Magno Borges/Agência Mural
Por: Daniel Santana
Opinião
Publicado em 06.05.2025 | 12:31 | Alterado em 06.05.2025 | 13:17
A morte de um passageiro no metrô nesta terça-feira (6), na linha 5-Lilás, infelizmente, não é algo que surpreende. Muitas pessoas correm o risco de ficar presas entre as portas, em especial pela pressa e também pelo excesso de pessoas no horário de pico.
Costumo pegar o metrô da linha Lilás, principalmente quando há muita demora nos ônibus. Eu pego o ônibus da linha Metrô São Judas, que sai do Terminal João Dias (675I-10). Só que, quando o trânsito está muito intenso, acabo preferindo o metrô porque economiza bastante tempo.
Embarco na estação Giovanni Gronchi, que é uma estação com grande fluxo de pessoas e sigo até a estação AACD Servidor, no sentido Chácara Klabin.
Vou usar como exemplo algo que aconteceu há umas duas semanas. Tive que esperar passar uns cinco ou seis trens para conseguir entrar em um. As pessoas se empurram mesmo, é uma lotação absurda.
Inclusive, nesse dia, uma pessoa acabou ficando presa. Mas o procedimento foi diferente: quando perceberam que a pessoa estava presa na porta do vagão, ela conseguiu entrar com dificuldade, a porta se fechou e o trem seguiu viagem. Só que a porta de segurança da plataforma não abriu.
Isso me chamou atenção porque, por exemplo, na linha 4-Amarela, quando acontece esse tipo de coisa, a porta de segurança costuma abrir junto, justamente para evitar acidentes. Mas, nesse caso, só a porta do vagão abriu — a da plataforma não na estação Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.
Não dá nem pra culpar a população, porque a gente vive num sistema onde, se você se atrasa dois ou três minutos, o patrão já te cobra
Infelizmente, muitas pessoas vivem isso todos os dias, precisam fazer uma, duas, até três baldeações. É uma situação que acabou vitimando alguém, e com certeza essa pessoa estava só tentando chegar no trabalho.
É muito triste ver gente comentando que “a população tem que sair mais cedo”, como se isso resolvesse tudo. A verdade é que a população precisa chegar no horário para cumprir exigências de trabalho que muitas vezes são irreais.
A linha 5-Lilás do Metrô liga periferias da zona sul de São Paulo à região central da cidade. Saindo da estação Capão Redondo, passa por vários bairros do Campo Limpo e Jardim São Luís, antes de atravessar a ponte sobre o Rio Pinheiros e chegar a Santo Amaro. Esse ramal transporte mais de 500 mil pessoas por dia, e tem integração com as linhas 2-Verde e 1-Azul do Metrô e 9-Esmeralda dos trens.
A pressa virou uma consequência diária para quem vive nessa cidade. Acho que isso é uma realidade comum. O que aconteceu hoje foi uma tragédia anunciada, e agora vamos ver se alguma medida será tomada.
Normalmente, tudo fica só nas promessas — mais segurança, mais tempo entre os trens, mais composições… Mas, infelizmente, é muito triste. É lamentável que um trabalhador, uma pessoa, pague com a vida devido à pressa que o sistema impõe.
Jornalista, apaixonado por livros, samba e carnaval. Corintiano, vivo o futebol de domingo a domingo. Adoro contar histórias através do jornalismo.
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