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Maioria das zonas leste e norte é contra carinho de LGBTs em público

Em SP, 43% da população desaprova beijos e abraços entre casais homoafetivos em locais públicos; região central é mais tolerante

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Paula Rodrigues/Agência Mural

Por: Redação

Publicado em 20.06.2018 | 17:40 | Alterado em 20.06.2018 | 17:40

Tempo de leitura: 3 min(s)
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Em SP, 43% da população é contra a demonstração de afeto entre casais homoafetivos em locais públicos (Paula Rodrigues/32xSP)

Na Rússia, país que sedia a Copa do Mundo 2018, o afeto entre pessoas do mesmo sexo é proibido. O Itamaraty, junto ao Ministério do Esporte, lançou um guia com recomendações pedindo que homossexuais evitassem gestos de afeto nas ruas russas.

Apesar de ser o berço da diversidade, de acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade”, a realidade de LGBTs na cidade de São Paulo não é muito diferente: 43% da população é contra a demonstração de afeto entre casais homoafetivos em locais públicos. Zonas leste e norte lideram desaprovação; já o centro é o mais tolerante.

A pesquisa, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, aponta que a zona leste é a região que mais reprova a demonstração de afeto entre pessoas do mesmo sexo, com 50% de rejeição, incluindo beijos, abraços e andar de mãos dadas.

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Para a encarregada de estacionamento Daniela Ladario de Brito, 36, moradora da Vila Antonieta, bairro da zona leste de São Paulo, casais homoafetivos não devem se expor em público.

“Eu sou muito contra isso, eu acho que a gente não tem que expor a nossa vida para o público. As pessoas nos respeitando já está de bom tamanho, não acho que a gente tenha que expor a nossa vida. É feio um casal hétero se beijando no ponto de ônibus. Não acho que as pessoas estejam erradas”, defende Daniela.

Para o designer Marcelo Manha Vilela, 37, nunca ter sofrido LGBTfobia (preconceito baseado na orientação sexual ou identidade de gênero) na rua é sorte.

Ele mora na região central, local com mais aprovação de afeto entre pessoas do mesmo sexo, e acredita que essa discussão mostra o quanto estamos atrasados enquanto sociedade civilizada.

“Não poder demonstrar afeto interfere muito na nossa vida, tira nossa espontaneidade, limita parte da nossa personalidade. Não poder demonstrar afeto por quem eu gosto é uma violência ao nosso direito de sermos plenos”, argumenta.

A tradutora Flora Marques, 18, é moradora de Interlagos, na zona sul, terceiro lugar no índice de reprovação de afeto entre LGBTs, com 41% de rejeição, atrás da zona norte com 42%. Para ela, não poder demonstrar afeto é não ter o direito de amar.

“Eu vejo muito a sociedade implorando por igualdade, mas só quando há favorecimento pessoal. Já observei alguns olhares enquanto andava de mãos dadas com minha namorada pelo Metrô”, diz.

“Sinto que sou julgada por algo que simplesmente não escolhi ser e, por conta disso, faz parecer que não tenho os mesmos direitos como qualquer outro ser humano. É como se não tivéssemos o direito de amar”, pondera Flora.

O estudante de biologia Luigi Giovanni Mansueto, 18, é morador da zona sul e conta que já sofreu discriminação.

“Já recebi muitas encaradas e ouvi palavras sujas. Certo dia estava abraçado com meu ex-namorado numa estação de Metrô e eis que passa uma senhora dizendo que isso era coisa do Satanás, que Jesus condenava aquilo”, conta.

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“O tom dela era de discriminação total. Outro dia eu estava abraçado com um colega no ponto de ônibus e uns meninos passaram de bicicleta gritando ‘viadinhos de merda’, ‘vão morrer’”, relembra Mansueto.

Luigi acredita que os direitos devem ser iguais para todos os casais, héteros ou homoafetivos, e defende o afeto em locais públicos.

“Se os héteros cisgêneros têm direito a algo, não tem porque sermos privados disso. A demonstração de afeto entre LGBTs não traz nenhum efeito negativo na sociedade, isso só ajuda as pessoas a se autoaceitarem desde cedo, pois percebem que isto é algo normal e que não há nada de errado”, justifica.

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