APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias

Laura Sales/Agência Mural

Por: Laura Sales

Notícia

Publicado em 12.11.2025 | 21:57 | Alterado em 12.11.2025 | 21:57

Tempo de leitura: 3 min(s)

Moradora do Rochdale, em Osasco, na Grande São Paulo, Gabriella Carvalho, tem na mãe uma das principais referências para se tornar artista. “Ela me ensinou o crochê, e isso me trouxe muito pro lado da manualidade”, afirma ela, que até 15 de  novembro está com a exposição “Onírica” no Gardê Brechó, no Jardim das Flores.

O trabalho dela une técnicas do crochê, grafite e pintura para mostrar a capacidade de transformar espaços urbanos em experiências culturais.

Gabriella, que adotou o nome artístico Rueda, sobrenome da mãe, é produtora cultural, artista visual, designer, videomaker e técnica audiovisual. Além da atuação individual, também faz parte do coletivo “Viela Vive”, que promove ações de cultura e educação nas periferias da cidade.

“O dia que o ermitão parou” exemplifica a aplicação prática da técnica de crochê ensinada pela mãe, como mencionado pela artista @Laura Sales/Agência Mural

A exposição reúne peças do acervo pessoal e obras inéditas criadas especialmente para a ocasião. Segundo ela, o conceito da exposição era falar sobre o processo individual de vivenciar as coisas às quais ela tem acesso, como o hip hop, a arte independente (underground) e a cultura popular.

Onírica, que significa algo relacionado a sonhos, foi o nome escolhido por conta da exposição estar ligada à experiência com a memória e o inconsciente: a artista mencionou que tem uma memória muito fraca.

O conceito inicial era tentar resgatar vivências de um lugar semi-inconsciente e trabalhar isso nas texturas e superfícies das obras. “Não tem como descrever melhor esse lugar que é ser inconscientemente consciente e vivenciando, juntando essas vivências”.

Um exemplo é a peça “Dançar com o corpo que tem”, produzida sobre um painel de disquetes, um suporte considerado obsoleto para conectá-lo com símbolos e expressões da cultura hip hop.

A mescla de técnicas presentes na exposição reflete as origens da artista como grafiteira, aleém a trajetória e identidade como mulher periférica.

“Queria muito que a exposição falasse sobre o meu processo individual, de vivenciar as coisas que eu tenho acesso hoje, muito no hip hop, na arte independente, nesse underground e também na cultura popular”.

Peça da exposição Onirica @Laura Sales/Agência Mural

Rueda reconhece que a variedade de técnicas vieram da prática de “fazer com o próprio corpo” e de usar os materiais acessíveis, ligando seu trabalho às lutas populares. “Muitas dessas novas texturas, assim como crochê, como couro de alfaia, vem desse lugar de fazer com o que se tem próximo”, conta.

A conexão com a atuação dela vem desde a infância. Após o crochê, Rueda se interessou por desenho e ilustração. Depois começou a trabalhar com audiovisual e produção cultural. “Foi um processo de descoberta, de vivenciar cada processo.”

Uma preocupação dela foi de manter a ancestralidade feminina, o que motivou a adoção do nome artístico Rueda, um protesto contra o apagamento das mulheres. “Foi uma forma de resgatar isso [o nome da família materna]. Uma forma de fazer e honrar para que ele não se extinguisse assim nessa linhagem”.

“Dançar com o corpo que tem” é produzida sobre um painel de disquetes, ressignificando um suporte considerado obsoleto ao conectá-lo com símbolos e expressões da cultura hip hop @Laura Sales/Agência Mural

A exposição está no ambiente do Gardê Brechó, no Jardim das Flores, em Osasco, tradicionalmente frequentado por jovens e conhecido como point noturno de arte e cultura.

A exposição conta com o trabalho da Produção Geral de Isabela Israel (ISRA), e a Assessoria de Produção de Mayara Duarte, reconhecida pelo trabalho na cultura preta. A cenografia e a montagem foram realizadas com o apoio de Iago Vasconcelos. A equipe técnica incluiu o cenotécnico João Batista, e a ambientação e registro audiovisual ficou a cargo de Lucas DS e Artur Andrade.

Onirica

Horário de funcionamento: De quarta a sábado das 18h às 23h e aos domingos das 16h às 22h, 

Endereço: Gardê Brechó: rua Gasparino Lunardi, 185, próximo à estação Comandante Sampaio, da linha 8-diamante

receba o melhor da mural no seu e-mail

Laura Sales

Publicitária e Comunicadora. É fundadora da Oficina de Estratégia de conteúdo para pequenos negócios. Canceriana, santista e entusiasta de astrologia, tarô e cultura pop.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE