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O que Ricardo Nunes e Guilherme Boulos prometem para as periferias nos planos de governo

Nova análise da Agência Mural se aprofunda nas citações às periferias dos dois candidatos mais votados na capital paulista; conheça também quais bairros estão presentes em cada projeto

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Magno Borges/Agência Mural

Por: Cleberson Santos

Notícia

Publicado em 18.10.2024 | 15:30 | Alterado em 18.10.2024 | 16:34

Tempo de leitura: 7 min(s)

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (MDB) caminham para a reta final da campanha para o próximo dia 27 de outubro, quando será disputado o segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo.

Tratam-se dos dois candidatos que, juntamente com Pablo Marçal (PRTB), dividiram o eleitorado paulistano e os que mais citaram o termo “periferia” e suas variações em seus respectivos planos de governo.

O levantamento feito pela Agência Mural antes do primeiro turno mostrou que o emedebista e o psolista ficaram atrás apenas de Altino (PSTU) na quantidade de menções às periferias. Ambos fizeram 16 citações, que dão dicas do que cada um pensa para essas regiões.

Magno Borges/Agência Mural

Agora a Mural traz um resumo também do que afirmaram sobre cada um dos bairros periféricos e os temas citados por cada candidato.

Periferias citadas

Curiosamente, Nunes e Boulos também empatam na quantidade de bairros periféricos citados em seus planos de governo, cinco regiões cada um.

No projeto do emedebista não há nenhuma proposta para alguma região em específico, todas as menções dizem respeito a entregas do atual mandato.

A primeira citação que Nunes faz a um bairro periférico da cidade é no bloco sobre turismo: “Pelo Programa Vai de Roteiro promovemos 16 roteiros turísticos, com destaque para o Polo de Ecoturismo de Parelheiros, que atraiu mais de 28 mil participantes”.

Outra citação foi no bloco sobre meio ambiente, em que o candidato à reeleição fala sobre a entrega de “10 novos parques, incluindo o Parque Augusta e o Parque Paraisópolis, e ampliamos o Parque da Independência […] e estamos viabilizando a implantação do Parque Cabeceiras do Aricanduva”.

A segunda maior favela da capital paulista é citada novamente no bloco sobre gestão urbana: “Destacamos a inclusão do Complexo de Paraisópolis como receptor dos recursos da Operação Urbana Faria Lima, o que permitirá mais investimentos para as três comunidades, onde moram mais de 120 mil pessoas”.

Atual prefeito disputa a reeleição @Magno Borges/Agência Mural

Por fim, o programa de governo cita mais três bairros na lista de obras viárias que foram entregues, estão em construção ou em processo licitatório. “Inauguramos o corredor Itaquera-Líder, que é o primeiro corredor exclusivo atendendo a Zona Leste, beneficiando 52 mil passageiros por dia”, afirma, sobre o corredor que acumulou problemas nos últimos anos.

Ele cita também obras de mobilidade como um túnel na avenida Sena Madureira, a ponte Pirituba-Lapa, e as duplicações da ponte Jurubatuba, da Avenida Teotônio Vilela, Avenida Carlos Caldeira Filho e da Estrada do M’Boi Mirim.

Boulos também cita duas regiões da zona leste ao falar da sua proposta de expansão dos corredores de ônibus na capital paulista: “daremos prioridade à construção dos seguintes corredores: Aricanduva, Radial Leste (trechos 1, 2 e 3), Miguel Yunes, M’Boi Mirim, Celso Garcia, Itaim-São Mateus (Perimetral Leste), Norte-Sul e Perimetral Bandeirantes (Bandeirantes – Tancredo – Salim Farah Maluf), além de outros já previstos no PlanMob e no Plano Diretor”.

Guilherme Boulos disputa o segundo turno das eleições municipais @Magno Borges/Agência Mural

O candidato do PSOL destacou outros três bairros, logo no começo do documento. O primeiro foi o Campo Limpo, região onde ele mora, e os outros foram o Grajaú e Cidade Tiradentes, ao apresentar diferenças demográficas entre o centro e as periferias da capital.

