Magno Borges/Agência Mural
Por: Cleberson Santos
Publieditorial
Publicado em 23.03.2023 | 13:43 | Alterado em 27.02.2024 | 16:38
As origens de um bairro no Capão Redondo, extremo sul de São Paulo, entender sobre o apagamento da história negra brasileira e a vivência de mulheres afro-indígenas na zona leste, por exemplo, são algumas das narrativas exibidas na mostra “OJU: Roda Sesc de Cinemas Negros“. Ao todo, o evento reúne 57 títulos de cineastas negros e/ou periféricos de vários cantos do Brasil.
O objetivo da mostra é justamente destacar a produção cinematográfica negra e das periferias, responsáveis pelos principais destaques do cinema brasileiro nos últimos anos.
É o caso de “Marte Um” (2022), de Gabriel Martins, que conta os sonhos e traumas de uma família preta da periferia de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O longa foi o candidato brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Internacional este ano. Outro destaque é “Noites Alienígenas” (2022), dirigido por Sérgio de Carvalho, que se passa no subúrbio de Rio Branco (AC) e foi o grande vencedor do Festival de Gramado em 2022.
Também vale citar o documentário “Racionais: Das Ruas de São Paulo para o Mundo” (2022), da premiada diretora Juliana Vicente (“Afronta!”). O longa é um mergulho musical na história do lendário grupo de rap Racionais MC’s e como transformaram a poesia de rua em um movimento poderoso no Brasil e no mundo.
Todos os filmes mencionados estão na programação da OJU, cujo nome vem da língua yorubá e significa “olho”. É possível assistir aos longas e participar das atividades até 16 de abril, em três unidades do Sesc na capital: CineSesc, Vila Mariana e Belenzinho.
As duas primeiras unidades ficam em regiões centrais, próximas a estações das linhas verde/azul do Metrô – Consolação e Ana Rosa, respectivamente –, enquanto Belenzinho, na zona leste, é um pulo da estação Belém, na linha vermelha. Também é possível assistir alguns dos filmes de forma gratuita pelo streaming Sesc Digital.
Entre os curtas-metragens, destaque para “Mutirão: O Filme” (2022). Produzido por Lincoln Péricles, o filme narra a história de luta das mulheres que ajudaram a formar o bairro Cohab Adventista, na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Tudo isso é contado por uma criança e a partir da recuperação de documentos e fotografias.
Em “Raízes” (2022), da diretora Simone Nascimento e Well Amorim, é a falta de registros históricos que está em pauta. Nele, o personagem Kelton se depara com o apagamento da história do povo negro brasileiro ao tentar resgatar a ancestralidade da sua família.
Simone e Well são de pontos opostos da capital paulista. Enquanto ela é cria de Pirituba, na zona noroeste, Well é do Jardim Ângela, na zona sul. Ambos são jornalistas de formação e participaram de cursos no Instituto Criar de TV e Cinema.
Já o documentário “Mulheres do Ayê: Saberes Ancestrais através das Ervas”, as diretoras Bea Andrade e Bruna Vieira mostram as vivências de cinco mulheres da zona leste e a relação delas com as plantas e ervas medicinais.
Além dos filmes, a programação conta com debates, com uma conversa sobre a produção de personagens e narrativas negras voltadas ao público infantojuvenil e um curso sobre o cinema negro de animação. A programação completa da mostra OJU está disponível no site do Sesc.
Confira abaixo o horário de exibição dos filmes destacados pela Agência Mural:
Endereço: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141)
Quando: Sábado, 25/3, às 18h
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000)
Quando: Quarta a sexta, 22 a 24/3, às 19h
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141)
Quando: Domingo, 26/3, às 14h30
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141)
Quando: Domingo, 26/3, às 16h
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000)
Quando: Quarta, 29/3, às 19h30
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000)
Quando: Quarta, 5/4, às 19h30
Preço: Gratuito
Endereço: Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000)
Quando: Quarta, 12/4, às 19h30
Preço: Gratuito
Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.
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