Léu Britto/ Agência Mural
Por: Jacqueline Maria da Silva
Notícia
Publicado em 12.11.2023 | 10:57 | Alterado em 16.11.2023 | 12:05
Se você mora ou já morou nas quebradas da Grande São Paulo, certamente o hip-hop já esteve presente no seu cotidiano, das mais variadas formas. Isso porque o movimento ganhou força e foi incentivado por diversos artistas da região, em especial das periferias, como uma forma de produzir arte crítica alinhada aos desafios da vida nas grandes cidades.
Por toda essa importância, neste domingo (12) é comemorado o Dia Mundial do Hip-Hop, um movimento que completa 50 anos de existência.
Vale dizer que o Movimento Hip-Hop vai muito além de um estilo de música ou dança. Ele é uma manifestação cultural das juventudes periféricas de diferentes países, que têm a proposta de provocar reflexões e ajudar a denunciar desigualdades.
O hip-hop é um movimento artístico que reúne quatro manifestações culturais principais: o Rap (ritmo e poesia); o Street Dance; o grafite; e os DJ’s e MC’s
O Hip Hop é um movimento cultural influenciado por uma diversidade de manifestações artísticas e estilos musicais, a maioria de origem negra e periférica, como funk, rock, blues e reggae.
Ele surgiu em 1970 em Nova York, mais precisamente no distrito do Bronx, um dos mais pobres e violentos da cidade.
O DJ jamaicano Clive Campbell é considerado o pai do movimento. Ele organizava festas nas ruas da cidade, nas quais fazia experimentações com vinis, isolando parte do instrumental do disco repetidas vezes. Essa experiência recebeu o nome de Break, considerado a base do Hip Hop.
Os jovens negros do Bronx tiveram grande importância para o movimento, como o DJ Afrika Bambaata que em 12 de novembro de 1974 fundou a organização não-governamental Zulu Nation, com o objetivo de combater a violênica urbana por meio da arte. Além de realizar festas, a ONG tentava atrair jovens para a cena do Hip Hop, por meio de reuniões e apresentações para gangues.
Uma das características mais marcantes do Hip Hop, que o ajudou a ganhar o mundo, é a possibilidade de improvisar letras com críticas sociais, dança e arte gráfica. Com todo essa personalidade, chegou no Brasil pouco tempo depois, em 1980, e São Paulo passou a ser considerado pelos integrantes do movimento como o “novo Bronx”.
São Paulo abraçou e incorporou o Hip Hop,com artistas remanescentes dos bailes black e do funk, como Nelson Triunfo e Funk Cia. As apresentações eram inicialmente em regiões centrais, como no cruzamento da Rua 24 de Maio com a Praça Dom José de Barros, no bairro da República, depois, na saída do metrô São Bento, também no centro da cidade.
Mas não deu outra: o movimento ganhou as periferias da cidade, justamente por ser uma arte acessível e de resistência. Dessas quebradas, eclodiram referências do rap nacional e internacional como Racionais Mc’s, Thaíde, Sabotage, Criolo, Emicida e Negra Li, além de consagrados artistas de Grafite, como Crânio e Kobra.
Em Diadema, na Grande São Paulo, está localizada a Casa de Cultura de Hip Hop mais antiga do país, com 24 anos de existência. De lá pra cá foram fundados diversos outros espaços com o objetivo de preservar e incentivar o movimento.
Casa de Cultura Hip Hop Jaçanã
Endereço: Rua Maria Amália Lopes de Azevedo, 4.180
Endereço: Rua 24 de Maio, 38 – Jd. Canhema
* Com informações da Fundação Palmares.
Repórter da Agência Mural desde 2023 e da rede Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project. Vencedora de prêmios de jornalismo como MOL, SEBRAE, SIP. Gosta de falar sobre temas diversos e acredita do jornalismo como ferramenta para tornar o planeta melhor.
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