“Enquanto a Barra Funda oferece quatrocentos empregos para cada cem moradores, a Cidade Tiradentes – no extremo da Zona Leste – oferece oito. Enquanto o IDH dos Jardins é semelhante ao da Suécia, o do Grajaú – no extremo da Zona Sul – é semelhante ao dos países mais pobres”.

As periferias nos planos dos dois

Enquanto a maioria das citações de Boulos trata de contextualizações e propostas para a questão habitacional na cidade – principal bandeira da campanha dele -, Nunes fala das periferias a partir de uma perspectiva da tecnologia. Uma a cada quatro citações do atual prefeito trata de reforçar que a cidade está e/ou ficará mais conectada.

BoulosNunes
Habitação: 5 citaçõesTecnologia: 4 citações
Cultura: 4 citaçõesInfraestrutura: 3 citações
Apresentação pessoal e contextualização: 3 citaçõesCultura: 2 citações
Esporte, Gestão Pública, Juventude e Saúde: 1 citação cadaApresentação pessoal, Esporte, Gestão Pública, Juventude, Mobilidade, Saúde e Segurança: 1 citação cada

Ambos os candidatos se apresentam ao eleitorado como alguém vindo das periferias. Ricardo fala que “vivi na periferia, usei o serviço de saúde pública, o transporte público, estudei em escola pública e conheço as necessidades e a dor das pessoas”. Já Guilherme menciona que “ainda jovem, decidi me dedicar à luta social e fui viver na periferia da cidade”.

‘Foi lá que conheci minha companheira de vida e fomos morar no Campo Limpo, na periferia da zona sul, onde a Natalia [esposa dele] nasceu e cresceu, filha de pais metalúrgicos’

Guilherme Boulos candidato (PSOL)’

Na introdução feita por Guilherme Boulos, além da biografia dele, o candidato aborda a questão do crescimento desordenado da cidade.

“Numa cidade com mais de 11 milhões de habitantes, espalhados por um território de cerca de 1.500 km², a atividade econômica, geradora de empregos, acabou concentrada no centro e em suas áreas próximas, a leste e a sudoeste, enquanto as afastadas periferias se constituíram como bairros–dormitórios, com pouquíssimos postos de trabalho”.

Nunes, por sua vez, cita novamente as periferias para falar dos avanços que a cidade teve ao longo dos três anos e meio de mandato dele:

‘Avançamos na transformação de São Paulo em uma cidade mais conectada, acessível e sustentável, facilitando a vida dos paulistanos, especialmente nas periferias

Ricardo Nunes, candidato (MDB)

A palavra “especialmente” aparece nesta e em outras quatro citações que Nunes faz às periferias, além de outras expressões como “com foco” ou “principalmente”.

No bloco sobre infraestrutura e obras, Nunes fala que realizou 76 obras em áreas de áreas de risco e que outras 44 estão em andamento. “Para tornar a cidade mais segura durante eventos climáticos extremos, especialmente em áreas periféricas”, afirma o documento.

No mesmo bloco, Ricardo propõe continuar “investindo em pavimentação de vias periféricas, incorporando os sistemas de drenagem, guias e sarjetas, melhorando de forma significativa as condições de mobilidade da população”.

Em seguida, ele fala que “a participação da comunidade será incentivada, com a formação de grupos para discutir as necessidades de infraestrutura em áreas periféricas, coletando sugestões e expectativas dos moradores da região”.

A questão da resposta da Prefeitura aos efeitos dos eventos climáticos extremos está sendo novamente discutida nos últimos dias por conta de um novo apagão que atingiu boa parte da cidade desde o último dia 11 de outubro.

Boulos não fez nenhuma menção direta às periferias ao abordar esse tema em seu conjunto de propostas, apresentadas no documento como “diretrizes estratégicas”.

Ao todo, o candidato do PSOL apresentou 119 dessas diretrizes ao longo das 40 páginas do programa de governo. A palavra “periferia” e suas variações está presente em oito dessas propostas.

Em uma delas, a palavra periferia faz parte do nome do projeto que ele pretende lançar. Trata-se do “Periferia Viva”, apresentado como um programa de “urbanização integrada das favelas da cidade”, por meio de reformas e requalificações em moradias e elaboração de planos urbanísticos locais que definirão as prioridades de cada região.

