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Rolê

Incentivado por professora quando jovem, grafiteiro de Mairiporã hoje dá aulas

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Por Humberto do Lago Müller | 28.03.2017

Publicado em 28.03.2017 | 13:00 | Alterado em 27.02.2024 | 16:43

Tempo de leitura: 2 min(s)
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Carlos Alexandre, o Carlinhos RooTSM, posa com um auto retrato seu em Mairiporã (Humberto Mülller/Agência Mural)

Foi nas ruas estreitas e escadões da Vila Sabesp, bairro próximo da região central de Mairiporã, que Carlos Alexandre Emílio, 34, o Carlinhos RooTSM (TSM de Todos São Manos) cresceu e criou raízes. Todas elas sempre ligadas ao grafite. Hoje, ao caminhar pelo bairro, e também pelo centro da cidade, é impossível não esbarrar em uma arte feita por ele, difícil também encontrar quem não o conheça ou o admire “na Vila”.

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Conhecido no bairro, suas artes sempre chamam a atenção da vizinhança (Humberto Müller/Agência Mural)

“O primeiro contato que eu tive com o grafite foi em 1996, na escola, e foi uma professora que me deu esse toque. Eu já desenhava desde criança, mas nessa época, além do desenho, só conhecia a pichação, onde eu comecei”, relata. A professora percebeu o envolvimento dele com o picho e o incentivou a conhecer melhor o grafite.

“Logo fiquei vidrado naquilo e fiz o primeiro desenho. Usei a arte tirada de uma revista de skate chamada Tribo”. Já em 1997, Carlinhos fez a primeira arte na quadra da escola Melchior, localizada na Vila Sabesp. O artista conta que na época usava Nugget (Marca de graxa e produtos para sapatos) para escrever, pois não tinha o acesso aos produtos que usa hoje, “tudo era feito no pincel ainda”.

O primeiro grafite que teve em espaço aberto em Mairiporã fez com um amigo em 1999 no escadão. Palco, aliás, de vários grafites, inclusive com um evento coberto pela Agência Mural. Nessa época surgiu o coletivo TSM, Todos São Manos; a ideia era criar algo que agregasse a todos, não só o grafite, mas outras expressões de arte e música, muitas delas também marginalizadas.

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Palco do primeiro grafite de Carlinhos na cidade, o escadão da região central hoje abriga artes suas, de amigos e também de alunos. Dentre elas está uma representação das belezas da cidade (Humberto Müller/Agência Mural)

“O grafite é, sem dúvida nenhuma, algo que me fez sofrer muito preconceito, mas que hoje tenho muito orgulho”. Atualmente, Carlinhos é formado em artes, já deu oficinas, inclusive em escolas, e participou de projetos como a Geloteca, geladeiras grafitadas por alunos que servem de biblioteca nas ruas da cidade. “A ideia do projeto é sempre incentivar o jovem a procurar o caminho na arte, mesmo que não seja no grafite, pois eu queria que cada um se encontrasse como eu me encontrei”, explica.

Em uma das oficinas ministradas, de 22 alunos, 15 eram meninas. No final, a maioria delas ainda estava no curso. Carlinhos ficou muito feliz com a participação feminina, pois acredita que as meninas têm uma visão diferente, às vezes muito pessoal, e trazem outra “vozes” para o movimento.

Já em 2014, idealizou o primeiro encontro de grafiteiros da região, para revitalizar parte da entrada da cidade.

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Por toda a cidade podem ser vistas suas máscaras, com influências indígenas e afro (Humberto Müller/Agência Mural)

“Querendo ou não, o que me levou até a universidade foi o grafite, inclusive meu TCC foi sobre seu ensino nas salas de aula e como vários movimentos da história da arte podem ser representados pela liberdade artística do grafite, algo contemporâneo mas que pode representar desde o barroco, o realismo, o abstrato, dependendo do traço de cada um”. Carlinhos diz ter um pensamento muito claro sobre como educar os jovens e como as artes podem influenciar positivamente a vida deles. “Nisso devo muito ao grafite também”, finaliza.

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Formado em artes, ele acredita que o interesse pelo grafite foi fundamental para que ele chegasse na faculdade (Humberto Müller/Agência Mural)

Humberto do Lago Müller é correspondente de Mairiporã

Produção da série: Priscila Pacheco, correspondente do Grajaú

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