“Chefe, o que os meninos fazem, meninas podem fazer também”, a fala da pequena africana Sili no filme “A pequena vendedora de sol”, do senegalês Djibril Mambety, representa alguns dos debates que ocorrerão neste fim de semana no festival de cinema da zona leste.
O curta metragem é uma das obras que serão exibidas no Festival Palmares de Cinema (Fepalcine) existente desde 2012. O nome faz referência ao principal quilombo brasileiro, local onde os escravos se refugiavam, e faz referência a resistência e luta da população negra no país.
Em sua terceira edição, a iniciativa pretende fomentar o debate sobre pontos importantes para a sociedade, como a questão de gênero.
As mulheres serão retratadas em filmes e debates na categoria “Adelia Sampaio”, conduzida pela cineasta Renata Martins, ganhadora de diversos prêmios internacionais, além de criadora da série “Empoderadas”, uma web série documental que trata da valorização das mulheres negras.
“Temas como questão racial e gênero periférico só vem a somar com a gente de forma positiva”, afirma o poeta, cineasta e arte-educador, Akins Kintê, 32, curador das obras que tratam das periferias. “Temos uma televisão que todo dia nos afunila com estereótipos e sensacionalismo. Então, quando a gente se vê sorrindo ou debatendo nossas ‘fitas’ só tem a acrescentar”, completa.
Durante todo o fim de semana, dezenas de filmes com temáticas sobre os negros, a vida nas periferias e questões do cotidiano da zona leste serão exibidos de forma gratuita. Outras atividades, como contação de histórias, rodas de conversas e apresentações culturais estão na programação, disponível no site oficial do evento –http://fepalcine.org/index.html.
O festival é realizado pela Organização Cultural Poder Negro, que atua desde os anos 1990 com crianças e jovens de Ermelino Matarazzo, na zona leste. O grupo oferece oficinas culturais, como o cinema, além de promover produções ambientadas na zona leste da capital com os próprios aprendizes.
Outro destaque da mostra é o vídeo documentário “Jovens Sonhadores” com histórias produzidas por meninos e meninas que frequentam um CCA — Centro para Crianças e Adolescentes da Prefeitura — no qual eles contam seus objetivos e sonhos para o futuro.
“Poder contar sua realidade e sua história para as pessoas” é uma das propostas do Fepalcine, de acordo com o professor Paulo de Camargo, 28. “Também há formação de pessoas por meio do vídeo. O cinema educa, ensina e cria uma reflexão contínua sobre fazer escolhas, compreender melhor as questões sociais e sobre a nossa vida”, completa.
SERVIÇO:
Abertura: 4 de março, às 19h
Teatro do CEU Vila Curuçá — Avenida Marechal Tito, 3452 — Itaim Paulista
Festival: 5 e 6 de março de 2016, das 12h às 17h
Fábrica de Cultura Vila Curuçá — R. Pedra Dourada, 65 — Jardim Robru
Lucas Veloso, correspondente de Guaianases
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