As chuvas de janeiro causaram transtornos para os moradores dos bairros Jardim Vista Alegre e Jardim Damasceno, na Brasilândia, zona norte de São Paulo. No dia 19, um temporal fez com que os córregos da região transbordassem alagando diversas ruas da região.
As fortes chuvas também avançaram pela Grande São Paulo e provocaram deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos no fim de janeiro. Cidades como Franco da Rocha, Francisco Morato, Itapevi e Embu das Artes ficaram alagadas e mortes foram registradas. Na Brasilândia, o trauma de perder tudo voltou a ser vivido.
“Como posso definir esse dia [19]? Foi bastante desesperador. Essa é a palavra. Porque a gente se preocupou em ajudar as pessoas e salvar o que fosse mais difícil de conseguir de novo”, relembra a dona de casa Arliene da Rocha Santos, 35.
Moradora da Rua Ibiraiaras, que fica próxima ao Córrego do Bananal, Arliene conta que o volume de água no dia da enchente foi muito grande e rápido.
“A água estava quase no pescoço, vinha do rio e do bueiro que não comportou. Perdi só o carro, mas muitas famílias perderam tudo. Algumas só conseguiram salvar documentos e roupas”, diz.
A dona de casa Maria da Dores, 67, relata que estava sozinha quando a chuva começou. “Foi de uma vez. A metade das minhas compras foi embora. Perdi colchão, armário… O rio está entupido e as pessoas estão construindo em volta por não terem onde morar. E acaba acontecendo isso.”
Vizinha de Maria das Dores, a diarista Dilma Ribeiro Loureiro, 61, também passou por situação parecida e conta que está sempre em alerta com a previsão do tempo.
“Já passamos por isso ano passado. Mês de janeiro é assim, todo ano temos isso [enchentes] aqui. É um sofrimento, já estou desgostosa, procurando sair”
Dilma Ribeiro Loureiro
Ela subiu um batente e uma meia porta de ferro na entrada de casa para evitar que a água entre. Mesmo com essas medidas, ela precisou trabalhar muito no dia da enchente.
“Fiquei com a coluna ruim, fiquei quatro horas tirando água de casa com um balde sozinha. Não pode deixar essa água aqui porque danifica a parede. Fica caindo o reboco. Não perdi nada, mas teve vizinho que perdeu tudo”, diz Dilma.
Os moradores alegam que os serviços de manutenção dos córregos da região estão cada vez mais irregulares e que nenhuma assistência foi prestada após o ocorrido.
“Toda chuva é preocupante, porque o nosso rio é aberto. A prefeitura planeja cobrir e tirar as pessoas da beira do rio, mas só planeja e isso preocupa porque vem tudo para as casas”, conta Arliene, afirmando que a vizinhança está assustada.