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Pontos viciados de lixo estão virando sessões de cinema na Brasilândia

Cerca de 50 moradores já revitalizaram, de maneira voluntária, mais de 40 ruas

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Por: Redação

Publicado em 01.11.2017 | 14:12 | Alterado em 01.11.2017 | 14:12

Tempo de leitura: 3 min(s)

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Passagem Cícero Dias no Jardim Elisa Maria (Gabriel Sousa/Agência Mural)

“Você não vê o Elisa como era. Antes, quando um morador trazia alguém da família ou recebia uma visita tinha que dar o lixo como referência”, lembra Níria de Jesus, 39, moradora do Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, zona norte da capital.

Há dois anos, ela se uniu a outros vizinhos na tentativa de eliminar e revitalizar pontos viciados de lixo no bairro. Ali nascia a iniciativa Nossa Vila Limpa. “Não está 100%, mas está bem melhor”, avalia Níria, que é operadora de telemarketing e uma das voluntárias do projeto.

No começo, foram identificadas 13 ruas com problemas no processo e coleta de resíduos, e 38 caçambas de lixo foram eliminadas do bairro, dando lugar a espaços revitalizados, com pontos para descarte organizados por dia e horário.

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Passagem Severo Bonini com a rua Clara Nunes, antes da revitalização, onde virou a Praça Arlindo Severino de Sousa (Nossa Vila Limpa/Reprodução)

Para auxiliar nas operações foram contratados sete varredores e três coletores, nove deles residentes da comunidade.

Cerca de 50 moradores também fazem trabalhos voluntários em mais de 40 ruas, vielas e passagens. Cada um deles fica com uma lista de vizinhos interessados em realizar coleta seletiva e entregam sacos adequados para a separação de recicláveis. Semanalmente, os catadores do bairro passam nas residências para coletar o que foi selecionado.

Leia mais: Lixão em calçada de escolas da Brasilândia é um desafio para o gestor local

Há ainda uma parceria para o incentivo da coleta seletiva entre os alunos das escolas da região, valendo pontos em competições internas. O material selecionado também é direcionado aos catadores.

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Fachada do EMEF Profª Cecília Moraes de Vasconcelos, na rua Rômulo Naldi, antes de ser revitalizada (Nossa Vila Limpa/Reprodução)

“Tivemos essa preocupação de facilitar o máximo possível que o material chegue até eles sem que precisem mexer no lixo para isso. Eles podem pegar das mãos dos moradores um material que antes precisavam mergulhar numa caçamba para conseguir”, explica Juliana Silva, 29, coordenadora local do projeto.

Nos espaços revitalizados, sessões de cinema itinerante passaram a ser realizadas aos fins de semana, com público médio de 150 a 200 pessoas.

Leia também: Com lixo e buracos, conservação de ciclovias na Brasilândia preocupa ciclistas

Outros lugares tiveram a intervenção sem influência direta da iniciativa. “Na rua Rosa Alboni tinha um ponto de descarte que tomava a rua. Após todo o trabalho de reuniões, limpeza do lugar e retirada das caçambas, no dia seguinte, os próprios moradores refizeram a calçada”, conta Juliana. Na mesma rua, árvores foram plantadas numa praça que antes era toda cimentada.

Soluções para a problemática eram cobradas pelos moradores há bastante tempo, conta Keli Suzana de Araújo, 37, gerente de serviços de um centro para crianças e adolescentes local. Junto de outras duas líderes comunitárias, ela conseguiu a atenção das empresas privadasa que realizam a coleta de resíduos e varrição das vias do bairro, para suas demandas.

O educador e ex-agente sanitário Ionilton Gomes de Aragão, 48, que criou o Varre Vila para resolver problemas similares aos enfrentados no Elisa Maria em sua comunidade, Nossa Senhora Aparecida, na zona leste, trouxe a solução para a zona norte a convite das empresas.

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A princípio planejado para os jardins Damasceno e Elisa Maria, chegou apenas a um deles, em 2015, com o nome Nossa Vila Limpa. As ações no local possibilitaram sua expansão para mais três comunidades em 2017: Vila Nova Jaguaré, Jardim Vista Alegre e Jardim Icaraí.

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Adriana Almeida e Juliana Silva, do Nossa Vila Limpa (Gabriel Sousa/Agência Mural)

Segundo Adriana Almeida, 47, coordenadora pedagógica do projeto, a ideia é que os moradores mantenham as ações, mesmo após o fim de sua supervisão, que acaba no próximo ano.

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“Queremos que a comunidade se aproprie do que fizemos. O morador já está sensível, já sabe que não pode jogar lixo naquele lugar, sabe que pode separar e que caso coloque no lugar indevido vai atrair ratos e baratas, prejudicando também os vizinhos”, explica.

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Passagem Severo Bonini, no Jarim Elisa Maria (Gabriel Sousa/Agência Mural)

LIMPEZA REGIONAL

De acordo com informações divulgadas no último dia 31 pela Prefeitura Regional da Freguesia/Brasilândia, a administração realizou 16 revitalizações, nos últimos 10 meses, em parceria com moradores dos dois distritos que dão nome à regional — número 2,5 inferior ao realizado apenas no Jardim Elisa Maria.

“Começamos pelas portas das escolas, onde é inaceitável que crianças tenham que passar ou se desviarem da montanha de lixo para entrar na escola. A proposta é expandir esse projeto para cada ponto da nossa região. Estamos dedicados a isso”, informa o prefeito regional, Roberto Godoi, em publicação no site da regional.

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