Entre os pontos em comum nos projetos dos candidatos neste segundo turno, estão as citações envolvendo propostas para as áreas de cultura, trabalho, esporte, gestão pública e saúde. No caso de Ricardo Nunes, algumas dessas menções envolvem resultados da gestão.

ÁreaBoulos (PSOL)Nunes (MDB)
CulturaBoulos propõe ampliar gradativamente o orçamento da cultura para 3%: “Vamos expandir a capacidade de gestão da Secretaria Municipal de Cultura e, gradualmente, destinar mais recursos para programas de fomento, projetos e contratações artísticas tais como VAI e Fomento às Periferias, dentre outros”

Ele também fala sobre a “Descentralização dos investimentos e equipamentos culturais nas periferias”:Na lógica da redução de distâncias e desigualdades, vamos ampliar o número de equipamentos como centros culturais, Casas de Cultura, teatros e cinemas nas regiões periféricas da cidade. Na mesma direção, o aumento do orçamento da cultura será acompanhado pela expansão da proporção destinada ao fomento e apoio à cultura periférica”
No bloco sobre cultura, Nunes destacou a Portaria 34, “que facilitou a contratação de artistas em início de carreira, por meio da padronização de cachês, eliminando a burocracia. Essa medida promoveu a descentralização do orçamento da Secretaria e a valorização da produção cultural periférica”.
EsporteBoulos propõe o projeto “Pontos de Esporte Periférico”: “Vamos criar um programa de fomento econômico a grupos, entidades e coletivos de natureza esportiva que desenvolvem atividades em suas comunidades, para assegurar acesso a recursos e apoio institucional, utilizando como referência normativa o programa federal dos Pontos de Cultura”No bloco sobre ações para a área de esportes, Nunes prometeu a implementação da “Lei de Incentivo ao Esporte Municipal, criando novos programas voltados à atividade física e sustentabilidade, especialmente nas periferias, e incentivando a participação da comunidade em projetos esportivos”
Gestão PúblicaO candidato do PSOL fala em implantar os Planos Regionais das Subprefeituras: “Com base na participação social, nas potencialidades de cada território e no mapa das desigualdades, vamos criar uma rede de equipamentos públicos em áreas urbanas, priorizando bairros periféricos, para promover cultura, educação, esporte e lazer, e garantindo o acesso a serviços municipais à população mais vulnerável”Ao listar suas realizações na área de gestão e modernização institucional, Nunes cita que criou “o Programa de Residência em Gestão Pública e Jurídica”: “Revisamos a política de estágios, ampliando o número de estagiários e oferecendo melhores condições para os jovens da periferia”.
JuventudeBoulos propõe um “Pacto Municipal de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra”: “Um plano para combater a violência institucional e estrutural contra a juventude negra a partir de programas de cultura, lazer, esporte, formação profissional e empreendedorismo com foco nas regiões periféricas, além de monitorar e prevenir violações de direitos humanos”.Ao falar sobre o que fez para as juventudes, no bloco sobre assistência social e direitos humanos, Nunes cita que: “Ampliamos as oportunidades e o intercâmbio de conhecimento nas periferias de São Paulo, combinando ações de formação cultural com acesso a materiais e infraestrutura técnica de qualidade”.
SaúdeBoulos fala em criar um programa chamado “Mais Médicos Especialidades”: “Abrir editais de credenciamento de médicos para trabalhar nas especialidades que mais necessitam de profissionais, particularmente nas regiões periféricas da cidade, onde há maior déficit de especialistas”No bloco sobre ações para as pessoas com deficiência, Nunes prometeu construir “três novos Centros Municipais para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas regiões Sul, Leste e Oeste para atender prioritariamente a população mais vulnerável da periferia”.

A votação no segundo turno das eleições municipais será no próximo dia 27 de outubro. Ricardo Nunes liderou o primeiro turno em São Paulo com uma diferença de apenas 0,41% para o segundo colocado. O atual prefeito teve 29,48% dos votos, enquanto Boulos teve 29,07%.

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Cleberson Santos

Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.

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