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Grajaú tem 10 vezes menos equipamentos culturais que o Butantã

Um ponto de leitura, um centro cultural e uma sala de cinema do circuito SPCine são os únicos três equipamentos disponíveis para atender a população

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Por: Redação

Publicado em 21.09.2017 | 14:00 | Alterado em 21.09.2017 | 14:00

Tempo de leitura: 3 min(s)

Quem entrar aos sábados no Centro Cultural Palhaço Carequinha, no Grajaú, vai encontrar pessoas sentadas em roda declamando poesia, fazendo debates e leituras em grupo. É ali que acontecem semanalmente, às 19h, as atividades do Centro de Arte e Promoção Social (CAPS) criado pela professora de filosofia Maria Vilani, 63.

Quando o projeto da educadora teve início, em 1990, não havia nenhum centro cultural na região. “[Naquela época] Nós do Grajaú íamos para a Casa de Cultura de Santo Amaro. Era o lugar mais próximo para se ver arte… E era uma minoria que podia fazer isso”, conta Maria, que abriu as portas da própria casa para fundar o coletivo.

Quase uma década depois da inauguração do CAPS, os moradores do Grajaú ainda enfrentam dificuldades para ter acesso a espaços municipais de cultura. Com mais de 360 mil habitantes, o distrito mais populoso da cidade de São Paulo possui apenas um equipamento municipal de cultura para cada 120 mil moradores.

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Maria Vilani, poeta que fundou o Centro de Arte e Promoção Social do Grajaú (foto: Jessica Bernardo)

Um ponto de leitura, um centro cultural e uma sala de cinema do circuito SPCine são os únicos três equipamentos disponíveis para atender a demanda de toda a população.

No distrito do Butantã, que fica na zona oeste da cidade, o número de equipamentos públicos de cultura é quase 10 vezes maior, para uma população que tem um sexto do tamanho daquela do Grajaú.

Para driblar o problema da ausência desses espaços públicos, outros moradores como Maria Vilani continuam a criar locais e atividades culturais no Grajaú por conta própria. Foi neste cenário que o Sarau Sobrenome Liberdade ganhou vida dentro de um bar no bairro do Jardim Angelina.

Com uma fórmula parecida com o da Cooperifa, no Jardim Ângela, o sarau, que hoje tem cinco anos, já trouxe artistas de toda a São Paulo para declamar poesia no Grajaú. “Vários artistas cruzavam a cidade para conhecer e fortalecer [o sarau], e foram fundamentais [no começo]”, explica o poeta Ni Brisant, 31, idealizador do Sobrenome Liberdade.

O artista conta que várias pessoas passaram a perguntar como fazer parte do sarau e desenvolveram, a partir dele, novos projetos. “O Sobrenome Liberdade é exatamente isso: inspiração para que as pessoas possam fazer, para que sejam protagonistas nas suas quebradas. O foco nunca foi centralizar.”

DIVULGAÇÃO RUIM

Apesar de crescentes, as alternativas para driblar a falta de incentivo público são insuficientes para cobrir toda a região. Além disso, vários moradores reclamam da divulgação dos espaços de cultura que já existem. “O Centro Cultural do Grajaú, eu descobri esse ano. Só sabia do da Vergueiro, do da Tiradentes… Ele é muito pouco divulgado”, conta a estudante Cleici da Cunha, 21, que conheceu o espaço do centro cultural depois que já estava no cursinho.

Vestibulanda de Medicina, a jovem afirma também que na época em que era aluna da Escola Estadual Professor José Vieira de Moraes tinha dificuldades para acessar até mesmo a biblioteca do local. Por causa da falta de bibliotecários, o acesso ao espaço só poderia ser feito deslocando outra funcionária para abrir a sala.

OUTRO LADO

A Secretaria Estadual de Educação informou que a E. E. Profº José Vieira de Moraes conta, desde 2011, com duas profissionais que cuidam da catalogação e empréstimo do acervo a docentes e alunos. As secretarias municipais de cultura e educação não responderam a nossa reportagem até a publicação desta matéria.

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