Por: Jessica Bernardo
Notícia
Publicado em 25.10.2022 | 15:03 | Alterado em 15.11.2022 | 7:27
A Agência Mural lança nesta terça-feira (25), no YouTube, o primeiro vídeo da série “Crias”, que vai contar histórias de pessoas das periferias da Grande São Paulo que têm se destacado em áreas de atuação que vão da cultura à arquitetura.
Com cinco episódios, a série será publicada sempre às terças-feiras e terminará em 22 de novembro, na semana em que a Agência Mural completa 12 anos.
Crias mostra como moradores de várias periferias se tornaram a referência que são hoje em suas profissões e comunidades, por meio de trabalhos em diferentes áreas. Os vídeos também serão publicados no Instagram da Mural, em uma versão mais curta.
No primeiro episódio, o artista Marcelino Melo, também conhecido como Nenê, conta como criou a série de obras “Quebradinha”, que reúne miniaturas de casas e comércios periféricos.
Hoje morador do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, Nenê chegou à capital paulista durante a adolescência, quando a família se mudou de Carneiros, em Alagoas, para o sudeste.
A ausência de memórias sobre a infância na cidade natal fez com que anos depois ele decidisse depositar parte das lembranças nas miniaturas da “Quebradinha”.
‘Decidi que as ‘quebradinhas’ seriam o meu álbum de fotografias, o lugar onde depositaria minha memória, para que olhasse para essas casinhas anos depois e ainda me lembrasse de quem eu era, ou quem fui, do que vivi’
Marcelino Melo, criador da Quebradinha
Para Nenê, o trabalho com a “Quebradinha” é um registro para o futuro, quando a estética das quebradas paulistanas já não será mais a mesma. “É muito afetivo, mas daqui a poucos anos na quebrada provavelmente vai estar tudo diferente, esteticamente falando”, afirma.
No próximo dia 5 de novembro, Nenê inaugura a exposição “Quebradinha, Escrevendo o hoje para que o Amanhã não fique sem Ontem” no Centro Cultural São Paulo.
No episódio que abre a série “Crias”, o artista fala também sobre o trabalho como fotógrafo aéreo. Nenê é dono da página “Menino do Drone”, no Instagram, onde publica imagens fotografadas em periferias brasileiras.
“O Menino do Drone é um fotógrafo aéreo, é um molecote que pega um drone e sai em diversas quebradas Brasil afora captando o que só os pássaros viam”, descreve.
Marcelino também é criador da página Menino do Drone @Reprodução/Agência Mural
O título da página remete à forma como ele era chamado pelas pessoas sempre que estava com o equipamento. Nenê conta que este é um de seus heterônimos.
“Na real eu criei alguns heterônimos. Se Fernando Pessoa podia, porque não posso, né? Ele tinha um monte, só tenho acho que uns 3”, brinca o artista.
Durante a pandemia, o trabalho de Nenê com as fotografias aéreas ganhou projeção nacional, quando ele registrou imagens de covas sendo abertas no cemitério São Luiz, no distrito de mesmo nome, que ficava a três quilômetros de sua casa na época.
A série de vídeo Crias foi realizada com os recursos do programa “Digital Video Masterclass Series”, promovido pela Meta em parceria ICFJ (International Center of Journalists). A Agência Mural foi uma das 15 selecionadas no programa, ao lado de redações como Nonada Jornalismo, SBT e Nexo Jornal.
Ao longo de dois meses, os jornalistas da Agência Mural Jessica Bernardo, Ingrid Fernandes, Pietra Alcântara e Rômulo Cabrera participaram de uma mentoria com Fred Bottrel, chefe de reportagens especiais na TV Globo em Belo Horizonte, para idealizar a construção da série.
Jornalista, cria de uma família de cearenses. Apaixonada por São Paulo, bolos e banhos de mar. Correspondente do Grajaú desde 2017.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
Agência Mural celebra 14 anos e lança pesquisa sobre comunidades de apoiadores no jornalismo
Grupo de rock negro leva Candomblé e ancestralidade para letras
‘Merecemos mais dignidade que a escala 6X1’, diz trabalhadora negra periférica
‘Quero retratar corpos que não são vistos como belo’, diz artista do Grajaú
Narrando cotidiano das periferias, escritor atípico de Itaquera denuncia desigualdade
Agência Mural celebra 14 anos e lança pesquisa sobre comunidades de apoiadores no jornalismo
