APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias

Por: Jacqueline Maria da Silva

Notícia

Publicado em 28.09.2022 | 18:31 | Alterado em 30.09.2022 | 18:26

Tempo de leitura: 5 min(s)

“Um candidato precisa fazer coisas legais, igual a minha professora faz”, explica Alícia de Aguiar Miranda, 8. Ela mora no Jardim Pantanal, em Diadema, na Grande São Paulo, e deseja que nas eleições de 2022 os próximos governantes tragam melhorias para o bairro, como uma praça com mais brinquedos e menos lixo nas ruas.

“Coisa legal” para Samuel dos Santos Sanches, 9, seria a construção de mais hospitais e unidades de saúde. “No Rio de Janeiro tinham 200 pacientes e só cinco médicos para ajudar as pessoas”, descreve o morador do Parque São Lucas, bairro da zona leste de São Paulo, sobre uma reportagem que viu na televisão.

Alícia desenha o que gostaria que tivesse na praça perto de casa @Arquivo pessoal

A relação entre saúde e educação também importa para a jovem Clara Letícia Cerqueira, 10, residente no bairro Veloso, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. “A pandemia [de Covid-19] prejudicou bastante o estudo das crianças”, diz.

Ela espera que os próximos governantes estejam mais preparados para situações como a da pandemia, de modo que as escolas sejam as últimas a fecharem e as primeiras a serem reabertas.

Neste domingo (2), os brasileiros vão às urnas votar para presidente, governador, senador e deputados federal e estadual. Para entender como as eleições dialogam com as crianças das periferias de São Paulo, a Agência Mural perguntou para três delas sobre o que elas esperam dos candidatos.

Mais material escolar e menos queda de energia

Em Osasco, Clara Cerqueira revela que a quantidade de materiais escolares do ensino fundamental, fornecidos pelo governo estadual, tem diminuído no decorrer dos anos.

Ela quer que os governantes voltem a oferecer um kit completo, com massinha de modelar para os alunos mais novos, e que substituam os materiais faltantes por mais cadernos e lápis para os mais velhos, como ela.

No que diz respeito à situação econômica do país, a menina conta que percebeu o aumento nos preços dos alimentos nas idas com a mãe aos supermercados e feiras. Ela sugere a redução no valor da cesta básica para que as famílias possam se alimentar.

“Arroz, carne, tomate, muita coisa que a gente precisa para o dia a dia está cara. Me preocupo com as pessoas que têm um, dois, três filhos e não têm tanto dinheiro”

Clara Letícia Cerqueira, de 10 anos

Alícia Miranda acha que, para combater essa situação, os políticos eleitos devem fornecer marmitas e cestas básicas. E para pessoas em situação de rua, além da alimentação, também é necessário distribuir cobertores e colchões. “Eles ficam comendo um monte de coisas do lixo”, acrescenta.

Samuel cita a construção de mais estradas na cidade para reduzir o trânsito @Arquivo pessoal

Melhorias no bairro foi um ponto citado por Samuel Sanches. Ele acha que a pracinha perto da casa onde mora precisa ser reformada e que o bairro deveria ganhar uma quadra para as crianças. Além disso, o garoto sugere a construção de mais estradas.

“Tem muito trânsito e isso atrapalha as pessoas que querem viajar. Quando eu vou no dentista ou no médico, pego muito transito”, relata o estudante.

Ainda em relação à infraestrutura, Clara diz que não quer ficar mais no escuro com as frequentes quedas de energia no bairro. Caso fosse presidente do Brasil, ela resolveria esse problema usando o orçamento anual.

Talvez Samuel votasse nela, já que passa pelo mesmo problema. “Às vezes quando volto do futebol, quase 9 horas da noite, as luzes do bairro inteiro estão apagadas. Fica uma escuridão e eu tenho medo de ser assaltado”, diz o menino.

Clara resolveria os problemas de iluminação e moradia com o orçamento do governo @Arquivo pessoal

Clara explica que se tivesse a verba do governo, também resolveria os problemas habitacionais do país. “Em vários lugares do Brasil está tendo muita casa sendo destruída. Gastaria [o dinheiro] para ajudar o máximo de pessoas que perderam 100% da casa e mandaria fazer abrigos para os sem teto”.

Se fizesse parte do quadro de deputados e senadores, Samuel criaria uma lei para que as crianças pudessem votar.

