Publicado em 20.11.2023 | 17:13 | Alterado em 21.11.2023 | 8:16
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O racismo estrutural, marca mais cruel e letal da organização social brasileira, segue condenando a população negra do país a um cenário de desigualdade e exclusão. Apesar de a maioria da população se autodeclarar negra (55,9%, segundo IBGE), o país ainda mantém graves assimetrias raciais, que são expressas no dia a dia dessa população pela violação de direitos – inclusive daqueles que deveriam ser universais pelas leis do Brasil, como saúde pública ou segurança.
A Agência Mural se dedica a divulgar e fortalecer as potências das juventudes negras e periféricas, mostrando como elas podem romper barreiras e ocupar lugares dos quais foram historicamente excluídas. Mas neste Novembro Negro, mês emblemático no combate ao racismo, produzimos um ensaio fotográfico para denunciar como a população negra ainda é excluída do acesso a direitos universais, garantidos pela Constituição.
E mais: mostramos como o movimento negro se organiza e segue em luta para garantir direitos básicos para todos. Acompanhe:
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Ivanete Araújo, 50, coordenadora do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), que realiza ocupações com famílias que não podem arcar com o preço dos aluguéis. A proporção de pobres entre os pretos (34,5%) e pardos (38,4%) no Brasil é quase o dobro que entre brancos (18,6%), segundo estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. “Somos criminalizados e vistos como inferiores. Todas as vezes que chega o 20 de novembro, a gente lembra dos nossos ancestrais e do direito à liberdade”, diz. @Léu Britto/ Agência Mural
Dennis Pacheco, 30, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os negros são 83% dos mortos em ações policiais, segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, publicado pela instituição. “O direito à segurança infelizmente tem uma aplicação bastante enviesada e racista no Brasil. A percepção é que paz, segurança e desenvolvimento então vinculados a um controle dos corpos negros”, pontua. @Léu Britto/ Agência Mural
Baltazar Honório Teixeira Júnior, 51, motorista de entrega que trabalha na rua e teme por sua segurança. Só em São Paulo, negros são 64% dos mortos pela polícia, segundo relatório Pele Alvo: a bala não erra o negro”, da Rede de Observatórios da Segurança. “Todo o cidadão de periferia é submetido a situações degradante todos os dias, seja dentro do ônibus lotado ou dentro de casa, pela falta de coisas básica, seja no trabalho, com o preconceito e assédio moral”, diz. @Léu Britto/ Agência Mural
Bianca Roberta Monteiro Gavião 23, desempregada há cinco meses. No primeiro trimestre deste ano, desemprego era de 11,3% entre pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos, segundo dados da PNADE, do IBGE. “Precisávamos de garantias contra o desemprego. Não temos garantias”, reclama. @Léu Britto/ Agência Mural
Laira Jesus Gomes Campos, 35, empresária dona de casa, com o marido Paulo Campo, 34. Quase todas (94,1%) as mulheres negras são as principais responsáveis por trabalhos domésticos em suas residências. Entre as brancas esse indíce é de 91%, segundo a PNAD de 2019. “Estamos começando a romper com essa estrutura, com esse machismo tão forte. Mas temos um longo caminho”, conclui. @Léu Britto/ Agência Mural
Rafael Pereira Costa, 34, usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Na pandemia de covid-19 os negros foram a maioria das vítimas fatais da doença ao mesmo tempo que foram os que menos receberam vacinas, segundo dados do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde e da Agência Pública. “O novembro negro é fundamental para lembrar a população brasileira tem uma dívida com o povo preto”, diz. @Léu Britto/ Agência Mural
Benedito Roberto Barbosa, 63, advogado e liderança de movimentos de moradia. Os negros são os que mais gastam com transporte público e maioria (59,6%) em deslocamentos de mais de 1 hora para chegar ao trabalho, segundo o IBGE. Eles também são maioria entre os obrigados a deixar a escola (71,7%), segundo a PNADE de 2020. “Grande parte das pessoas envolvidas na luta por moradia e direitos são pessoas negras que vivem nas favelas. É só olhar”. @Léu Britto/ Agência Mural
Fotojornalista e videomaker. Transitar pelos becos e vielas do mundo amando cada um do seu jeito e maneira de viver. Cofundador do DiCampana Foto Coletivo. Correspondente do Jardim Monte Azul desde 2010.
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