Dona de salão em Pirituba relata que desde que reabriu o estabelecimento os cuidados estão sendo redobrados
Por: Redação
Notícia
Publicado em 19.10.2020 | 15:07 | Alterado em 22.11.2021 | 15:54
Neste episódio, o “Em Quarentena” conversou com Jackeline Souza, 33, proprietária de um salão de beleza em Pirituba, noroeste de São Paulo. Ela contou como está sendo a rotina no salão para conseguir manter a segurança no atendimento enquanto a vacina do coronavírus não chega.
Jackeline Souza é sócia com a mãe em um salão de beleza que existe há 31 anos. Ela abriu o programa falando como tem sido na prática esses cuidados que vão desde o uso constante de máscaras e passa pela limpeza frequente das cadeiras, a ‘cada levantada da cliente’, que, inclusive, está resultando em desgastes dos assentos.
“Se, por exemplo, a cliente vai pro lavatório a gente higieniza o lavatório e se de lá ela for pra minha cadeira, a minha cadeira está higienizada. Se por acaso a minha mãe usou o lavatório, eu tenho que higienizar pra minha cliente sentar lá de novo. Então é assim, até por isso que meu couro rasgou (risos) porque a gente fica limpando o tempo todo”. (ouça a partir de 00:01)
A cabeleireira reforçou que o local vivia cheio de gente, cliente que levava uma amiga, outra que chegava para pedir um encaixe, aquele ‘vuco vuco’ gostoso típico de salão de periferia. Com a pandemia o cenário mudou.
Primeiro, por causa do decreto do governador João Doria, que determinou o fechamento de salões por mais de três meses. E com a reabertura, em julho, com a cidade de São Paulo passando para fase amarela do plano de flexibilização da quarentena, chegaram também muitas mudanças para o funcionamento.
“A primeira coisa que eu fiz foi mudar os horários da agenda, né? Porque a gente aglomerava. Eu, por exemplo, fazia luzes e colocava três, quatro clientes intercaladas, vamos dizer assim. Então coloca o produto em uma, espera clarear na outra, já vai olhando o de outra. Só que como o meu procedimento demora muito, dependendo do cabelo, [agora] eu atendo no máximo duas por dia, uma de manhã e uma à tarde”. (a partir de 01:40)
Dentre os diversos processos da nova rotina, Jackeline mencionou que redobrou os procedimentos de limpeza, que exige o uso obrigatório de máscaras e colocou tapetes higienizadores na entrada do salão.
Mesmo com todos os cuidados, ela contou que algumas clientes ainda se sentem receosas de ir até lá.
“Quando eu percebo que a cliente tá com medo e receio, eu aconselho que ela não venha, que ela espere até se sentir mais segura, se sentir melhor”. (ouça em 02:29)
Para a cabeleira isso é importante porque a cliente pode se sentir em pânico ao ver alguém espirrar por algum alergia, por exemplo, e associar à Covid-19.
“Eu, por exemplo, tenho rinite e pela manhã espirro muito, então se ela me ver espirrando vai achar que eu tô com Covid. Então quando ela [cliente] não tá confiante eu falo pra esperar e marcar mais pra frente. Já teve várias clientes que eu desmarquei”. (em 02:43)
Em contrapartida, Jackeline também contou que algumas clientes acabam agindo como se a pandemia já tivesse acabado e que, às vezes, é difícil de explicar a razão de não haver mais encaixes de horário ou permissão para levar acompanhantes, por exemplo.
Vale sempre lembrar que, apesar da cidade de São Paulo estar flexibilizando ainda mais a quarentena, o coronavírus ainda está por aí. Só no nosso estado, a doença já matou mais de 37 mil pessoas, então todo cuidado é pouco!
Para saber mais sobre como as donas de salão de beleza das periferias estão se virando na pandemia leia a reportagem “Nas periferias, donas de salões de beleza buscam reconquistar clientela e manter segurança no atendimento”, assinada por Ira Romão, correspondente de Perus.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #39 – Segunda Temporada: Coronavírus e os salões de beleza na periferia.
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