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Maioria dos vereadores da nova Câmara vem das zonas leste e sul da cidade

A nova composição da Câmara Municipal terá metade dos vereadores vindos das zonas leste e sul da cidade. Ao levar em conta as prefeituras regionais de onde eles declararam ter imóveis residenciais, a da Mooca e da Capela do Socorro terão mais legisladores. Por outro lado, a capital paulista possui quatro regiões que não tiveram eleitos em 2016.

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Por: Redação

Publicado em 03.01.2017 | 13:41 | Alterado em 03.01.2017 | 13:41

Tempo de leitura: 4 min(s)

A nova composição da Câmara Municipal terá metade dos vereadores vindos das zonas leste e sul da cidade. Ao levar em conta as prefeituras regionais de onde eles declararam ter imóveis residenciais, a da Mooca e da Capela do Socorro terão mais legisladores. Por outro lado, a capital paulista possui quatro regiões que não tiveram eleitos em 2016.

Levantamento do 32XSP mapeou de onde são os 55 parlamentares que assumiram uma cadeira no último domingo, (1º). A presença nas regiões leste e sul pode ser ainda maior, tendo em vista que entre os vencedores, 19 tiveram suas votações mais expressivas na região sul e outros 20 na zona leste.

Os parlamentares são eleitos para representar toda a cidade, pois a votação não é distrital [Veja abaixo]. Na prática, porém, eles podem ajudar bairros a defenderem seus interesses em projetos relevantes da Câmara Municipal.

Formada pelos distritos do Tatuapé, Brás, Belém, Pari e Água Rosa, a prefeitura regional da Mooca terá vereadores de um amplo espectro partidário, mas que devem apoiar o prefeito eleito João Doria (PSDB), como Adilson Amadeu (PTB), Cláudio Fonseca (PPS), Gilson Barreto (PSDB), João Jorge (PSDB), Toninho Paiva (PR), Ricardo Teixeira (PROS), Noemi Nonato (PR) com imóveis na região.

No caso da Capela do Socorro, a região teve uma expressiva presença da bancada do PT, com Alfredinho, Arselino Tatto, Reis e Jair Tatto com propriedades na região. Além deles, Rodrigo Goulart (PSD) fecha a lista.

A prefeitura regional concentra distritos populosos, como o Grajaú, Cidade Dutra e Socorro, com quase 600 mil habitantes. Ao lado dela, Santo Amaro também aparece em destaque, com cinco parlamentares: Eduardo Tuma (PSDB), Fabio Riva (PSDB), Zé Turin (PHS), Milton Leite (DEM) e Quito Formiga (PSDB), além de Celso Jatene (PR), que tem imóveis no local, mas também na zona norte.

Lógica regionalizada

A eleição para vereador é feita no sistema proporcional, o que diminui o peso entre os políticos e a região. Os vencedores não são determinados pelos votos em um distrito, mas pela votação em toda a cidade e assumem uma vaga o parlamentar do partido que atingir o número suficiente de votos.

Porém, na prática, a lógica não é a mesma. A própria sociedade faz que, mesmo com um sistema proporcional, a gente regionalize o nosso voto”, avalia o cientista político Leandro Consentino, citando como exemplo vereadores que dizem serem a voz do bairro.

Um efeito prático é que alguns políticos buscam atender seus redutos eleitorais com as emendas apresentadas junto ao orçamento, para destinar verbas, ação semelhante a de deputados estaduais e federais. Isso pode trazer aquela sensação positiva de que ele está cuidando do meu bairro, mas tem uma visão negativa também, porque se todos pensarem assim, não vai ter quem pense a questão macro, no conjunto da cidade”, ressalta Consentino.

Representantes

O fato de ter vereadores dos distritos não significa automaticamente uma defesa dos interesses da região. É a avaliação de Jesus dos Santos, 32, do Movimento Cultural das Periferias. “É óbvio que dentro da Casa tem gente oriunda da periferia. O problema é para quem está a serviço da política que ali é produzida”, afirma.

Jesus faz parte de um grupo de vários coletivos culturais que se articularam para conseguir aprovar a Lei de Fomento às Periferias junto à Câmara. O projeto obriga a destinação de parte do orçamento da Cultura para iniciativas em regiões periféricas da cidade.

“Hoje o processo eleitoral funciona por conta dos cabos eleitorais, dos currais eleitorais, das trocas. É dessa representatividade que estamos falando?”, questiona. “A estrutura política que temos hoje é a mesma estrutura política que conserva desde o processo de colonização uma forma arbitrária de decidir os rumos da sociedade.”

Também do Movimento Cultural da Periferia, Pablo Paternostro, 27, aponta uma série de demandas que o grupo seguirá buscando na Câmara. “Estamos pautando a cultura, mas o que a gente pauta mesmo é a descentralização de todos os recursos da cidade para a periferia”, explica.

Entre eles estão as Casas de Hip-Hop, a reforma e requalificação de várias Casas de Cultura, o Plano Municipal do Livro, o Programa Jovem Monitor, Programa Aldeias, Lei dos Mestres da Cultura Popular, programação de atividades e eventos da cultura reggae, Programa de Gestão Cultural Comunitária de Espaços, execução do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais, Bolsa Cultura (Agentes Comunitários de Cultura), entre outros.

Sem vereadores

Apesar do sistema proporcional, os vereadores eleitos trazem um recorte grande de toda a cidade e quase 84% das 32 prefeituras regionais teria um representante, levando em conta os imóveis e onde tiveram as melhores votações (veja no infográfico abaixo). Por outro lado, os distritos pertencentes à Casa Verde e Vila Maria/ Vila Guilherme, na zona norte; Ermelino Matarazzo, na zona leste; e do Butantã, na zona oeste, não elegeram um parlamentar. A Lapa teria dois vereadores, mas Soninha Francine (PPS) e Daniel Annemberg (PSDB) foram nomeados para o secretariado de Doria.

Um dos exemplos está no Rio Pequeno, que pertence ao Butantã. Lá, o candidato Beto do Social (PSDB) teve 15 mil votos e liderou na região, mas seu resultado se restringiu apenas ao distrito e não foi suficiente para elegê-lo.

Consentino avalia que o importante não só para estes locais, mas para moradores de toda a cidade é ampliar a participação. “O cidadão deve se aproximar da participação política. A gente tem conselhos de políticas públicas, que são zonais, tem associação de moradores, temos muitos canais que de fato o cidadão não acessa”, diz.

A participação, contudo, deve ir além da lógica de apenas votar e pensar na política de quatro em quatro anos. “A gente tem tempo para um monte de coisa, para o futebol, para a novela.. Mas, se gastarmos um pouco do nosso tempo e, de fato, participar de uma forma mais democrática, mais cidadã, vamos perceber que é um trabalho complicado, mas que traz resultado no médio e no longo prazo”.

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Foto: André Bueno/ Portal da Câmara Municipal de São Paulo

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