osasco, o artista fala sobre seu trabalho por meio do alter ego “homem saudade” que representa personagens com estética das periferias
Por: Redação
Notícia
Publicado em 16.11.2020 | 17:51 | Alterado em 17.11.2020 | 16:18
Neste episódio o “Em Quarentena” apresentou o trabalho de Sidnei Junior, que usa o alter ego “O Homem Saudade” para representar em suas ilustrações personagens com a estética das periferias.
Sidnei, 24, é arte educador, artista visual e ainda atua em vários projetos e coletivos. Desde que nasceu, ele vive no Jardim Elvira, na periferia de Osasco, na Grande São Paulo. Seu trabalho artístico busca fortalecer a noção de identidade.
“Eu espero que meu trabalho consiga abrir portas para que mais figuras periféricas, estilos e estéticas, estilos de vida, alcancem a cena assim. Então, eu espero que o meu trabalho não só abra portas como também gere a noção de identidade, que seja um trabalho representativo também”. (ouça a partir de 00:161)
Ele contou ao podcast da Agência Mural que é autodidata e sempre gostou de desenhar. E que além de ser formado em artes visuais, já fez diversos outros cursos na área.
No entanto, foi quando começou a pensar mais sobre sua identidade e origens que o artista passou a desenvolver o tipo de trabalho que busca fazer atualmente.
“Me entender como homem preto me fez olhar pro meu passado e ver tudo que me foi negado referente a educação, sobre a história do povo preto, sobre nossos ancestrais. (a partir de 01:41)
Ele também explicou que o nome ‘O Homem saudade’ representa a saudade de uma coisa que não existiu na verdade. “Uma coisa que eu sempre vivenciei por ser um homem preto, mas eu não sabia o que era. Então é um alter ego meu enquanto artista, então toda minha produção artística gira em torno do homem saudade”. (ouça em 01:53)
O arte educador utiliza o Instagram ‘homem saudade’ para compartilhar seu trabalho, composto por personagens em maioria negros, com tatuagens, roupas e acessórios comuns nas periferias.
Ele enfatizou ainda que apesar de grandes lojas e marcas estarem se apropriando desse tipo de estética, infelizmente, ainda existe preconceito.
“Quando a gente vê os menor do funk, os crias de quebrada, os moleques vestindo sei lá, uma Ciclone, um Oakley, um Nike Shox, assim, tipo camiseta de time de várzea, são figuras que não são representadas. Porque dentro dessa sociedade que tem origem colonialista, escravocrata e racista, esse perfil, infelizmente, para a sociedade é o perfil de bandido, é o preto vestindo uma camisa que ‘se pá’ não é original, não é de uma marca dessas que eu falei, é o estereótipo do marginal, do vagabundo”. (ouça em 02:42)
Sidnei contou também que o trabalho do “Homem Saudade” vem gerando bastante identificação nas pessoas e que tem recebido feedback de algumas comentando que estão curtindo.
“Eu procuro ser um pouco minucioso, então o estilo de tatuagem que a menozada faz aqui, o estilo de roupa, sei lá, uma camiseta da Pullman, um short da Oakley, um chinelo da Nike, um boné da Cyclone. Porque é assim que a galera [usa]. É uma mescla muito louca de culturas e conhecimentos dentro da estética dos moleques de quebrada”. (em 03:48)
Se quiser ver os desenhos acompanhe o trabalho do artista no Instagram “o_homem_saudade”. No futuro, ele pensa em criar histórias para esses personagens.
E pra conhecer mais projetos das periferias, é só continuar acompanhando o site da Agência Mural: agenciamural.org.br. Por lá você acompanha também conteúdo atualizado sobre o coronavírus.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #58 – Segunda Temporada – Conheça o ilustrador de Osasco que representa a estética periférica.
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