Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a cobrança pelo estacionamento na entrada da avenida Zaki Narchi é para aumentar a arrecadação para obras do parque e ajudar no pagamento de despesas mensais
Por: Redação
Publicado em 04.07.2017 | 15:02 | Alterado em 04.07.2017 | 15:02
Herdeiro da extinta Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru, o Parque da Juventude não tem qualquer relação com o passado trágico do lugar, mas esconde alguns perigos para os seus frequentadores. A área, que tem obras de arte, ruínas históricas da penitenciária e uma agradável vegetação de Mata Atlântica, tem também uma infraestrutura desgastada, com locais de alimentação fechados, equipamentos esportivos em mau estado e relatos de acidentes.
Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o início da cobrança pelo estacionamento na entrada da avenida Zaki Narchi, há três meses, teve “o objetivo de aumentar a arrecadação para obras do parque e ajudar no pagamento de despesas mensais”. Na outra entrada, a da avenida Cruzeiro do Sul, essa cobrança já era feita. Apesar da empresa responsável pelo estacionamento pagar R$ 31 mil mensais, os visitantes não têm notado melhorias ou mesmo serviços de manutenção do espaço.
Leia mais:
Más condições do Parque do Trote, na Vila Guilherme, afastam os frequentadores
Morador da região, o fotógrafo técnico pericial, Nivaldo Torres, 54, sempre traz o filho Lucca, 8, para andar de skate. Ele critica as más condições da pista, que prejudicam as manobras e já causaram acidentes. “Em vários pontos há buracos e cantoneiras soltas”. Para ele, a segurança do lugar é falha. “A vigilância é inoperante, se limita a ficar olhando. Em caso de acidente, nós mesmos temos que socorrer. Eles nem chamam uma ambulância”, relata. Sobre a questão do estacionamento pago, Torres avalia que tudo continua do jeito que era e até hoje ele não viu nenhum investimento no parque. O fotógrafo também reclama da falta de lanchonetes. “Aqui não tem nada para consumir. Você precisa sair ou comprar dos camelôs lá fora”, diz.
O estudante Gabriel Melo, 13, já sofreu um acidente na pista. Durante uma manobra, o seu skate passou em cima de um buraco e ele caiu. “Eu quebrei a clavícula e bati a cabeça. Não tive nenhuma assistência. Só um amigo me ajudou”. Para o garoto, a pista precisa de uma reforma total, já que está cheia de buracos e os ferros estão soltos. Além de apontar falhas na manutenção, o estudante Felipe Rodrigues, 22, também pede a presença de um orientador de skate para as crianças. “Aqui é perigoso”, alerta.
Nas quadras poliesportivas, os problemas também estão presentes. Os jogos de basquete são disputados na base do improviso, sem redes nas cestas e com as tabelas em más condições. Nas quadras de futsal, não há redes nos gols, enquanto duas outras, que estão esburacadas, não têm traves, tabelas ou redes e as linhas de marcação estão apagadas.
Ao lado do mau cheiroso córrego Carandiru, fica a área de recreação infantil. Os balanços estão desativados, faltam assentos e os suportes ficam enrolados. O motoboy Jairo Silva, 25, levou a família para se divertir no parque e se esforçou para manter a animação. “No parquinho, a situação está precária. Não tem mais brinquedos, só um balanço, os demais estão quebrados. O de cordas está arrebentado. Só dá para se divertir na areia”, diz. O motoboy não usou o estacionamento e deixou o carro em uma rua próxima. Ele considera absurda a cobrança, pois o parque é da população e, até agora, ele não teve melhoras. Silva também reivindica a instalação da lanchonete e uma maior conservação do espaço. “A gente vem aqui para trazer os filhos, precisa uma estrutura melhor. Parece que ninguém mais está ligando”, desabafa.
A opinião dos visitantes do Parque da Juventude confirma a baixa avaliação das áreas de lazer da cidade, divulgada pela última edição da pesquisa Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município). Na avaliação sobre a revitalização e conservação de parques, praças e várzeas existentes, a nota média foi de 4,2, na escala que vai de 0 a 10. Na região norte 1, onde segundo a divisão do Ibope está inserida a Prefeitura Regional de Santana/ Tucuruvi, a nota média foi de 3.9.
Sobre os problemas relatados pelos frequentadores, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente informou “que a equipe de manutenção foi acionada para verificar e proceder com os devidos reparos”. Em relação à assistência médica em caso de acidentes, o órgão afirmou que tem um procedimento de acionar o SAMU para socorro nesses casos. Sobre a falta de lanchonete, justificou que “há um processo licitatório em andamento que prevê um prazo em torno de 30 dias para o início das operações.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]