Originalmente, a região foi povoada por imigrantes nordestinos que desembarcam nos sítios e chácaras de cana de açúcar entre meados das décadas de 50 e 60.
Por: Redação
Publicado em 03.04.2017 | 14:33 | Alterado em 03.04.2017 | 14:33
Um dos 280 mil habitantes do distrito da Brasilândia, Roberto de Castro Filho, 47, decidiu criar uma página no Facebook para contar a história da região. “Sou filho de pai mineiro e mãe paulista. Minha família foi uma das primeiras a morar aqui na Vila [Brasilândia]”, afirma o técnico de computadores. Na fanpage, Filho começou a publicar histórias sobre do surgimento do bairro homônimo aos moradores antigos, a maioria migrantes nordestinos que desembarcam nos sítios e chácaras de cana de açúcar entre meados das décadas de 50 e 60.
Carinhosamente chamada de “vila”, o bairro da Brasilândia, além de dar nome ao seu distrito, tempos depois se tornou o nome da prefeitura regional. Hoje, esta é uma das mais populosas da zona norte, com mais de 400 mil moradores.
Lançado há quatro anos, o canal virtual de Filho mudou de rumo e passou a dar visibilidade aos problemas locais, como buracos nas ruas, falta de pontos de ônibus, os lugares com maior incidência de assaltos e até mesmo desaparecimentos de pessoas e animais. “Tem até gente da Bahia que pede para publicar sobre um parente desaparecido aqui ou mães que reclamam de escolas que estão fechadas”, descreve. De acordo com Filho, a página tem servido como um jornal, inclusive com demandas que são encaminhadas à prefeitura. O número de “seguidores” é expressivo: 32 mil.
Ao lado do distrito da Brasilândia está o da Freguesia do Ó, lugar eternizado nos versos da música “Punk da Periferia”, cantarolada por Gilberto Gil: “Sou um punk da periferia/ Sou da Freguesia do Ó/ Ó! Ó Ó Ó Ó Ó Ó Ó!…” Com uma área de 10,50 km2, a Freguesia possui cerca de 50 bairros, onde moram 142 mil pessoas. Juntos, os dois distritos formam a Prefeitura Regional da Freguesia do Ó/ Brasilândia.
O forte sentimento de identidade por grande parte dos moradores não minimiza problemas crassos, como carências no transporte público, na saúde e de lazer.
Com promessa de entrega há 20 anos, o Hospital Municipal da Brasilândia, por exemplo, ainda está em fase de construção. Conforme dados do Observatório Cidadão, os dois distritos contabilizam 17 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) – índice considerado na média da cidade.
Também em obras está a Linha 6-Laranja do metrô, que ligará a Brasilândia à região central. Elas estão paralisadas há seis meses – a expectativa é de que as obras sejam concluídas em 2021. Outra preocupação referente ao transporte público é a redução de linhas de ônibus.
Além disso, os bailes funk, constantes na região, incomodam grande parte dos moradores, que reclamam frequentemente do barulho e do acúmulo de lixo.
Conselheiro e morador da Brasilândia, Rui Primo, 52, ainda engrossa a lista de demandas, como a instalação de córregos, segundo ele, prioritárias para a região. “Estamos realizando um projeto para canalização do córrego Manoel Bolívar- Brasilândia e do córrego Cavaton-Freguesia do Ó. Além disso, temos um projeto pronto, com obra para ser licitada. Diz respeito à canalização do córrego Rio das Pedras”, elenca o assessor sindical.
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