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Agência de Jornalismo das periferias

Por: Ellie Sasi

Notícia

Publicado em 14.10.2025 | 18:05 | Alterado em 14.10.2025 | 18:05

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Engana-se quem pensa que somente de vendas vive o empreendedorismo de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Há também quem improvisa e usa a própria moradia como um meio extra de fazer dinheiro. E não estamos falando do aluguel de casas — que é bastante comum na comunidade, mas sim da locação de lajes para festas.

Na ausência de quintal em grande parte das casas de Paraisópolis, bem como em outros bairros de São Paulo, a laje tem sido cobiçada para a realização de eventos festivos, como aniversários e o clássico churrasco de domingo.

Na região, um exemplo deste modelo de negócio é a Laje Glamour, propriedade da Vanaildes de Jesus, mãe de dois filhos, natural de Salvador (BA) e moradora de Paraisópolis há 25 anos.

Vanaildes sentada na beira da piscina da Laje Glamour, em Paraisópolis @Ellie Sasi/Agência Mural

A história dela começou de forma despretensiosa. Inicialmente, Vana decidiu deixar a laje da casa apta para que os filhos pudessem brincar, decidindo, então, construir uma piscina de alvenaria. A reforma chamou a atenção de uma amiga, que pediu o espaço emprestado para realizar uma festa de aniversário.

A partir desse momento, a moradora entendeu que a laje poderia ser mais que um espaço familiar e decidiu transformá-la em um negócio para complementar a renda.

Localizada na Rua Herbert Spencer, uma das ruas mais movimentadas de Paraisópolis, a Laje Glamour se destaca pela vista panorâmica da comunidade e pela estrutura com capacidade para 60 pessoas, que conta com:

  • piscina
  • churrasqueira
  • equipamento de som
  • equipamentos de luz
  • teto de vidro retrátil

A laje da Vana atende desde batizados até sets cinematográficos. Por lá, ocorreram gravações de videoclipes de MC’s famosos, como MC Hariel, Salvador da Rima e MC Soffia, e até de um filme premiado chamado ‘Mas eu não sou alguém?’, dirigido, inclusive, por Daniel Eduardo, também morador de Paraisópolis.

A piscina com vista para a comunidade de Paraisópolis @Ellie Sasi/Agência Mural

‘Coloquei o nome simbólico, Laje Glamour, porque Paraisópolis é um glamour’

Vanaildes, empreendedora

O espaço pode ser alugado apenas aos fins de semana, com aluguel custando R$700 por evento. O limite de horário é até o início da noite e o período de locação é de 11 horas . As chaves são entregues três horas antes do início da festa para organização.

A empreendedora conta que a lista de clientes tem aumentado bastante, especialmente no verão e em datas comemorativas.

A churrasqueira da Laje Glamour com algumas mesas para os convidados @Ellie Sasi/Agência Mural

“As pessoas querem vir para cá. No final do ano, elas já me ligam. Aqui elas se sentem seguras e podem ter uma vista incrível da nossa comunidade. Eles gostam do espaço e eu tento trazer uma qualidade no atendimento, para fazer com que eles se sintam na casa deles”.

Em paralelo ao negócio da Laje, Vana atua como cabeleireira e, recentemente, inaugurou o salão, que atende todos os públicos, mas possui enfoque em cabelos afros — crespos e cacheados.

Os cases de sucesso na comunidade não param

Aline Silva, 36, e Leonardo Silva, 40, são mais dois bons exemplos do ramo. Ambos são moradores de Paraisópolis e, assim como a Vanaildes, enxergaram a laje de casa como um negócio. Eles são proprietários da JC Laje, espaço para festas que existe há pouco mais de 7 anos na comunidade.

“Foi logo após construir nossa casa. Sempre fazíamos festas familiares na laje de casa. Um dia, um amigo perguntou se alugaria para a festa dele. Em seguida minha cunhada, que é decoradora, também perguntou se alugaríamos para um cliente dela. A partir daí, começamos”, explicou Aline.

Aline e Leonardo, proprietários da JC Laje @Arquivo pessoal/Divulgação

O espaço tem capacidade para 60 pessoas, e oferece mesas, cadeiras e decoração personalizada. O local costuma ser locado para aniversários, chá revelação, chá de bebê, chá de panelas e até casamentos. Os valores variam conforme o dia da semana.

Sextas e sábados: das 12h às 5h da manhã, por R$500

Domingos, feriados e dias de semana: das 9h às 22h, por R$400

A JC Laje ainda não é a principal fonte de renda do casal, mas complementa os salários de ambos — Aline trabalha com RH e Leonardo é motoboy.

“Hoje conseguimos lotar agenda, ter fila de espera, clientes fiéis. Para o futuro, que ele seja próspero, assim como tem sido. Deus está cuidando”, diz Aline.

O espaço JC Laje recebe cerca de 60 pessoas nos eventos @Arquivo pessoal/Divulgação

Empreender na laje dá trabalho, mas vale a pena

Apesar do sucesso, tocar um negócio desse tipo também exige jogo de cintura. Para Aline e Leonardo, a principal dificuldade é a bagunça que, às vezes, os clientes mais jovens deixam no espaço.

Já Vanaildes conta que, por ser mulher, precisou enfrentar a desconfiança de quem duvidava do seu trabalho.

“Primeiro é ser mulher. É um desafio todos os dias ser mulher e lidar com obra e com pessoas que tentam te desanimar, dizendo que isso ou aquilo pode dar errado. Mas você tem que ter fé e acreditar que o você quer pode acontecer. Você tem que fazer aquilo confiando que pode dar certo”, conclui.

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Ellie Sasi

Jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi e cofundadora do coletivo Quilombarte. É redatora, apresentadora e roteirista. Ama contar histórias através da escrita e do audiovisual

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