“Acho interessante a criança saber sobre as eleições, porque a gente também tem o direito de votar em quem a gente quer que governe o nosso país”

Samuel dos Santos Sanches, de 9 anos

Já Clara lançaria uma lei para despoluir rios e mares, e proibir as pessoas de jogarem lixo neles. “A gente só tem 5% da água potável para beber, então quanto mais poluírem, mais a gente fica sem água”, justifica.

Propostas dos presidenciáveis para as crianças

De acordo com o IBGE Educa (portal de educação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 17 em cada 100 pessoas que moram no Brasil têm entre 0 e 12 anos. Embora não sejam cidadãos votantes, as crianças são grande parte da população com direitos garantidos na constituição.

A Agência Mural levantou as propostas direcionadas a esse público por parte dos 11 candidatos à presidência nas eleições de 2022, por meio de consulta na plataforma DivulgaCand do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Dentre as ações listadas, a maioria é relacionada à educação e ao ensino básico: melhora do conteúdo pedagógico, ensino em tempo integral, redução da evasão escolar, inclusão escolar de crianças com deficiência, criação de vagas em creches, capacitação e valorização dos profissionais da educação, entre outros pontos.

A seguir, confira um resumo das propostas que diferem entre os candidatos e que são direcionadas às crianças nos planos de governo.

Ciro Gomes, do PDT (Partido Democrático Trabalhista), promete colocar a educação brasileira entre as dez melhores do mundo em 15 anos; e criar o Programa de Alfabetização na Idade Certa.

Felipe D’Avila, do PN (Partido Novo), pretende colocar o Brasil entre os 20 melhores do mundo em educação em sete anos; e incluir escolas ensino básico e creches conveniadas na verba do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização da Educação).

Jair Bolsonaro, do PL (Partido Liberal), dispõe-se a combater a ideologia nas escolas; enfrentar a violência institucional das crianças; e promover o ensino híbrido.

José Maria Eymael, do DC (Democracia Cristã), quer introduzir ao ensino fundamental a disciplina de Educação Moral e Cívica; e promover a municipalização do ensino fundamental.

Léo Péricles, do UP (Unidade Popular), propõe um plano nacional da Escola Básica Integral; distribuir recursos para escolas por critério de maior precariedade para menor precariedade; e aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) da educação básica.

Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores), se compromete a criar um programa de recuperação educacional devido aos impactos da pandemia; combater a pobreza e a miséria para garantia do direito ao brincar; e enfrentar a exploração do trabalho infantil, violência, exploração sexual, preconceitos e discriminações.

Padre Kelmon Luis da Silva Souza, do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), garante a gratuidade para a educação pré-escolar e o ensino fundamental; e a obrigatoriedade de ensino da educação básica a todos os brasileiros.

Simone Tebet, do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), propõe recompor a aprendizagem decorrente dos impactos da pandemia; criar a Secretaria Especial da Criança e Adolescência; incluir a criança com deficiência no esporte, cultura e lazer; e prevenir e combater o trabalho escravo e a exploração infantil.

Sofia Manzano, do PCB (Partido Comunista Brasileiro), lista criar um programa nacional de alimentação escolar para toda a educação básica; ampliar os serviços de assistência para a infância, como conselhos tutelares, creches e orfanatos; e combater a exploração do trabalho infantil.

Soraya Thronicke, do UB (União Brasil), propõe estimular participação dos pais nas reuniões e divisão das responsabilidades na educação dos filhos; promover o ensino híbrido; implantar a disciplina Cidadania e Brasilidade (com educação ambiental, financeira, sexual e cívica); e implantar uma política de lazer esportivo e de recreação.

Vera Lúcia, do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), promete uma educação pública, gratuita para todos, em todos os níveis de educação; e expropriação dos grupos privados da educação.

Para conferir os planos de governo completos, clique aqui.

receba o melhor da mural no seu e-mail

Jacqueline Maria da Silva

Jornalista formada pela Uninove. Capricorniana raiz. Poetisa. Ama natureza e as pessoas. Adora passear. Quer mudar o mundo e tornar o planeta um lugar melhor por meio da comunicação. Correspondente de Cidade Ademar desde 2021. Em agosto de 2023, passou a fazer parte da Report For The World, programa desenvolvido pela The GroundTruth Project.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE