Por: Paulo Talarico
Notícia
Publicado em 15.05.2020 | 6:00 | Alterado em 16.05.2020 | 11:25
Com taxas de vítimas por Covid-19 maiores até do que a cidade de São Paulo, Osasco chegou a 203 mortes por causa do novo coronavírus nesta quinta-feira (14). O município é o primeiro, depois da capital paulista, a ultrapassar a marca das 200 perdas por conta do novo coronavírus na região metropolitana.
O dado corresponde a quase 30 óbitos por 100 mil habitantes e pode ser maior pois a administração aguarda o resultado de outros 19 pacientes que não sobreviveram nos últimos dias após problemas respiratórios. Na capital, esse número está em 24 por 100 mil moradores.
Apesar da gravidade, a Prefeitura de Osasco se recusou a informar como a contaminação tem ocorrido nos bairros da cidade. “Os números são atualizados diariamente e disponibilizados no portal. Não há a divisão por bairros”, afirmou a prefeitura.
Questionada se a gestão parou de contabilizar a situação por bairros, a gestão não respondeu.
Após a publicação deste texto, na noite de sexta-feira (15), o prefeito Rogério Lins (Podemos) divulgou parcialmente os dados em uma live nas redes sociais. A tabela traz a divisão de bairros com mais casos confirmados e que estão com maior risco de propagação.
Não informa, porém, o número de vítimas em cada um deles. Bairros da zona norte como a Vila Menck, Mutinga e Rochdale estão entre os que tiveram mais pessoas com Covid-19. Na zona sul, Bandeiras e Bela Vista estão classificados como risco ‘extremamente alto’.
Durante os primeiros meses da pandemia, a prefeitura havia divulgado a situação completa. O próprio prefeito, Rogério Lins (Podemos), apresentou mapas em que mostrava o avanço da Covid-19 e pedia que moradores cumprissem o isolamento social.
Em 10 de abril, a Agência Mural mostrou que em ao menos 52 bairros da cidade haviam casos confirmados. Na época, inclusive, a administração discutia se seria possível reabrir gradualmente os comércios, mas, no final, a gestão decidiu seguir as orientações do governo estadual que prolongou a quarentena.
Nos últimos dias, cidades vizinhas a Osasco tem divulgado a situação. Em Itapevi, a prefeitura informou a situação em cada região do município. Entre os bairros, a Cohab é onde a Covid-19 teve mais casos confirmados. Itapevi teve 303 casos e 31 mortes.
Em Carapicuíba, onde vivem 400 mil moradores e os casos passaram de 400, a gestão também divulgou um mapa, embora menos detalhado.
“Precisamos da ajuda de todos. Todas as regiões da cidade já registraram casos da doença. Fique atento aos bairros com maior número de casos, converse com seus amigos e familiares sobre a importância da prevenção. Só saia se for de extrema necessidade e use a máscara corretamente”, disse a gestão carapicuibana em nota.
CASOS CONFIRMADOS
Osasco tem 2.299 casos confirmados da Covid-19. Para se ter ideia, em Guarulhos, onde vivem 1,3 milhão de habitantes, o número está em 1.190.
Nesta quinta-feira (14), a Grande São Paulo chegou a 46 mil casos da Covid-19, segundo levantamento da Agência Mural. Um mês atrás eram 8.000.
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O crescimento do número de casos e a preocupação com a capacidade hospitalar ainda preocupam as gestões municipais. Quanto mais retardado o aumento da contaminação, mais tempo para preparar as unidades.
A capacidade dos leitos estava em 77% na quarta-feira (13) em Osasco. “Todas as unidades de saúde estão capacitadas a atender casos de complicações respiratórias”, diz a gestão.
Os casos suspeitos de Covid-19 são encaminhados para seis unidades que tratam exclusivamente da enfermidade: os Centros de Terapia Intensiva do Coronavírus (Pronto-Socorro Santo Antônio e Pronto-Socorro Osmar Mesquita); Hospital de Retaguarda do Coronavírus (Pronto-Socorro do Jardim D’Abril); Hospital de Campanha (Policlínica zona norte); Hospital Municipal Antônio Giglio e o Hospital Regional.
Segundo a administração, 1.339 pacientes se recuperaram da Covid-19.
Atualização: Texto alterado no sábado (16), às 10h48, para acrescentar os dados divulgados pela prefeitura depois da publicação deste texto;
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
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