Isabela Alves/Agência Mural
Por: Sarah Fernandes
Notícia
Publicado em 15.11.2025 | 7:52 | Alterado em 02.12.2025 | 18:08
Cozinhas comunitárias, moradias populares agroecológicas e hortas urbanas devem fazer parte das políticas de adaptação climática para as periferias, com garantia de orçamento público para financiar as ações. Essa foi a reivindicação de movimentos sociais durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, em Belém, que reúne moradores de quebradas e comunidades tradicionais que não tiveram acesso à Conferência da ONU.
“São iniciativas populares de adaptação climática. As cozinhas comunitárias, por exemplo, fazem a ponte entre o rural e o urbano, garantindo que quem produz comida saudável possa fazê-la chegar a quem mais precisa, nas periferias das cidades”, disse Fernando Campos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), em uma plenária realizada na tarde de hoje (14), na Universidade Federal do Pará (UFPA).
As cozinhas comunitárias são locais de produção e oferta de refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade. Em geral elas funcionam de maneira coletiva, com apoio de voluntários, organizações da sociedade civil e poder público.
Elas podem ser uma resposta importante em situações climáticas extremas, fornecendo refeições gratuitas e de qualidade para a população afetada. Além disso, elas se tornam centros de articulação social e mobilização contra a fome e por soberania alimentar.

Cozinhas comunitárias são importantes instrumentos para democratizar alimentação saudável @Isabela Alves/Agência Mural
“As discussões sobre justiça climática são uma oportunidade de reivindicar que as periferias tenham acesso a moradia digna, saneamento básico e água encanada, direitos que reivindicamos há anos”, disse Fernando. “Os recursos públicos para adaptação climática precisam ser investidos nas periferias”.
Raimundo Bonfim, presidente da Central de Movimentos Populares (CMP) concorda. Para ele, é urgente articular projetos de reforma urbana popular com políticas de meio ambiente, com orçamento público garantido.
“Temos experiências, aqui no Pará, na Ilha do Cumbu, de moradias agroecológicas financiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida. Elas têm cozinha e lavanderia comunitárias, sistemas de captação de água de chuva… queremos estimular que essas experiências se ampliem”, disse. Porém, ele reforça que é fundamental aliar as ações concretas de mitigação à luta de caráter político.
“Tem aqueles que acham que o aquecimento global está aí e só resta adaptar, outros que para resolver precisamos mudar o modelo econômico em que vivemos. Mas eu vou pela terceira via: precisamos de ações de mitigação e de denúncia do modelo de consumo atual que é responsável pela destruição e nas cidades. A especulação imobiliária causa tragédias como enchentes e deslizamentos, que não são naturais, mas humanas.”
A Cúpula dos Povos vai até domingo (16), na UFPA. Na programação, estão previstas atividades culturais, atos políticos na rua, debates e uma feira popular da reforma agrária. A entrada é gratuita, sem necessidade de credenciamento.
Jornalista e geógrafa, com foco em direitos humanos e ambientais. Reúno mais de 10 prêmios de reportagem, entre eles dois Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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