Fundado em 1955, o Hospital Sorocabana possuía 156 leitos destinados a pacientes do SUS, mas foi fechado em 2010 devido a problemas financeiros
Por: Redação
Publicado em 13.09.2017 | 5:19 | Alterado em 13.09.2017 | 5:19
Ao subir a rua Catão em direção à rua Faustolo, na Lapa, zona oeste da capital, é possível conferir em alguns postes de luz cartazes que pedem uma solução para o Hospital Central Sorocabana. Nos muros brancos e pichados do hospital, os anúncios aparecem com mais frequência, à medida que a portaria principal, localizada no número 1.633 da rua Faustolo, fica mais próxima.
Com os dizeres: “Por que a prefeitura abandona um hospital com 156 leitos? Hospital Sorocabana, público e aberto!”, “Lapa e Pompéia já tiveram 4 hospitais públicos. Por que hoje não tem nenhum?”, “Por que um hospital municipal que fazia 20 mil atendimentos por mês está fechado?”, os cartazes expressam uma das principais reivindicações dos moradores da região.
A reforma do hospital foi a proposta mais recorrente feita pelos moradores durante a audiência devolutiva do Programa de Metas 2017-2020, realizada em julho deste ano.
“Espero que o governo municipal inicie a reforma do Hospital Sorocabana que foi prometida em campanha. Seria reformar ou privatizar o Sorocabana, precisa dar uma solução para ele. É um hospital de referência na Lapa e moradores de regiões ao redor o utilizavam”, reivindica Roberto Galdi, 74, agente de relacionamento do Centro de Atendimento ao Trabalhador (CAT) e morador da Vila Romana.
Fundado em 1955, o Hospital Sorocabana possuía 156 leitos destinados a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) até o encerramento de suas atividades em 2010 devido a problemas financeiros e administrativos.
Com 14.900 m² de terreno e 10.834 m² de área construída, a administração de parte do prédio foi repassada para a prefeitura em parceria com o governo do estado. Em 2016, o governo estadual autorizou a utilização do prédio pela prefeitura pelo prazo de 20 anos.
“Era muito bom [o hospital], mas se fosse reaberto com mais especialidades seria melhor”, diz Maria Neide Rodrigues, 64, aposentada.
A moradora da Vila Piauí conta que, atualmente, utiliza os serviços de dermatologia do AMA Sorocabana e que começou a utilizar os serviços do hospital em 1971.
Com o Hospital Sorocabana fechado há quase sete anos, os moradores continuam a reivindicar as propostas e promessas que receberam ao longo desses anos.
Em 2012, foram inauguradas duas unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) no primeiro andar do hospital: a AMA Sorocabana, com atendimento 24 horas, e a AMA Especialidades, que oferece atendimento nas áreas de cardiologia, endocrinologia, urologia, reumatologia, neurologia, ortopedia clínica e vascular, dermatologia, otorrinolaringologia e oftalmologia.
Em 2014, uma unidade do Hospital Dia da rede Hora Certa foi inaugurada com 14 especialidades e 11 tipos de exames.
“Faz muita falta o Hospital Sorocabana. Antigamente, a gente era muito bem tratado, resolvia-se tudo aqui, era bem mais prático. Hoje em dia a saúde pública está uma calamidade a gente passa dificuldade para tudo. Gostaria que o hospital fosse reaberto para atender a população”, conta Aparecida Apparecido, 63, moradora do bairro Morro Doce, mas que viveu boa parte de sua vida no Alto da Lapa.
Segundo o Observatório Cidadão, a prefeitura regional da Lapa tem o número de leitos hospitalares abaixo da média, de 2,5 a 3 leitos hospitalares para cada 1.000 habitantes. A taxa é de 1,50, em 2016, o que corresponde a 483 leitos.
Já no indicador de unidades básicas públicas de atendimento em saúde, o número é de 9 UBSs no ano de 2016. Com a taxa de 0,28, ficou classificada como baixa/pior.
Entre as entregas de obras especificamente relacionadas à região da Lapa, apresentadas durante a audiência devolutiva do Programa de Metas na área da saúde estão:
• a readequação, reforma e/ou reequipação de três UBSs;
• implantação de uma nova equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF);
• implementação de uma nova equipe de saúde bucal;
• implantação de novas equipes de Atenção Básica com a contratação de 20 médicos;
• realização de, no mínimo, quatro ações intersetoriais de prevenção e promoção à saúde.
A Prefeitura de São Paulo foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento da matéria.
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