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Em Pirituba, enchente muda feira de local após 50 anos e divide opiniões

Transferência de endereço ocorreu após feirantes perderem barracas e mercadorias; parte dos frequentadores reclama da distância e do aumento do trânsito

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Por: Renan Cavalcante

Notícia

Publicado em 04.02.2021 | 9:35 | Alterado em 22.11.2021 | 15:59

Tempo de leitura: 3 min(s)

A ida à feira no dia 28 de janeiro foi um pouco confusa para os moradores da Vila Zatt, em Pirituba, na zona noroeste de São Paulo. Tudo porque a feira livre, que funcionava desde 1971 na rua Vigário Godói, foi transferida para a avenida Miguel de Castro, paralela ao endereço original. A mudança ocorreu após as chuvas do dia 14 de janeiro, que inundaram a rua e prejudicaram os 118 feirantes.

Agora os profissionais tentam recuperar dos prejuízos. “Devido à enchente, muita gente perdeu material, barraca, muita coisa. Entrou água no nosso motor, e gastamos R$ 10 mil só para arrumar o caminhão”, conta o feirante Marcelo Tucci, 26.

Ele divide com o pai na feira o espaço que já foi do avô. “Temos que comprar tudo de novo, aos poucos, né. Não dá pra comprar tudo de uma vez”.

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A feirante Regiane Maria Guedes da Silva diz se sentir segura com o novo endereço da feira (Renan Cavalcante/ Agência Mural)

Outra feirante prejudicada foi Regiane Maria Guedes, 42, que mantém uma barraca de tempero há seis anos no bairro. Apesar de ter perdido o carro na enchente, ela se sente aliviada em trabalhar em um local mais seguro.

“Para mim está melhor. Não ia dar para viver ali com medo de acontecer novamente o que aconteceu”, assegura.

Para quem mora na rua Vigário Godói, a mudança foi a melhor saída. É o que pensa a administradora Carla Di Santis, 45. “Essa rua não comporta uma feira livre, porque há mais de 40 anos ela enche. E aí aconteceu o que aconteceu no dia 14 [de janeiro]”, explica.

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Os feirantes dizem que foram impedidos de montar suas barracas por moradores e pela polícia na semana seguinte à enchente e que a mudança para a avenida Miguel Castro ocorreu após terem se reunido com a prefeitura.

A Agência Mural entrou em contato com a prefeitura para questionar se os feirantes foram ou não proibidos de montar a feira no dia 21, mas não obteve resposta. Foi informado apenas que, no dia em questão, os feirantes participaram de reunião com a administração municipal.

A prefeitura também afirma que a feira foi transferida de local “devido às solicitações de feirantes e munícipes em reuniões com a administração pública, por conta das fortes chuvas ocorridas nas últimas semanas e que não há previsão de que a feira volte ao seu local de origem”.

TRÂNSITO E DISTÂNCIA

Longe de ter resolvido todos os problemas, o novo endereço da feira criou também um novo problema: intensificou o trânsito. No primeiro dia da instalação, ela ocupou um trecho de cerca de 400 metros da avenida Miguel de Castro, entre a avenida Joaquim Nazareth e a rua Tomé de Almeida e Oliveira.

A interdição obriga os motoristas a buscarem desvios nada práticos, o que causou congestionamento no entroncamento nas vias próximas.

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Primeiro dia de feira na avenida Miguel de Castro, em Pirituba, causou trânsito na região (Renan Cavalcante/ Agência Mural)

Para Carla Di Santis, o engarrafamento poderia ter sido evitado com a transferência da feira para um trecho atrás da avenida Joaquim de Nazareth entre a rua Francisco Spino. “Como fizeram mais para frente então não tem como desviar”, sugere.

A solução da administradora deixaria o desvio de carros e micro-ônibus muito menor, mas não tão prático em dias de chuva, já que o novo desvio seria feito pela rua Vigário Godói, da qual os feirantes não têm boas lembranças.

Além do trânsito, outros frequentadores da feira da Vila Zatt, muitos deles idosos, reclamam da distância do novo endereço.

Ivone de Oliveira, 64, gostaria que a feira estivesse mais perto de sua casa, perto do Parque Rodrigo de Gásperi. “Para mim ficaria melhor. Eu tenho que me deslocar da minha casa até aqui, então fica um pouco longe”, sugere, com ponderação.

“Mas tudo bem. Gostei do espaço! Tem mais espaço, árvores que não deixam a gente pegar tanto sol, fica mais fresco.”

Já Claudenor Souza, 70, frequentador da feira há 50 anos, não aprova transferência da feira. “Foi péssima”, enfatiza o aposentado ao reclamar do aumento do trânsito e da dificuldade de acesso.

Apesar de agora precisar caminhar mais tempo para “fazer a feira”, Ludu Heining, 76, aprova a mudança. “Valeu, porque era terrível, qualquer chuvinha já enchia. Pra mim ficou longe, mas tá tudo bem. Pelo menos a turma não vai perder mercadoria”.

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Renan Cavalcante

Jornalista. Pós-graduando em Jornalismo de Dados. Correspondente do Jaraguá desde 2018.

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