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Fotógrafos das periferias expõem cultura do reggae

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Por Matheus Oliveira | 19.10.2018

Publicado em 19.10.2018 | 14:08 | Alterado em 22.11.2021 | 16:39

RESUMO

Exposição apresenta trabalhos realizados sobre cultura do ritmo, suas origens e a relação com diversas regiões de São Paulo

Tempo de leitura: 3 min(s)

Para Renato Moraes, 40, o preconceito é o que impede o reggae de unir mais pessoas. “Não aceitam nossa aparência e fazem questão de evidenciar a maconha. Um elemento que faz parte da gigantesca cultura reggae, e é uma coisa particular.”

Fotógrafo e morador da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, ele é um dos integrantes da Reggae Expo Click. Desde 22 de agosto, fotografias feitas por Moraes e mais 11 fotógrafos trazem visões da cultura reggae em São Paulo. 

Esta é a segunda edição da exposição, montada na Galeria Olido, no centro da capital, com olhares de dentro do próprio cenário artístico.

O reggae é jamaicano e chegou ao Brasil por volta dos anos 1970. Nessa trajetória, o estilo musical teve influências nacionais, como os ritmos sertanejos do Nordeste. “O reggae foi mais conhecido em alguns momentos e em outros completamente esquecido pela sociedade por não aceitar o tipo de vivência, ou a própria aparência”,  ressalta Moraes.

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Uil Ribeiro dirigiu a exposição e fala sobre universo do reggae no Brasil (Divulgação)

Ele explica que a exposição busca dialogar com quem não conhece o movimento artístico e evidencia a presença do reggae nas periferias. As fotografias captam expressões como a mistura da religiosidade com resistência.

Rodrigo Torres, por exemplo, registra no Pico das Torres, em São Mateus, cerimônias rastafaris, um ato religioso em que há meditação e música com instrumentos de percussão.

Um dos elementos é a fotografia do Rei Haile Selassie. Segundo o fotógrafo a imagem do último imperador etíope, a encarnação de Jah para os rastafáris, com mãos humanas, simboliza a atuação divina por meio das ações terrenas. 

“É uma cultura africana, da Etiópia. A Jamaica meio que estruturou. Se a gente for ver por esse lado a gente está mantendo a cultura jamaicana e etíope”, completa Renato.

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“É um registro do que está acontecendo. Mostrar pra quem não estava presente, ou não conhece, a energia e a história. A cultura reggae precisa ser disseminada”, afirma a fotógrafa Mell Gonçalves, 31, moradora do Limão, na zona norte.

Na primeira exposição, apenas uma mulher participou. Desta vez Mell Gonçalves, Jennifer Silva e Camila Felix fazem parte da mostra. “Vejo a junção da força de todas. Acredito que este ano estamos mais empoderadas e os irmãos na divisão de boas vibrações”.

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Rei Haile Selassie, da Etiópia, um dos países que dá origem a cultura reggae (Rodrigo Torres)

Wesley Rodrigo, 33, é o curador da mostra. Natural do Jardim Colonial, no distrito de São Mateus, na zona leste de São Paulo, ele comenta outra face do cenário reggae. “A maioria do público é periférico. O reggae está crescendo e se profissionalizando. A exposição vem para documentar tudo isso”.

Essa soma de forças permite contrapor estereótipos. “A essência presente no reggae é o rastafari, onde usamos a maconha como erva de meditação”, relata Rodrigo Torres, que se dedica a registrar a força do dreadlock. “É uma fé muito particular, onde acreditamos que nós somos nossa igreja, e por isso devemos ser puros” explica.

Fotógrafo caçula da exposição e morador da Vila Santa Catarina, na zona sul, Caê Denda, 21, diz que o movimento reggae deve seguir sem perder a essência. “Vejo que no lado da música têm divisões com pensamentos diferentes. É mais questão de unir os conscientes e os que querem fazer com o propósito de dança e diversão”.

Além da mostra física, haverá shows de grupos de reggae e rap da quebrada. No sábado (27) rola uma tarde de autógrafo com os fotógrafos Jennifer Silva, Daniel Lopes, Luis Claudio e Marcos Passos, às 13h, na Galeria Olido. As bandas Odisseia das Flores e Indaíz se apresentam a partir das 17h30.

INFORMAÇÕES:

*Dia 27 de outubro
Tarde de autógrafos: Jennifer Silva, Daniel Lopes, Luis Claudio e Marcos Passos, às 13h
Shows: Odisseia das Flores e Indaíz, às 17h30
*Dia 24 de novembro
Tarde de autógrafos: Camila Felix, Shalon Adonai, Will Anjos e Elias RPS, às 13h
Shows: Jah Dartanhan e Denise D’Paula, às 17h30
*Dia 15 de dezembro
2º edição do Prêmio Reggae Expo Click, às 17h
Show: Mato Seco

SERVIÇO
#REC2018 2ª Reggae Expo Click
22 de agosto a 15 de dezembro de 2018
Centro Cultural Olido – Hall Olido
Av. São João, 473 – Centro, São Paulo
GRÁTIS – Classificação Livre / Tel. (11) 3331-0170

Matheus Souza é correspondente de São Matheus
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