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Falta de luz já faz parte da rotina de quem vive na Ilha do Bororé

Era 31 de dezembro, último dia de 2016, quando o Grajaú ficou sem energia elétrica no período da tarde e a escuridão tomou conta de várias das festas de Réveillon. A situação só se normalizou por volta das 3h da manhã do primeiro dia de 2017, exceto na Ilha Bororé, um dos bairros do distrito da zona sul. Por lá, a luz só voltou no fim da noite do dia 2/1. O fato não foi uma exclusividade. Moradores reclamam há anos da constante falta de energia elétrica na região.

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Por: Redação

Publicado em 14.02.2017 | 12:57 | Alterado em 14.02.2017 | 12:57

Tempo de leitura: 3 min(s)

Era 31 de dezembro, último dia de 2016, quando o Grajaú ficou sem energia elétrica no período da tarde e a escuridão tomou conta de várias das festas de Réveillon. A situação só se normalizou por volta das 3h da manhã do primeiro dia de 2017, exceto na Ilha Bororé, um dos bairros do distrito da zona sul. Por lá, a luz só voltou no fim da noite do dia 2/1. O fato não foi uma exclusividade. Moradores reclamam há anos da constante falta de energia elétrica na região.

Após o caso ocorrido no Ano Novo, o bairro ficou no escuro mais duas vezes, apesar de ter sido por poucas horas. Edenilson Gomes, 52, morador da região há 30 anos, lembra que alguns anos atrás os moradores chegaram a ficar quase cinco dias sem eletricidade. “Aqui basta encostar num poste e já falta luz”, comenta.

Por causa da frequencia do problema, o motorista, que também possui um bar, comprou um gerador de energia elétrica movido a gasolina. Gomes pagou R$ 4.800 pelo aparelho, que consome um litro de gasolina a cada duas horas de uso. Todavia, no feriado de Ano Novo o gerador quebrou e ele precisou esperar a segunda-feira (2) para levar ao conserto. O caso rendeu alguns prejuízos no estabelecimento e Gomes perdeu peixes, sorvetes e cervejas.

O pescador José Márcio da Silva, 38, também é comerciante mas, ao contrário do colega, ele não possui gerador. Silva diz que nesses períodos entre o dia 31/12 e 2/1 o prejuízo no estabelecimento chegou a cerca de R$ 5 mil, pois também prepara refeições e muitos ingredientes estragaram-se. Ele ainda chama a atenção para a interferência da falta de energia no abastecimento de água, já que os moradores dependem de poços que usam bombas elétricas. Quando a reserva das caixas acaba, precisam improvisar.

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Torres de energia da Ilha do Bororé/ Crédito: Priscila Pacheco

No final de semana das festas de fim de ano, por exemplo, o pescador e sua família tomaram banho em um córrego possivelmente abastecido por alguma mina da redondeza. “Saímos e quando nós voltamos para casa estava muito calor e não tínhamos mais água. Aí tomamos banho lá no córrego”. Eles ainda encheram um galão de água para lavar louça. “Começou a ameaçar chuva a gente já tem que começar a se preocupar. Liga a bomba para encher a caixa d’água e separa as velas”, complementa Silva ao relatar que basta chover para a luz acabar.

A comerciante Josefa do Nascimento, 54, resolveu pegar água da Billings, represa que margeia a Ilha do Bororé, para usar no banheiro e tomar banho. Já a dona de casa Daniele Trezzi, 33, grávida de 3 meses e mãe de dois filhos, coletou água da chuva. Os alimentos guardados na geladeira dela também estragaram.

Outro problema decorrente das faltas constantes de energia elétrica na Ilha do Bororé é o perigo para dirigir na estrada escura. “Essas ruas são um perigo por causa das curvas. Fica tudo escuro. É complicado até para enxergar o pessoal no ponto, porque nem todo mundo tem aquela luz de emergência para clarear”, comenta Máximo Oliveira, 28, motorista da única linha de ônibus que circula no bairro, a 6L11-10 Ilha do Bororé/ Terminal Grajaú. “Quase teve uma batida entre dois ônibus numa curva”, relata Oliveira sobre o caso mais recente.

Modernização da rede elétrica

A AES Eletropaulo, empresa distribuidora de energia, informa que a maior parte das ocorrências na Ilha do Bororé são causadas pela interferência de galhos e de árvores que caem sobre a rede elétrica. A ocorrência do dia 31 de dezembro envolveu a remoção de duas árvores de grande porte por parte do Corpo de Bombeiros; a troca de poste e a reconstrução de cabos, realizados pela própria AES Eletropaulo. A empresa ainda ressalta que, para melhorar o fornecimento de luz na região, fará melhorias em 2017, como podas de árvores e a modernização da rede elétrica. O plano é trocar a fiação convencional para a compacta, uma rede mais resistente à queda de galhos de árvores.

De acordo com o Irbem 2017 (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município de São Paulo), pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, a região Sul 2, onde está a Ilha do Bororé, apresenta uma avaliação baixa no quesito iluminação pública. A média é 3,8 contra 4,2 da Sul 1, onde estão distritos, como Moema, Vila Mariana, Campo Belo e Saúde. A média mais alta, de 5,3, é da Leste 1, que abriga distritos, como Mooca, Belém, Tatuapé e Aricanduva.

Foto principal: Jo.escobar1/ Flickr

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