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Moradores da zona sul perdem 21 dias por ano no transporte público de SP

Por: Redação

Estação Grajaú, no extremo sul de São Paulo (Rômulo Cabrera/32xSP)

Dos 365 dias do ano, 21 deles são gastos com mobilidade urbana na cidade de São Paulo. Os moradores das zonas sul e norte são os que mais tempo ficam dentro de ônibus e trens: são 2h05 para realizar a atividade principal, como ir ao trabalho ou à faculdade.

Esse número, no entanto, é maior quando se contabiliza todos os deslocamentos diários, saltando para 2h56, só na zona sul, conforme apresenta a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana na Cidade”, divulgada na semana passada pela Rede Nossa São Paulo, Ibope e MOB Cidades.

O 32xSP acompanhou o percurso realizado pela estudante de jornalismo Michelle Santana, 21, de sua casa, no Jardim Lucélia, no distrito do Grajaú, extremo sul da capital paulista, até o trabalho, na região central da cidade.

Saindo de casa às 6h50, ela leva pouco mais de um hora para chegar do seu bairro até o terminal Grajaú.

São mais de 8 horas quando Michele finalmente desceu no terminal de ônibus: 40 minutos depois do horário combinado com a reportagem.

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“Quando o transporte demora para chegar, pode ser coisa de cinco minutos, me faz perder a hora”, lamenta, explicando que enormes filas para entrar na lotação 6120/10 (Jardim Lucélia – Terminal Grajaú) são o motivo de atrasos constantes.

Já do lado de dentro da estação de trem Grajaú da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), integrada com o terminal urbano de ônibus, a estagiária aguarda pacientemente um trem menos cheio para entrar.

No meio de um empurra-empurra e aglomeração ela consegue embarcar no segundo trem sentido Osasco.

“Esses trens tem ar-condicionado, mas está sempre meio abafado, ou então muito frio”
Michelle Santana, estudante e moradora do Grajaú, na zona sul de SP

“Como não alcanço o ferro de cima, tenho que esperar para conseguir um espaço do lado das barras laterais próximas aos bancos”, explica.

A quantidade de pessoas impossibilita girar o tronco do corpo e trocar os pés de lugar. É preciso viajar praticamente estático até o destino final. “Hoje até que tá bom, nem tá cheio”, comenta Michelle.

Em Pinheiros, na zona oeste, ela desce e faz baldeação para a linha amarela do metrô, seguindo em direção à estação Luz. Já próximo ao prédio onde estagia, no centro de São Paulo, anda cerca de três quadras, em ritmo apressado.

Dentro do imóvel passa pela recepção, e quando consegue pegar o elevador, já são 09h30 – quase três horas depois de quando começou sua jornada rumo ao trabalho.

Fim de expediente, são mais 20 minutos a caminho da faculdade, na Vila Mariana. Concluída a última aula, por volta das 22h, a jornada de Michelle termina apenas à meia-noite, quando finalmente chega em casa. Por noite, são quatro horas de sono.

“Se eu passasse menos tempo no transporte, teria mais tempo para estudar, para lazer e para dormir”
Michelle Santana, estudante e moradora do Grajaú, na zona sul de SP

Também morador do distrito do Grajaú, o promotor de vendas Carlos Dias da Silva, 38, supera o tempo gasto por Michelle no vai-vem pela cidade. São cerca de seis horas por dia entre ônibus e trens.

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“Até chegar no Grajaú, eu demoro uns 40 minutos, isso quando o ônibus não passa cheio e eu não consigo entrar, porque senão é mais”, reclama Silva. Ele usa a linha 6016-10 (Jardim Noronha – Terminal Grajaú) para fazer o primeiro percurso do seu dia que conta com mais dois ônibus e um trem.

Para ele, que sugere como parte da solução ampliar a frota, menos horas no transporte público significaria menos estresse e mais tempo para realizar as tarefas da faculdade. “Você chega muito cansado em casa. É difícil”, conclui.

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