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Cresce 40% número de MEIs no extremo leste de SP

Moradores buscaram cadastro após perder emprego; na Grande SP, houve aumento de 25% no número de inscritos

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Danielle Lobato/Agência Mural

Por: Danielle Lobato

Notícia

Publicado em 23.01.2020 | 9:00 | Alterado em 22.11.2021 | 15:54

RESUMO

Moradores buscaram cadastro após perder emprego; na Grande SP, houve aumento de 25% no número de inscritos - são mais de 1,2 milhão

Tempo de leitura: 4 min(s)

O talento na cozinha herdado da mãe e da avó foi o que garantiu a Altair Cláudio Gonçalves, 31, voltar ao mercado de trabalho. 

Morador do Itaim Paulista, no extremo leste de São Paulo, ele perdeu o emprego de atendente em uma empresa de telecomunicações. Foi quando decidiu abrir o próprio negócio: uma boleria caseira na garagem de casa. 

Embora tenha aprendido a fazer bolo com a mãe, Altair afirma que tudo começou quando uma amiga disse a ele sobre um curso gratuito, perto de casa, para se profissionalizar na área. 

“Não conhecia a escola, mas acreditei que daria certo. Eu tinha um aluguel para pagar e outras contas que ficaram, e só a minha esposa trabalhava”, lembra Gonçalves. 

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Morador do Itaim Paulista apostou nos bolos após perder o emprego @Danielle Lobato/Agência Mural

Mas não foi só Altair que, no Itaim Paulista, perdeu o emprego e teve de apostar no próprio negócio. Ele é um dos 13 mil microempreendedores cadastrados no distrito. Na região, houve um aumento de 39,6% em 2019, comparado ao ano anterior, de acordo com a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Trabalho. 

O aumento foi maior do que na região metropolitana, onde houve um salto de 25% em 2019 – são 1,2 milhão de pessoas enquadradas no sistema.

Para começar a empreitada, o investimento foi de R$ 1.000, que pagou com parte da rescisão do emprego anterior. Comprou um balcão semi novo e ingredientes. Para não pagar aluguel, montou a bolaria na garagem de casa e na hora de fazer o bolo usa a própria cozinha. Vende cerca de 120 bolos na semana, por valores entre R$ 10 a R$ 20.  

“Sem um trabalho de carteira assinada, preciso garantir meus direitos e com o MEI tem a cobertura de benefícios do INSS (Instituto Nacional de Seguridade  Social) como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Ou seja, uma proteção em caso de acidentes”, afirma Gonçalves. “Todo mês pago o boleto”.  

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Altair vendeu 120 bolos e decidiu seguir no negócio @Danielle Lobato/Agência Mural

O número de microempreendedores individuais (MEIs) no país ultrapassou em 2019 a marca de 9 milhões. Somente no estado de São Paulo, há 2,5 milhões de microeempreendedores.

O crescimento no número de MEIs está ligado a dois perfis, afirma o economista Marcelo Lopez, professor de empreendedorismo da USP (Universidade de São Paulo). Um deles são as pessoas que tinham o sonho de mudar de vida e estão insatisfeitas com a rotina dos atuais empregos. O outro são aqueles que identificaram uma boa oportunidade de negócio. 

“Hoje, 30% dos brasileiros empreendem por necessidade e 70% por oportunidade”, comenta. Apesar disso, ele alerta que é preciso cautela. Entre os economistas é comum o pensamento de que um recente empreendedor pode chegar à falência mais cedo. “É preciso ter um pé no chão e não sair gastando todas as economias”, conta Marcelo. 

Parte desses novos empreendedores são na verdade profissionais que não encontraram a opção de uma vaga via CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Desempregado, o bikeboy Lucas Ferreira, 28, aderiu ao sistema para trabalhar fazendo entregas de bicicleta por meio de aplicativos de delivery. Ele perdeu o emprego numa pizzaria há dois anos, mas ainda almeja voltar ao mercado com carteira assinada. 

Morador do Jardim Kemel, na zona leste, ele conta que chega a pedalar 40 km por dia. “Às vezes dá R$ 50 ou R$ 80 por dia. Mas é muito cansativo. Debaixo de sol ou chuva. Queria mesmo era arrumar um emprego registrado. Daí eu deixava esse trabalho mais para o fim de semana”, diz o entregador.

">MEIs (Microempreendedores individuais na Grande São Paulo)
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Há dois anos, Ferreira envia currículos. “Logo que fiquei desempregado, me sugeriram unir o útil ao agradável. Eu amo andar de bike, mas quando se trata de entregas é diferente. Não é fácil”, conta. 

Para entrar no ramo Ferreira foi obrigado a tirar o MEI que garante o registro em aplicativos de entregas que exigem CNPJ para o cadastro de entregador. “É bom porque nesse ramo tem vários acidentes, e pagando todo mês o boleto, garanto meus direitos”, conta. 

Quando começou nesse ramo, o entregador usava a bicicleta, mas há três meses, foi roubado. A única opção foi pegar emprestado a magrela de um amigo.

No momento, ele diz que a meta é conseguir prestar um vestibular na área de administração ou educação física e comprar uma moto para aumentar o número de entregas. Por enquanto, o curso universitário ainda esbarra no financeiro. Por mês, ele tira cerca de R$ 1.500 a R$ 2.000, suficiente apenas para sustentar a casa.

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Danielle Lobato

Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.

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