APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias

Léu Britto/Agência Mural

Por: Felipe Barbosa

Notícia

Publicado em 13.11.2025 | 20:01 | Alterado em 13.11.2025 | 20:01

Tempo de leitura: 3 min(s)

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terá o segundo dia de prova em 16 de novembro. Em Embu das Artes, na Grande São Paulo, alunos que estão fazendo a prova não têm a opção de um cursinho preparatório desde 2017 e a proposta para a retomada do projeto foi barrada na Câmara Municipal.

No começo de setembro, a Comissão Mista do legislativo rejeitou o Projeto de Lei 16/2025, que permitia a criação da RMCP (Rede Municipal de Cursinhos Populares).

João Paulo Costa (União Brasil), Juneca (MDB) e Sandra Manente (Republicanos) foram contra o projeto, enquanto Rochinha (Avante), Índio Silva (Republicanos) e Gideon Santos Jr. (PV) se ausentaram da sessão.

Vereadores vetaram o projeto de cursinhos preparatórios para o Enem na região

O presidente da comissão mista, Léo Novais (PL), informou que o projeto precisa passar antes por cálculos de custos e avaliações adicionais da prefeitura para ser aprovado. Os legisladores afirmaram que uma nova proposta será enviada pela gestão municipal, mas sem prazo definido.

Autor da proposta barrada, o vereador Uriel Biazin (PT) criticou a decisão da comissão. “Além de garantir o acesso ao ensino superior e à educação profissional da periferia, a iniciativa busca incentivar a utilização das escolas públicas em horários que não são utilizadas”, conta.

‘Quando rejeitamos os cursinhos populares acabamos rejeitando essa juventude inteira que não tem o devido preparo’

Ingrid Grenfell, 17, estudante

Representante do grêmio da escola estadual Marcia Aparecida da Silva Faria Ries, no bairro Jardim Valo Verde, ela afirma que a falta de um cursinho preparatório se somou à insatisfação com o Novo Ensino Médio, modelo educacional que entrou em vigor no início de 2022.

Visita de alunos na câmara de Embu das Artes. Projeto de cursinho foi barrado na casa @Câmara Municipal de Embu das Artes/ Divulgação

O novo currículo do ensino médio retirou a obrigatoriedade de disciplinas da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), com exceção de Língua Portuguesa e Matemática. “Quando vamos fazer prova são cobradas matérias que não temos mais e o cursinho nos ajuda nisso”, complementa Ingrid.

Mesmo com isso, Ingrid se uniu aos colegas para divulgar o cursinho popular Mauro Mateus, que foi realizado na escola Marcia Aparecida da Silva Faria Ries neste ano, e teve o apoio de professores e do diretor Antônio de Jesus Rocha.

“Tivemos bastante suporte do nosso diretor que ajudou com que o cursinho fosse realizado aos sábados, além de diversos outros professores que nos apoiaram e complementaram as matérias do cursinho.”

Vereadores de partidos progressistas de cidades como São Paulo, Santo André ABC Paulista, Rio de Janeiro e Camboriú (SC) também protocolaram projetos de cursinhos pré-vestibular nas câmaras entre agosto e setembro deste ano.

De acordo com a Folha de São Paulo, o movimento nacional chamado de “Protocolaço dos Cursinhos Populares” foi impulsionado pela criação da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), iniciativa regulamentada pelo governo federal em março que prevê investimento de R$ 74,5 milhões para 324 cursinhos até 2027.

Elaine afirma que a implantação de cursinhos populares é uma iniciativa que democratiza o acesso à educação de qualidade @Elaine Gomes/Arquivo Pessoal

O programa do governo federal oferece apoio técnico e financeiro para a educação de alunos em situação de vulnerabilidade social. Para aumentar a matrícula desse grupo minoritário, a rede oferece apoio financeiro para a turma e uma bolsa mensal.

A professora Elaine Gomes, 31, atualmente leciona na escola particular Primeira Opção, no bairro Jardim Novo Embu, mas já lecionou por 7 anos na rede pública estadual. “O cursinho no município é uma resistência, um projeto muito importante a ser fortalecido”, conta.

Filha de pais analfabetos, ela e a irmã foram as primeiras da família a cursar o ensino superior. Elaine é formada em geografia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e destaca a importância das políticas de democratização do ensino superior para jovens em situação de vulnerabilidade social.

“Quando eu estava no terceiro ano da universidade, em 2015, eu consegui uma bolsa de intercâmbio para Portugal. Então, eu atrelo tudo isso à educação pública, por mais que tenha suas dificuldades e precariedades”, afirma.

A estudante Luana Paroneto, 17, está atualmente no terceiro ano do ensino médio na escola de tempo integral Madre Odette de Souza Carvalho, no bairro Jardim Novo Embu, e defende a criação de mais cursinhos populares no município.

A rotina de estudos da estudante consiste no uso de aplicativos de aprendizagem gratuitos, conciliados com tarefas domésticas e trabalhos autônomos.

A Prefeitura de Embu das Artes já chegou a oferecer cursos preparatórios nas escolas municipais Valdelice A. Medeiros Prass e Paulo Freire, mas retirou da sua grade sem notificação prévia no ano de 2017.

receba o melhor da mural no seu e-mail

Felipe Barbosa

Jornalista e profissional de marketing guiado por boas histórias e ideias. A comunicação é sua missão e lugar de fala. Correspondente de Embu das Artes desde 2023.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE