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Agência de Jornalismo das periferias

Por: Sarah Fernandes

Notícia

Publicado em 15.11.2025 | 19:52 | Alterado em 02.12.2025 | 18:10

Tempo de leitura: 2 min(s)

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Organizações da Coalização Negra por Direitos se mobilizam para que a população afrodescendente seja formalmente reconhecida como grupo prioritário nos planos e políticas de adaptação climática. Para isso, representantes das entidades participam de negociações com delegações internacionais na Zona Azul da COP30, área restrita do evento, que ocorre até o próximo dia 21, em Belém, no Pará.

“Vários jovens de periferias do Brasil estão negociando com diplomatas pela inclusão do termo afrodescendentes como população alvo das ações de mitigação climática nos documentos oficiais. Essa estratégia é muito importante para nós”, diz a ativista Gisele Brito, 40, do Grajaú, zona sul de São Paulo. Ela é coordenadora da área de Direito a Cidades Antirracistas do Instituto Peregum e participa da COP e é uma das periféricas com acesso à área restrita do evento. 

Movimento negro e indígena em Marcha Mundial pelo Clima, realizada durante a COP30 @Breno Pires/ Agência Brasil

Os movimentos entendem que a população negra é uma das que mais afetadas pelas mudanças climáticas, exatamente por serem a maioria da população mais pobre do país, vivendo em áreas de risco, vítimas do chamado “racismo ambiental”. No entanto, eles não aparecem nos acordos internacionais oficiais.

“Tudo o que está sendo discutido é para um acordo, que é um texto. Ele é muito literal, em linguagem diplomática: se não tá escrito, não tem intenções. Esses textos não mencionam populações negras como vulneráveis ou prioritárias, então não conseguimos políticas de financiamento [para ações de adaptação]”, diz Gisele. “Isso ocorre porque tem uma diferença no mundo da percepção de racialidade, do que é ser negro.”

Manifestante negra durante Marcha Global pelo Clima @Breno Pires/ Agência Brasil

Barreiras globais

Os desafios envolvem não apenas a resistência de países do Norte Global, mas também a falta de consenso entre países do Sul que temem que a ampliação do reconhecimento de quem são os afrodescendentes possa desviar recursos.

Por isso, o trabalho dos negociadores da Coalização Negra por Direitos envolve sensibilização das autoridades, construção de estratégias de incidência política e até a tradução das demandas dos territórios periféricos para o discurso diplomático internacional. A expectativa é que haja avanços nas discussões durante a COP30.

O movimento negro enfrenta o desafio de provar que a inclusão dos afrodescendentes nos documentos oficiais é necessária para que políticas climáticas realmente promovam justiça e não perpetuem desigualdades.

“Trabalhamos com indicadores de mitigação, de quanto deixou de emitir gases poluentes, mas não há indicadores de adaptação. Se você remove pessoas de um local, como acompanhar se a vida delas melhorou?”

Gisele Brito

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Sarah Fernandes

Jornalista e geógrafa, com foco em direitos humanos e ambientais. Reúno mais de 10 prêmios de reportagem, entre eles dois Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.

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