No Dia do Rock, conheça a banda Clenched Fist, fundada em 2000 no Jardim São Luís
Gabriela Vasques / Agência Mural
Por: Artur Ferreira
Notícia
Publicado em 13.07.2023 | 16:38 | Alterado em 13.07.2023 | 16:48
Dia 13 de julho é o Dia do Rock, que homenageia o gênero – e os seus vários subgêneros. A escolha da data é devido a um dos shows mais importantes da história, o Live Aid. O festival aconteceu em 1985, na Filadélfia, nos Estados Unidos, e em Londres, na Inglaterra, para angariar fundos para combater a fome na Etiópia.
Dos palcos dos festivais internacionais para as periferias, o estilo musical está presente com diversos artistas independentes. A banda Clenched Fist é um dos exemplos. Fundado em 2000, o conjunto de heavy metal tem raízes no Jardim São Luís, zona sul da capital paulista.
As principais influências do grupo são os músicos e bandas da década de 1970 e 1980. Artistas como Black Sabbath, Dio, Deep Purple, Running Wild, Iron Maiden, Whitesnake e Van Halen servem de inspiração.
A Clenched Fist tem quatro integrantes: Vagner Fist (vocalista), Juninho “Metal” (guitarrista), Herton Rodrigo (baterista) e Luiz Moura (baixista).
O nome da banda surgiu de forma inusitada, antes do primeiro show oficial. Vagner conta que, por não conseguir pensar em um título ideal, foi atrás de um dicionário em inglês. Quando viu a escrita e pronúncia de “punho cerrado”, soube na hora que aquela seria a denominação.
A reportagem da Agência Mural foi até a residência de Vagner, professor formado em história, onde fica o estúdio montado por eles para ensaiar e compor as faixas do novo álbum, o terceiro da carreira do grupo.
“Aqui nós fazemos nossos ensaios e ensaios abertos, chamamos amigos, pessoas do meio”, diz Vagner Fist, 49, que também é educador em projetos sociais. O músico convida outras bandas para usarem o espaço nesses eventos e divulgarem o trabalho de outros artistas.
“A maioria das bandas está nas periferias”, garante Vagner e Juninho.
Para Vagner, o rock e seus subgêneros sobrevivem nos bairros periféricos e na Grande São Paulo, como todos os outros tipos de música, seguindo a filosofia do “faça você mesmo”.
“Não tem muito investimento de incentivo à cultura, e as pessoas querem consumir, então elas mesmo vão lá e fazem, uma coisa meio ‘punk’”, diz o vocalista.
“Falta o pessoal criar [mais espaços nos bairros] para reconhecer a grandeza que tem o metal na periferia”
Vagner Fist, vocalista da Clenched Fist
Os membros da Clenched Fist admitem que o rock não é o gênero mais rentável, mas os dois primeiros álbuns alcançaram o público da cena underground.
Mas foi na Europa, em países como França e Romênia, e no Japão, que a banda fez um sucesso mais expressivo de vendas com seu segundo disco, desenvolvido e lançado por uma produtora francesa. O grupo recebeu convites para se apresentar em terras europeias, mas, por questões logísticas e de custos, nunca conseguiram realizar uma turnê internacional.
Vagner, que também é líder da banda, pontua que o rock o fez refletir sobre a sociedade de forma crítica, preocupado em buscar seus direitos e valorizar o acesso à cultura. “O heavy metal me ensinou tudo que eu sei, a forma de agir, pensar, de me vestir.”
Juninho “Metal”, 54, já atuou como metalúrgico e luthier. Integrante da Clenched Fist desde 2017, foi na infância que se apaixonou pelo rock e o heavy metal.
“Eu não tocava nada, até meu pai me dar meu primeiro violão. Escutava os discos do Black Sabbath e Van Halen e tentava imitar”, aponta o guitarrista.
Vagner e Juninho se viram pela primeira vez em uma sorveteria, em 1992, na cidade de Mongaguá, no litoral paulista. Vagner estava acompanhado de um de seus melhores amigos, o “Bigode”, um dos membros da versão “embrionária” da Clenched Fist.
“Eu estava fazendo um show cover de várias bandas, com um pessoal que era do grupo Máscara de Ferro, um dos mais antigos de São Paulo”, explica Juninho.
Quase duas décadas depois, ambos se reencontraram em São Paulo, em um evento de rock. Após uma longa conversa sobre música, trocaram contatos e nunca mais se afastaram.
Enquanto pensavam no novo álbum, o terceiro de sua discografia, veio a pandemia de Covid-19. “Foi quando ficamos ainda mais próximos”. De acordo com o vocalista, foi no lockdown que todo o processo de composição da banda funcionou à distância.
“Quando deu uma melhorada, em 2021, voltamos a nos encontrar no estúdio. Todo mundo ficava de máscara, um em cada canto com medo de pegar covid”, diz Vagner.
Mesmo afastados, as músicas fluíram. Juninho é responsável pelas harmonias e melodias da banda e explica que teve tempo de resgatar composições antigas dos anos 80 e refiná-las para usar nas novas faixas.
“Naquele momento era só eu, Juninho e Herton, o tripé da banda; e o Herton curte um metal mais extremo, Black Metal, tem conhecimento de jazz. Então ele dá um ritmo único pra banda”, comenta Vagner.
Agora, em fase final de produção, o álbum está sendo gravado e produzido em um estúdio profissional. A expectativa é que até o fim do ano esteja concluído.
A Clenched Fist pode ser encontrada no Spotify e no Instagram.
Jornalista e redator. Atuou nas redações do Observatório do Terceiro Setor e Rádio CBN. Adora livros, cinema, podcasts e debater sobre política internacional. Palmeirense. Correspondente do Jardim São Luís desde 2022.
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