APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

[email protected]

Agência de Jornalismo das periferias
Image

Passagem de ônibus na Grande São Paulo supera capitais e chega custar mais que 1 dólar

Felipe Barbosa/Agência Mural

Passada as eleições, mais de 20 cidades tiveram alta no valor das tarifas municipais; Embu das Artes registrou maior crescimento: 32,5%

Por: Felipe Barbosa | Paulo Talarico

Notícia

Publicado em 14.01.2025 | 8:15 | Alterado em 14.01.2025 | 12:06

Tempo de leitura: 4 min(s)

O operador logístico Alan Valerio, 40, trabalha em Embu das Artes, na Grande São Paulo, e pega diariamente o ônibus 02 (Jardim Tomé – Jardim Batista). Desde o fim do ano passado, fazer o trajeto com o transporte público ficou R$ 1,30 mais caro. A tarifa para as linhas municipais saiu de R$ 4 para R$ 5,30.

Valerio acha um absurdo ter que pagar um preço mais alto, pois o ônibus não tem possibilidades de integração e o tempo de espera é irregular. “Quando o ônibus passa, o motorista não espera. Assim como já fiquei mais de uma hora no ponto, já cheguei a voltar a pé do serviço por não ter ônibus.”

Localizada na região sudoeste da Grande São Paulo, Embu foi apenas uma das mais de 20 cidades que aumentou o preço da tarifa municipal. A alta na cidade foi a maior entre elas – 32%. Por outro lado, há ao menos seis cidades onde andar de ônibus chegou a R$ 6. A liderança é de Poá, onde desde o meio de 2024 a tarifa está R$ 6,30, acima do preço do dólar que após altas chegou a R$ 6,10 neste começo de ano.

O valor chama atenção para cidades que têm menos de 200 mil habitantes e que estão cobrando tarifas acima do que é visto em boa parte das capitais do Brasil. Apenas três capitais de estado cobram R$ 6 – Florianópolis (SC), Porto Velho (RO) e Curitiba (PR).

Chegaram ao valor de R$ 6, por exemplo, as cidades de Embu-Guaçu, município com apenas 67 mil habitantes. Ferraz de Vasconcelos e Suzano, no Alto Tietê, e Mauá e Ribeirão Pires, no ABC Paulista, completam a lista de quem chegou seis moedas de R$ 1 para uma viagem.

Os dados foram levantados pela Agência Mural com base no anúncio feito pelas gestões municipais, no acompanhamento de correspondentes que vivem nessas cidades e também do portal Diário do Transporte, especializado na cobertura de mobilidade urbana.

Moradores de Embu viram o preço da tarifa de ônibus saltar de R$ 4,00 para R$ 5,30 @Felipe Barbosa/Agência Mural

Grande parte das prefeituras anunciaram o reajuste no final do ano passado, ou depois das eleições. A única exceção foi Poá, que antes mesmo da corrida eleitoral, havia se tornado a tarifa mais cara da região metropolitana. Lá, no entanto, a ex-prefeita Marcia Bin não concorreu à reeleição.

Nas demais, gestores que estavam na disputa ou que tinham apoiado nomes para a sucessão deixaram a discussão para o fim do ano. Foi o caso de São Paulo.

Após congelar a tarifa desde 2020, o preço subiu para R$ 5 – R$ 0,60 a mais. As críticas sobre o aumento levaram até a protestos no começo do ano. Hoje, há 21 cidades na região metropolitana que cobram acima da capital, além do impacto com o reajuste do trem, metrô (R$ 5,20) e dos ônibus intermunicipais.

Algumas dessas cidades oferecem tarifas menores, caso haja o uso do cartão. É o caso de Osasco, onde quem utiliza o cartão paga R$ 5,30 em vez dos R$ 5,80.

“O objetivo é evitar o colapso do sistema e preservar o equilíbrio financeiro das prefeituras, que não possuem condições de subsidiar os custos operacionais das empresas concessionárias.”, afirmou em nota o Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana) ao anunciar a alta de Osasco e outras quatro cidades: Itapevi, Jandira, Barueri e Carapicuíba.

Em Embu, além da alta, moradores da cidade também estão lidando com o fim da gratuidade aos fins de semana e feriados, que haviam sido adotados pelo município desde dezembro de 2023.

A publicitária Caroline Salla, 34, trabalha na cidade de São Paulo e utilizava o ônibus 06 (Jardim Mimás – Jardim Pinheirinho) para ir ao supermercado aos sábados. Para ela, a mudança repentina foi um susto.

‘Qualquer aumento é um impacto para quem não tem dinheiro, mas quando é R$ 0,20, R$ 0,30 centavos, dá pra entender que tem a ver com repasse anual. Agora R$ 1,30 é um golpe muito duro’

Caroline, moradora de Embu das Artes

Para a social media Lucy Davyes, 28, a situação é ainda pior. A prestadora de serviço tem uma agência de marketing e precisa arcar com todas as despesas diretamente. “O aumento afeta todos os meus gastos mensais. Se tenho entregas ou preciso atender clientes presencialmente, tenho gastos a mais.”

A Secretaria de Mobilidade Urbana de Embu das Artes afirma que o reajuste na tarifa foi necessário devido ao aumento expressivo nos custos operacionais do transporte coletivo, como combustíveis e manutenção de frota.

De acordo com o órgão, o congelamento do valor em R$ 4 desde 2019 acumulou defasagens que comprometem a sustentabilidade do serviço.

Lucy Davyes mora no bairro Ressaca, no limite entre os municípios Embu das Artes, Itapecerica da Serra e Cotia, e utiliza o ônibus 05 (Ressaca/Caputera – Centro). Ela conta que o transporte sai superlotado pois costuma quebrar nos horários de pico, e que não é enviado outro no mesmo horário para seguir o trajeto.

A Secretaria de Mobilidade Urbana respondeu aos questionamentos sobre a superlotação e o tempo de espera. O órgão público diz que estão reavaliando as linhas e horários de maior demanda, com o objetivo de redistribuir a frota e reduzir os intervalos entre os ônibus. O processo gradativo de renovação da frota já foi iniciado.

receba o melhor da mural no seu e-mail

Felipe Barbosa

Jornalista e social media, motivado por boas histórias e ideias. Jovem de espírito sonhador, com um pé na área cultural. Correspondente de Embu das Artes desde 2023

Paulo Talarico

Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para [email protected]

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE