Por: Bruna Nascimento
Notícia
Publicado em 09.04.2021 | 17:41 | Alterado em 22.11.2021 | 15:59
Em tempos de crise e dificuldades econômicas, intensificados pela pandemia da Covid-19, não está fácil nem para os super-heróis.
Até o Homem-Aranha precisou se reinventar. Mas não o clássico personagem dos quadrinhos e filmes, identidade secreta do Peter Parker, mas sim o “Homem-Aranha de Suzano”, na Grande São Paulo, vivido pelo autônomo José Luis Fernandes Junior, 28. Ele passou a atender e entreter as crianças por chamadas de vídeo.
O herói suzanense teve origem há seis anos, quando o autônomo acrescentou as fantasias de personagens à profissão de DJ e passou a trabalhar nas festas vestido de Homem-Aranha e Batman.
Com as medidas restritivas de isolamento social, as festas, fonte de renda de José Luis, não podem mais ser realizadas.
“Para o pessoal que trabalha com festa infantil, em salão, buffet, garçons e eu que me apresento de personagem, está bem parado. Quando surgem eventos é bem pouquinho, um por mês”, diz.
“O pessoal não está fazendo mais festas, só um bolinho em casa com duas ou três pessoas. Em salão de festa não pode fazer”, acrescenta ele.
LEIA TAMBÉM:
‘Livros nunca são só livros’, diz criador de biblioteca comunitária em Suzano
Uma alternativa foi oferecer serviços de chamadas de vídeo para crianças. “Me ajude a pagar meu aluguel. Contrate uma videochamada. Seu filho conversa com o herói favorito dele!”, é como José Luis divulga o serviço nas redes sociais.
“Quando começou a pandemia eu não estava conseguindo [pagar o aluguel]. Minha renda era só das festas. Mas por enquanto está dando sim. E aluguel eu pago todo mês, quando termino de pagar um, já tenho que começar os trabalhos para pagar outro”, explica o autônomo.
CONVERSA COM SUPER-HERÓIS
Para receber uma ligação do Homem-Aranha durante dez minutos, basta investir R$ 10 e marcar um horário via WhatsApp.
Além do Homem-Aranha, o personagem preferido da criançada, é possível conversar com o Hulk, Batman e Mickey por R$ 20. E para as crianças que preferem as princesas, uma amiga de José Luis entra em ação.
O suzanense ainda conta com o lucro das vendas de algodão-doce, feitos por ele e vendidos nas ruas do Jardim São Bernardino, bairro onde mora. Cada doce custa R$ 1.
Além de ajudar a arcar com as despesas, o herói diz que a iniciativa também é uma forma de ajudar as crianças. Afinal, quem não ouviria e obedeceria conselhos vindos do personagem favorito?
“Tem criança que não come comida, não obedece, faz bagunça, não toma remédio. Já teve mãe que pediu para eu falar para a criança tomar remédio, porque não queria tomar e gostava muito do Homem-Aranha.”
“Depois que eu falei para ela tomar remédio para sarar e ficar melhor, a criança foi lá na mesma hora e pegou o remédio”, relembra.
As videochamadas têm feito o maior sucesso. Entre março e abril, José Luis relatou nas redes sociais que recebeu centenas de compartilhamentos no Facebook e mensagens de pessoas de várias regiões do Brasil. Foram tantas que até fizeram o celular dele travar.
O contato para adquirir o serviço pode ser feito através do WhatsApp (11) 95690-8195.
Fotojornalista, sonhadora, observadora e ouvinte de 'causos' profissional. Corinthiana maloqueira e sofredora (graças a Deus), boa sujeita, pois gosta de samba e tal qual Candeia na voz de Cartola, precisa se encontrar e vai por aí a procurar. Correspondente de Suzano desde 2019.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para [email protected]